segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sócrates em cima da hora

Amigos,

Há muito pouco tempo transmiti-vos a minha opinião sobre o nosso Primeiro-Ministro: disse então que José Sócrates, nos últimos anos, era o pior 1º Ministro exceptuando todos os outros e, especialmente, que na hipótese improvável de eu vir a ter uma grande empresa, não me escapava como meu Director de Marketing por ser um notável vendedor.

Pensava eu, então, que tinha feito o maior elogio que me era possível sobre a figura, por mera comparação, já que, como vos tenho dito, não gosto do seu estilo pessoal, não gosto de algumas das suas políticas e, acima disso, não gosto do seu modo de as aplicar. E, ainda mais acima disso, não consigo "engolir" o apoio ao BPP (o banco gestor das fortunas dos ricos, sem explicação das razões, para mim muito mais controversas que o BPN das, dizem os jornais, ilegalidades).

Mas José Sócrates não pára de me surpreender! Hoje foi notícia a apresentação de uma sua moção em que defende uma maior justiça fiscal, em benefício da classe média versus os ricos, e a Regionalização! Com base em diferentes e mais favoráveis deduções para a classe média e 5 regiões, obviamente as CCR actuais. Alguém discorda?

Eu, por mim, não tenho nada contra, longe de mim! Claro que poderia ser negativo: estando há muitos anos no governo, nos últimos três anos, três, como 1º Ministro, porquê só agora se lembra da classe média, por conta de outros ou a recibos verdes (a que paga os impostos, a Segurança Social, o consumo, as auto-estradas, o estacionamento, as rotundas das Câmaras, se endivida, a si e aos filhos, para assegurar os lucros dos bancos, dos construtores civis, a ineficiência da Função Pública e da Justiça)? Onde estava no seu Orçamento Geral do Estado, publicado há um mês? E o que é a tal Regionalização? Desenvolver o Interior, depois de fechar os, poucos, serviços lá existentes? Acotevelar, como tem sido feito, ainda mais portugueses na faixa litoral entre Setúbal e Braga, com casas cada vez piores, mais caras e mais encaixotadas e mais filas de estacionamento no IC19 ou A5 a 1 euro o litro (7 dos 10 milhões de portugueses)? E o Estado pagar a tempo à Economia Real? Só agora descobriu que é um dos factores que distorce a saúde da Economia? Sobre esta, vejam a nota no final do presente.

Mas não vou ser negativo. Muito Bem, está no sentido certo! Nem aconselho os meus amigos a fazerem as contas do que, efectivamente em Euros, representa a diferenciação das deduções entre quem ganha 10 mil euros/ano e quem ganha 100 mil euros/ano. São "peanuts" mas que fazem jeito a quem tem de contar os cêntimos! Adiante!

O Sócrates, filósofo grego de há 2500 anos, ainda hoje nos faz cócegas por ter ser sido obrigado a envenenar-se por corromper a juventude. Dentro de 2500 anos ninguém se vai lembrar do nosso actual Sócrates, mesmo que tenha corrompido a juventude, a idade adulta e a velhice. E nós já não estaremos cá e por isso que se lixe!

Por tudo isto é que eu não retiro uma palavra do que disse: José Sócrates é o melhor 1º Ministro exceptuando todos os outros mesmo que eu não confie nele. Mas como meu futuro Director de Marketing e Vendas, duplico-lhe, desde já, o ordenado: depois disto já nem preciso produto para a minha hipotética empresa ter sucesso!

Francisco Costa Duarte

PS - por razões meramente técnicas (e PS quer dizer "post scriptum", nada de confusões partidárias). Um amigo, especialista do assunto, disse-me o que eu desconfiava há muito (afinal, na tropa, também pratiquei um pouco da contabilidade estatal): não há razão legal para o Estado, Câmaras Municipais, etc. não pagarem a tempo aos seus fornecedores porque qualquer despesa, antes de efectuada, tem de ter cabimento orçamental. Isto é, quando é pago a um ano, como é frequente, com prejuízo sério para as empresas em que muitos de vós trabalham, é porque um funcionário qualquer não fez o que devia em devido tempo ou, pior, um pseudo-responsável desviou na Tesouraria a verba para outras coisas. Se não for assim elucidem-me e, já agora, ao Tribunal de Contas, que anda sempre às voltas com isto. E desculpem este meu desvio no sentido do rigor que, admito, não será frequente ou tido como necessário.

