sexta-feira, 4 de julho de 2008

"Estórias" à Arnaldo

Dando continuidade às “estórias” de taitianos “ilustres” (“ilustres” significa todos os taitianos, sub-grupos de taitianos, Silvas, Abílios, Bispos e Violantes, namorados/as de taitianos, rebentos e afins – segundo as últimas estatísticas de Bruxelas, entre 150 a 250 caramelos), venho hoje com uma “estória” com o Arnaldo.

Como nota introdutória, peço-vos que façam o favor de me travar, com a vossa avisada crítica, nas “estórias” com aquele gajo: é que no pré-alinhamento das minhas memórias – 9 volumes de 500 páginas – este gajo ocupa, pelo menos, 2 volumes e meio e o meu editor já me avisou que, ou ele chega a 1º Ministro – o que eu acho altamente improvável – ou tenho de fazer cortes para não destruir o equilíbrio editorial e de Marketing.

Acontece que num ano já longínquo, eu e família tínhamos uma semana e meia de férias no início de Setembro e resolvemos ir até Vila Nova de Milfontes. O Arnaldo logo se juntou: “porra, só tenho férias na semana seguinte à vossa, mas também me apetece praia”!

Vai daí, arrancámos numa sexta-feira e, em plena noite, em Sines, vemos que o paquete Infante D. Henrique, que então servia de hotel, estava à nossa esquerda em vez de estar à nossa direita! Quem vai para Sul, em Portugal, tem sempre o mar à direita, porra! O que representava que o piloto, o Arnaldo, e o navegador, eu, estavam a andar para Lisboa outra vez. Se o Vasco da Gama fosse tão desorientado, tinha descoberto Cuba e o Fidel de Castro, em vez da Índia. Hoje teríamos descontos nos resorts das Caraíbas, vejam lá os acidentes da História.

Corrigida a situação lá acampámos em Vila Nova de Milfontes e tivemos um excelente dia de praia no Sábado. No dia seguinte, domingo, resolvemos ir até Lagos! 30 km depois de sairmos o piloto Arnaldo, na sua Limusine Renault 4, disse, dramaticamente, que se esquecera dos documentos do carro, da carta, etc. mas que não havia problema, porque se aparecesse a GNR, entregávamos o meu filhote Hugo, então com 3 ou 4 anos, como garantia! Quem não achou piada, com razão, foi o Hugo que, em grande tensão, perguntava, constantemente, se a GNR ía aparecer. Por isso é que estou a ponderar, seriamente, não pagar ao Arnaldo o almoço que lhe devo para pagar ao Hugo os danos morais sofridos.

O Arnaldo voltou para Lisboa – deixando-nos gozar uma calma semana de praia – e voltou no Sábado seguinte para uma bela manhã que era suposto prolongar-se pelos 4 dias seguintes. Mas, pela 11 horas, diz-me, com ar inocente, que tinha de voltar a Lisboa. E lá voltámos, almoçando, de caminho, um bom peixinho em S.Torpes. Às 6 da tarde apanhou o comboio para França, para ir para as vindimas de Bordéus.

Li, depois, que esse ano tinha sido a pior colheita de Bordéus dos últimos anos e ainda hoje penso que houve mãozinha do Arnaldo nisso. Aliás confirmado com o partir de uma garrafa (a garrafa deve ter-se recusado a acompanhar o personagem) na sua mochila que lhe lixou a roupa toda. (Posso garantir a veracidade mas não posso garantir se foi na mesma altura mas depois de Einstein, o tempo e o espaço são relativos e não têm, assim tanta importância para a “estória”).

Moral da “estória”: OS TAITIANOS,

- JUNTAMENTE COM O MANUEL ALEGRE E O SOUSA TAVARES, SÃO OS ULTIMOS REPRESENTANTES DOS HERÓICOS NAVEGADORES PORTUGUESES DE ANTANHO POR AINDA SABEREM ONDE FICA O SUL, O EQUADOR E OS RESORTS DA REPUBLICA DOMINICANA; E

- NÃO POR CONVICÇÃO (DEUS NOS LIVRE) MAS POR SOLIDARIEDADE COM OS RESTANTES PORTUGUESES, AJUDAM, HUMILDE, ORGULHOSAMENTE E CONTRA VONTADE, A BAIXAR AS ESTATÍSTICAS DA UNIÃO EUROPEIA.

Um abraço do
Francisco Costa Duarte

1 comentário:

Anónimo disse...

Ó Chico
lembro-me perfeitatamente desse desencontro geográfico. Mas cá para mim, continuo a pensar que não íamos enganados. O que se passou é que num país onde até os porcos voam, alguém pôs o Infante D. Henrique do lado errado da estrada. Uma coisa é certa: apesar desse percalço geográfico conseguimos chegar a Mil Fontes. O Hugo, coitado, é que pagou as favas. Se fosse hoje teria sido levado a tribunal por violência contra a criancinha.
Já agora, sobre Bordéus sempre te preciso melhor o sítio. Nesse ano fui dar a sítio chamado St. Emilion. Trata-se de uma aldeola giríssima e perfeitamente conservada onde bebi um dos melhores vinhos de França. Coisas que aliás recomendo vivamente a quem for para as bandas de Libourne (Bordéus).