Ao receber um e-mail do nosso amigo Artur, lembrei-me de uma estória taitiana com o dito, que eu, como sabem, sou um chato provocador e de boa memória.
Conheço o Artur, tal como os outros taitianos e afins, há muitos anos (aliás, creio que o taitiano que conheço há menos tempo é a minha filha Mafalda). Então, há muitos, muitos anos, o Artur estudava na Faculdade de Letras e trabalhava na Lusa (creio que, na altura, se chamava ANOP).
O Artur já era, na época, um homem informado e o seu trabalho era, principalmente, traduzir e adaptar pequenas mas importantes notícias, do género “A senhora Margaret Whitehouse, de 83 anos, deixou, por pequeno descuido, cair o seu gato, de nome Pussycat, de 3 anos e meio, do 7º andar da sua habitação, em Shirley, West Midlands. A referida senhora contou ao Daily Mirror que o seu querido gatinho, depois de várias manobras acrobáticas, aterrou na via pública nas suas quatro patas, saindo ileso do triste incidente. A senhora Whitehouse, no entanto, mostrou a sua estranheza por o gato, actualmente, não a deixar aproximar-se a menos de 10 metros, miando ameaçadoramente, arquendo o dorso com o pelo em pé e mostrando as lindas unhas das suas patas, concluindo que isso se deverá a querer repetir a experiência a partir do 12º andar, para mais adrenalina”.
A Lusa, com muito lucro, vendia estas notícias aos jornais para estes taparem os buracos em branco na composição do jornal motivados pelos cortes da Censura.
Já imaginaram o que seria hoje um investigador, ao ler os jornais da época, encontrar buracos em branco na capa do jornal? Concluiria, porque já nem sabe que havia Censura, que se tratava de incúria e incompetência dos jornalistas de então! E isto só não acontece devido ao trabalho abnegado e competente do nosso Artur! Só por isto o Artur merecia um busto no Sindicato dos Jornalistas!
Há imensas injustiças na História da Humanidade. Por exemplo: toda a gente fala do Requiem de Mozart, que não o completou – embora por uma boa razão, morreu antes - tendo sido um seu discípulo que o terminou. No entanto, ninguém sabe, nem eu, o nome desse discípulo!
É essa a razão deste texto e a moral da estória: o mérito de terem um bom aspecto gráfico e estético e darem boa informação, em vez de brancas, não é dos jornais! É do nosso Artur! Aqui fica o meu testemunho para repor a verdade e ficar para memória futura!
Francisco Costa Duarte
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1 comentário:
Disse-me o Artur em e-mail (malandro, põe no blog!): "Olá Chico,
teres uma história daquelas, só pode ter sido no tempo da ANI. Realmente, às vezes saíam coisas desse género, mas mesmo assim davam-se notícias. A ANOP só surgiu depois do 25 de Abril e nessa altura já tinha emigrado da nossa Taiti para outras águas.
Artur"
O Artur rectificou e bem. Acho que o essencial da estória não se altera: A minha memória é que é de galinha (como me esqueci da ANI?), embora, espero, não de aviário, que não tem memória nenhuma.
O Artur diz, outra vez bem, que "tinha já emigrado para outras águas"! Grande Artur, esse é o grande destino dos Taitianos!
Francisco Costa Duarte
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