A Ponte

Amigos,

Deu-me para fazer um intervalo no meu estado desiludido/triste/depressivo, face à crise que vivemos e a já não poder ouvir falar do “Freeport”. Que eu acho que se deve falar, mas com menos palavras e mais factos, mesmo que mais negros para os responsáveis. Para que não passemos a ser o país deprimente dos muitos “F’s”, em vez dos três “F’s” tradicionais: Fado, Fátima e Futebol. Haverá, para nossa desgraça, que juntar Freeport, Feios, Ferreiras Leite e, já agora, Fracos e Frios, face aos Fortes na corrupção e na falta de valores e no Fraco Futuro dos nossos Filhos?

Ainda pensei em abolir o “F” do meu vocabulário – os romanos não tinham o W, o Y, o K, o J, o U, e foram a maior civilização ocidental por centenas de anos - mas desisti. Como passaria a chamar aos Franciscos que eu, os santos Xavier e de Assis e o Louçã, somos? Ou como esperaria o Futuro, ou a Felicidade, que aguardo? E, quando estivesse chateado, como descarregaria o Fígado com uma asneira tipo F*…-se” ou me desculparia com Frustrado?

Daí que, nesta pausa, me desse para esquecer os “F’s” e ver um Filme: A Ponte do Rio Kwai, que deu, há pouco, no Canal Hollywood. Não sou um cinéfilo, mas já vi este filme antigo umas 4 ou 5 vezes. E assobiei, muitas vezes, o hino da sua Banda Sonora! Mas tenho que confessar que, do princípio ao fim, só o vi quando era adolescente, então com outros olhos, e hoje. Isto é, apesar de tudo, estou em melhor posição para me armar em crítico de cinema que os muitos que vejo debitar comentários ao cinema nos jornais. Se tiverem paciência para me acompanhar vejam como eu faço a crítica do filme a exemplo dos críticos encartados.

O filme retrata, numa situação de guerra, um choque de mentalidades e de modo de ver a vida: os militares ingleses, com o seu sentido de disciplina, de dever, de honra individual, de capacidade de sofrimento, de ideal, de construir o futuro (colonial?); os militares japoneses, com, ainda mais fortes e mesmo que pensemos idiotas, o seu sentido de disciplina, de dever, de honra individual, de capacidade de sofrimento, de ideal, de construir o futuro, que nem sabem qual é; o americano, perdido, aldrabão e sem ideais, com o seu sentido de desenrascanço individual, cinismo e os outros que se lixem (onde é que já vi isto?).

Eu aprendi muito ao longo da vida, para o bem e para o mal, com a visão de vida dos ingleses: o seu pragmatismo, o seu sentido prático, a sua sensatez, o seu orgulho nacional. Também aprendi, com a História, que a sua não sujeição ao poder da Igreja centralizada e reaccionária e aos poderes globais/mundiais instituídos, que são, sempre, arrogantes mas não são eternos, foi um factor de desenvolvimento da civilização ocidental! Aprenderam, mas só no Séc. XVI, a tecnologia do mar, “pirateando-a” dos portugueses e espanhóis, que a não souberam desenvolver! Mas inventaram, também, a “revolução industrial”! Com todos os “crimes” inerentes (trabalho infantil e adulto quase escravo, denunciados por um senhor inglês chamado Charles Dickens)! E construíram um Império, baseado na sua liderança, disciplina e mentalidade, racista e sem misturas, mas que levava em conta a educação, ainda que separada, para as culturas dominadas. Mantendo, mesmo sem razão, um orgulho idiota e um egocentrismo vesgo de ilhéus.

