O Sr. Presidente da Republica, dias atrás, demarcou-se do problema BPN por não ter quaisquer interesses nesse banco. E fez muito bem! Ontem, recebeu o Dr. Dias Loureiro e disse que acreditava na palavra do Dr. Dias Loureiro. E disse muito bem! O Dr. Constâncio, por sua vez, tinha dito anteontem que acreditava mais na palavra do Dr. Marta, seu vice-governador no Banco de Portugal. E também disse muito bem! Confuso? Nada disso, são questões de proximidade, há que defender os amigos! Eu, por exemplo, aí há uns 50 anos, também devo ter dado uma pisadela num calo ao Arnaldo, que terá dito uma asneira do tamanho da ponte sobre o Tejo e levou, por isso, umas reguadas da Dona Branca. Obviamente, convicta e verdadeiramente, direi até ao fim da vida que não tive nada a ver com o assunto mas ninguém ouvirá da minha boca que não andei com o Arnaldo na Escola Primária! Os amigos são verdadeiros e para as ocasiões!
Não é isto que verdadeiramente me preocupa. O que me preocupa é que notícias destas saem todos os dias e como me dá para comentar, algum dia, para mal dos meus e dos vossos pecados, o nosso blog http://www.blogger.com/ fica maior que a Enciclopédia Luso-Brasileira. Porque tudo isto me mergulha em profundas reflexões. Hoje, por exemplo, estou a lembrar-me da monarquia e por isso venho torrar a vossa paciência com o
ENSAIO SOBRE A MONARQUIA ou, parafraseando Saramago, O Ensaio Sobre a Nossa Cegueira.
Quando falamos de Monarquia, lembramo-nos logo do Rei e/ou do bigode do D. Duarte Pio. Nada de mais redutor! Os Reis e respectivos bigodes eram apenas “Primus inter pares”. O poder, em termos latos, estava nas mãos da nobreza, identificada com títulos como Duque, Conde ou Marquês.
No Século XIX, por necessidade de dinheiro fresco para o sistema funcionar, apareceu e foi profusamente usado, o título de Barão. Eram tantos e, a deduzir pela frase, tão maus, que Almeida Garrett escreveu “Foge cão que te fazem Barão”.
Mais próximo de nós, nos anos 80, o Professor Cavaco Silva afastou, dizem os jornais da época, os Barões do seu partido e os do Bloco Central, até aí vigente, acção corajosa e muito elogiada. E rodeou-se de emergentes e competentes quadros para a gestão do partido e do país, com os resultados que todos conhecem. Descobri hoje que criou, se calhar sem saber, um novo título nobiliárquico, o Baronete.
Os Baronetes do Bloco Central estão em todos os lados, nos Bancos, nas grandes Empresas Públicas, de Obras Públicas, de Serviços Estratégicos, nas grandes Câmaras Municipais, na Informação. Eu não acredito em “brujas, mas que las hay, hay!
Dirão os meus detractores: que falta de rigor histórico-científico! Não temos rei, elegemos um Presidente da República, não há as intrigas da corte no Palácio de Queluz!
Argumentarei que não era expectável que a Monarquia funcionasse, no Século XXI como no Século XVII. Hoje, elegemos, de entre um número reduzido de elemento oriundos e formados dentro do mesmo esquema nobiliárquico, um Presidente da Republica, que, como antes, deve ser impoluto, não ter interesses indefensáveis e merecer credibilidade do povo, o Terceiro Estado. Em suma, ser um “Primus inter pares”; as intrigas da corte são “sopradas” e tratadas até à intoxicação pelas redacções dos órgãos de informação; e o Palácio de Queluz é museu, para recordar a “continuidade” da Pátria. E existem muitos mais Doutores Joões das Regras para defenderem os argumentos jurídicos a favor e o seu contrário. E os Tribunais continuam a não poder fazer justiça nos territórios privativos e isentos dos “senhores”.
Também acho necessário actualizar Almeida Garrett, que diria hoje “Foge Zé Povinho alegrete que te fazem baronete”.
Bem avisados andaram alguns de nós que formaram um grupo gastronómico e um blog Real e Republicano. Andámos à frente do nosso tempo, mesmo que este seja assim pelas piores razões.
A parte final deste meu Ensaio deveria justificar o subtítulo que lhe atribuí, ENSAIO SOBRE A NOSSA CEGUEIRA, mas isso já é convosco.
Francisco Costa Duarte
PS - Isto de escrever a jacto tem os seus inconvenientes. No meu post acima cometi uma injustiça por me ter esquecido de um pormenor: No Século XIX os Barões davam dinheiro ao sistema e por isso recebiam os títulos. No nosso Século XXI, os baronetes são principescamente remunerados pelo sistema por terem os títulos. É uma diferença importante!
Aqui fica a rectificação.
Francisco Costa Duarte
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