terça-feira, 16 de setembro de 2008

Combustíveis e seus preços

Há umas semanas atrás apelei, como milhares de portugueses, ao boicote à Galp por achar que a sua política de preços dos combustíveis era prejudicial aos portugueses e visava lucros ilícitos. Pessoalmente, cumpri, e continuo a cumprir, este boicote.

Nesse momento, o preço do crude subia desmesuradamente nos mercados mundiais e, apesar de não se reflectirem de imediato nos custos das petrolíferas e da Galp em particular, o seu aumento de preço de venda era imediato, prejudicando os consumidores seus clientes e gerando lucros excepcionais (especulativos, digo eu).

Entretanto,

- o governo determinou a criação de um imposto excepcional sobre os tais lucros excepcionais de aproveitamento (ilícitos, digo eu,) da conjuntura;

- o Sr. Presidente da Galp reagiu, considerando o imposto injusto mas afirmando que a Galp não teria baixa de lucros por isso porque tinha provisões anteriores para fazer face a tal eventualidade (o que, salvo melhor opinião, é um reconhecimento da especulação);

- e, salvando, assim, se não estou a ver mal, o seu chorudo prémio anual de alcançar os objectivos de lucros da Empresa, como acontece em algumas, poucas, Empresas, monopolistas ou escandalosamente dominantes. O referido prémio para as Administrações, pelos valores envolvidos, normalmente ofendem os portugueses normais mas não sou eu que digo, são os jornais.

- o Sr. Presidente da Galp, mostrou-se, então, muito ofendido, alegando que, nesta campanha de boicote promovida por milhares de portugueses, lhe tinham chamado nomes feios, como aldrabão e outros piores;

Pela parte que me toca, nunca lhe chamei esses nomes feios por duas razões: primeiro por uma questão de educação minha; depois porque, com a justiça que temos, não estou seguro do julgamento justo da liberdade de opinião e suas razões. Mas, para ser honesto, devo confessar que, em relação à sua pessoa e à sua conduta, também pensei em nomes feios! E só porque ainda acredito que a liberdade de pensamento é garantida em Portugal, senão nem me atreveria a pensar!

A conjuntura entretanto mudou, o petróleo está a descer, todos os dias, nos mercados mundiais mas os preços dos combustíveis na Galp não descem à mesma velocidade com que subiram (até o Ministro da Economia já apelou à baixa do preço dos produtos Galp), não estando a Empresa a comprovar a filosofia anterior do Sr. Presidente, que, agora argumenta que a razão são os tornados no Texas que irão aumentar os preços!

O Sr. Presidente da Galp inventou uma nova forma de gestão: a Gestão Tarot, lançam-se as cartas e antecipa-se o futuro, por mais especulativo que seja!

Sr. Presidente da Galp: continuarei a não lhe chamar nomes feios por uma questão de educação mas está a dar-me razões para os pensar ainda com mais actualidade. Se eu fosse accionista da Galp e/ou seu amigo, poderia dar-lhe um conselho honesto: demita-se, está a prejudicar a Empresa para quem trabalha ao destruir a confiança dos seus clientes! Aos accionistas da Empresa diria: defendam a vossa Empresa e demitam o Sr. Presidente, sem lhe pagarem as indemnizações chorudas de que falam os jornais e que deixaram de ser vergonha nacional para se tornarem escândalo internacional. E se acreditarem que a gestão Tarot é aplicável, contratem a astróloga Maya que será, de certeza, mais competente que o Sr. Presidente!
Infelizmente, não tenho essa influência e esse poder! Só posso continuar a manter o meu boicote particular à Galp e apelar aos meus correspondentes que sigam o meu exemplo. Os eventuais prejuízos causados, no entanto, não são, como é evidente, da minha responsabilidade mas da Galp e/ou da política seguida pelo seu Presidente.

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