Como pífio crítico de cinema, tenho a vantagem de fazer a crítica do filme com distância no tempo: hoje, a mentalidade inglesa já não vale o mesmo: a um grande Churchill, conservador e imperialista, sucederam a falência, derivada da dignidade de resistir ao nazismo, e os “saudosistas imperiais” fora de tempo, como Thatcher ou os “renovadores” como Blair. E a mentalidade japonesa também já não é, e nunca foi, tão idiota e incompetente como parecia no filme em análise, feito por ocidentais: qualquer Toyota ou Honda, ensina, hoje, à indústria inglesa como se faz um automóvel de qualidade (como diria um engenheiro inglês, de nome Scattergood, que trabalhou comigo, os ingleses escreveram todos os livros sobre a industria mas não os leram). A mentalidade americana não terá mudado muito: hoje assim, amanhã o contrário, desde que os nossos americanos interesses se mantenham (hoje, armas para os talibans, Bin Laden e Hussein, amanhã, morte aos talibans, Bin Laden e Hussein, que são os agentes do “mal”! Afinal, o que é o “mal” para os americanos? Mesmo a sua fábrica de propaganda mais conseguida, Hollywood, o que tem de melhor é inglês (Charlot, Hitchcock, Elisabeth Taylor, R. Burton, Peter O'Toole, Laurence Olivier, entre muitos outros).

Uma palavra sobre personagens e actores, por ordem do casting: o americano aldrabão é William Holden, um “canastrão” que me dá saudades quando vejo os Stallones/Rambos posteriores (que matam tudo o que mexe em nome dos “valores” patrióticos e de camaradagem) ou os Bruce Willis (que matam tudo o que mexe em nome de que não sei que “valores” e têm tempo e estômago, entre mortes, de fazer humor cretino); o coronel inglês prisioneiro de si próprio, dos japoneses, da dignidade e do futuro, é Alec Guiness, um actor inglês espantoso, como em muitos outros filmes, que merece um Óscar póstumo já); o coronel japonês, que marca uma personagem dilacerada entre a obediência e a sua consciência, que não sei quem interpreta (um Óscar para melhor actor secundário, já); as meninas asiáticas, heróicas e resistentes, que, certamente copiadas de um qualquer bordel de Las Vegas, não deveriam ser tão dengosas mas mais parecidas com as mulheres resistentes do Vietname, que os americanos tiveram ocasião de conhecer posteriormente!

Em conclusão, mesmo com as eventuais fragilidades, trata-se de um filme clássico, digno de fazer parte de uma boa colecção da história do cinema.

Dirão vocês: numa altura destas, de crise financeira, económica, social, cultural e de valores, na sociedade portuguesa, vem este tipo fazer uma crítica foleirosa a um filme dos anos 50 ou 60! O que é que isto contribui para a nossa felicidade actual (lá está, outra vez, o sacana do “F”)? Este gajo pifou de vez!

Respondo: como são meus amigos, façam o favor de pensar que estou em vias de pifar mas ainda “não pifei de vez”! Neste filme dá para ver, digo eu, que exigência, esperança e capacidade de sofrimento andam lado a lado. É que continuo a ver os portugueses a lamentarem-se e assobiarem para o lado, mesmo sem terem uma boa música como a da “Ponte do Rio Kwai”, para assobiarem! E a enganarem os jovens filhos com um futuro que não estão a construir, nem a exigir que eles ajudem a construir (desculpem a dureza das palavras)! É que, enquanto vos escrevo isto, estou a ouvir o “Prós e Contras”, um filme com um mau argumento que já vi e ouvi mais vezes que a “Ponte do Rio Kwai”, sem grandes resultados, porque não mostra, nunca, como se constroi qualquer ponte, para o presente ou para o futuro e que não ficará em nenhuma colecção! Sem falar nos maus actores que vemos sempre: mesmo em Hollywood fariam acabar com os Óscares por falta de qualidade!
Francisco Costa Duarte

As crises e a língua portuguesa

Amigos,

Acredito que alguns de vós levem um pouco em conta (??, eterna dúvida) as minhas humildes opiniões sobre a realidade que nos cerca. Não posso desiludir-vos e aqui estou.

A realidade que hoje nos cerca é o caso Freeport e o suposto (dizem os jornais) suspeito de corrupção José Sócrates. Mas, ai, Jesus, não quero ir por aí! Não há provas contra José Sócrates e eu aprendi, em Direito, há muitos anos, que toda a gente é inocente até se provar que o não é. Claro que José Sócrates também tem de provar que é uma cabala política contra ele, que a Justiça, é suposto, é para todos.

Até porque, nestas situações, misturamos tudo, a parte pessoal com a parte política, a responsabilidade ética com a parte legal e tendemos a ser levados por razões emocionais: quem não gosta da figura, esta ou outra, por razões pessoais, acha que “ele” devia ser preso e quem pensa que a figura, esta ou outra, é o salvador da Pátria acha que “ele” devia ser entronizado como herói. Eu assumo que não gosto do “carapau corridismo” e do “convencimento da verdade no bolso” do nosso 1º ministro mas também acho que Sócrates é o pior 1º Ministro dos últimos anos com excepção de todos os outros. Eu, até ver, trato o assunto com pinças.

Dir-me-ão: há coisas estranhas. Efectivamente, há coisas estranhas! Azar meu, a burocracia nunca decide rapidamente nos meus pequeníssimos interesses, como agora parece que aconteceu! Mas tenho tantas informações que me dizem que aconteceu em tantos governos em fim de mandato: vejam os Diários da Republica publicados em diversos Fevereiros com Decretos-Lei com data de Dezembro, em muitos governos anteriores. Se fosse ilegal as prisões estavam cheias. Acontece que o "legal" nem sempre é o correcto!

Na minha família, pequena burguesia remediada de Lisboa, daquelas dos filmes do Vasco Santana e António Silva, quando a província era dos pobres agricultores que morriam de fome, não consegui descobrir um tio promotor com uma excelente moradia em Cascais. E mesmo que tivesse um tio desses, garanto-vos que não faria tráfico de influências porque, estúpido que eu sou, não saberia, nem sei, como se faz. Nem, com o meu bom ordenado, consegui um andar nas zonas nobres de Lisboa ou um carro de topo de gama, como é público que aconteceu com muitas figuras. E estou aberto a que, portugueses ou ingleses, vejam as minhas contas bancárias para verem como estou falido, como muitos portugueses, na esperança que me nacionalizem ou me ajudem, como ao BPN ou BPP. Nada disto, porém, me leva a acusar alguém! Quanto muito, acuso-me a mim próprio por não saber como é estar à mesa do Orçamento.

Por tudo isto me parecer um pântano (Guterrez dixit), deixo para a Justiça a questão Freeport e aconselho-vos a não entrarem nela, crucificando pessoas quando não há públicas provas, por muito estranho que tudo pareça. E a não confundirem ética, honestidade e verdade, que é suposto serem “puras”, com política, que se diz, “vox populi” ser “suja”. “Em política o que parece é” (Salazar) e não me obriguem a ir à procura de citações de Maquiavel. A escolha e o discernir situações é convosco.

Daí que me apeteça, hoje, para não me meter em alhadas e em nome da Cultura e do Conhecimento, que subsistirão depois destes pequenos incidentes históricos, falar-vos da língua portuguesa. Para minha e vossa sanidade mental. Dá para ver que não tem qualquer ligação com a realidade que nos cerca!

Vamos, pois, à língua portuguesa!

Definições (Dicionário Internet Priberam):
Corrupção: do Latim Corruptione: acto ou efeito de corromper; podridão; decomposição; putrefacção; figurativo: devassidão; adulteração; suborno; prevaricação.
Corruptela: do Latim corruptela: aquilo que corrompe ou é corrompido; palavra ou locução erradamente escrita ou pronunciada.
Conivente: do Latim connivente: cúmplice; culpado; conluiado; mancomunado; que finge não ver ou não perceber o mal que outrem pratica.
Economia: do Latim oeconomia < Gr. oikonomía, governo de casa: ciência que tem por objecto o conhecimento dos fenómenos respeitantes à produção, distribuição e consumo de bens e serviços de uma sociedade; actividade, vida, sistema económico; modo de administrar ou governar, gastando pouco; parcimónia no gastar; harmonia existente entre as várias funções de um organismo vivo; figurativo: sobriedade; parcimónia, moderação; (no plural.) dinheiro poupado. Dirigida: política económica e financeira na qual o Estado assume o controle dos mecanismos económicos, de um modo provisório, conservando os quadros do sistema e da sociedade capitalista; economias de escala: redução do custo unitário de um produto, provocada por um aumento do volume de produção ou da dimensão da própria empresa; de mercado: sistema económico que incentiva a detenção privada dos meios de produção e que se organiza pelos mecanismos que regem a oferta e a procura e o sistema de preços; planificada: sistema económico no qual a utilização dos recursos é planeada e controlada pelo Estado; política: ciência que trata da produção, circulação, distribuição, aproveitamento e consumo das riquezas; rural: ciência que trata do melhor aproveitamento do solo;
E mais não digo senão que, nos tempos actuais, os dicionários precisam de actualização urgente: já não se fala por exemplo, de Economia apenas mas também de Economia Real (a que produz). Há que distinguir os que a promovem. Os outros são os que promovem a crise:

Crise: do Latim crise < Gr. Krísis alteração para melhor ou para pior no curso de uma doença; ataque, acometimento, acidente; momento perigoso ou decisivo de um negócio; perturbação que altera o curso ordinário das coisas; situação de um governo que encontra dificuldades muito graves em se manter no poder; moral: luta interior entre dois sentimentos; ministerial: espaço de tempo entre a queda de um ministério e a constituição de outro que lhe sucede;

Espero que vos seja útil.

Um abraço do

Francisco Costa Duarte

A crise no "Prós e Contras"

Amigos,

Como sempre procuro estar atento ao que me cerca e o programa "Prós e Contras", mesmo que muitas vezes seja mais do mesmo, é incontornável do ponto de vista de informação televisiva, porque é menos mau que a informação dos telejornais, que dão todo o tempo de antena às tricas partidárias e aos "carapaus de corrida", aos "calimeros", ricos ou pseudo-miseráveis, para contra balançar, às "broncas" e "bronquinhas", sem as investigar ou mostrar as razões e sem ajudar a distinguir dificuldade real de aproveitamento, má gestão, desonestidade ou corrupção real ou moral.

O programa de hoje é sobre a famigerada crise, e no momento em que escrevo estas linhas, o programa está a meio e tem sido um debate morno, com opiniões mais ou menos razoáveis sobre a situação económica e social actual. Mas, como talvez seja inevitável, não estão representadas as opiniões de muitos outros interessados, alguns dos quais, normalmente os mais fracos, que sofrem na pele a crise, a pagam e cujos filhos continuarão a pagar, em salários indignos e em impostos excessivos para alimentar improdutividades e vaidades, sentados à mesa do Orçamento. Não está no programa nenhum
desempregado para explicar o seu drama, nenhum falso "recibo verde" para demonstrar a sua revolta. Mas também nenhum "hábil" especulador, que não paga impostos e usa "off-shores", para ficarmos a saber como fazem para viverem tão bem, nem nenhum político, que ganha pouco (ou ex-político colocado pelos amigos a ganhar muito, tanto faz) como consegue ter casas, carros e reformas topo de gama, para nós aprendermos como devemos fazer para contribuirmos para o "progresso" do país. Igualmente não estão representados os "incompetentes", que toda a gente diz e sente que são muitos, porque todos se afirmam competentíssimos. E também não vejo representantes de empresários, ministros, autarcas, futebolistas, jet 6, etc. que têm excelentes carros e não os bons carros da Auto Europa, que dá emprego em Portugal, nem dos portugueses remediados e altamente endividados que mudam de telemóvel em cada modelo novo, dando emprego à Finlândia! Eu gostaria de saber quem são para ir bisbilhotar os seus caixotes de lixo!
Nem vi representante dos advogados que, com recursos constantes, empresas-fantasmas e outros esquemas legais, bloqueiam a Justiça, onde só o fraco sem dinheiro é condenado.

E, "last but not the least", não está lá a minha opinião! Como sou um pouco previligiado, ainda vos posso passar a minha através do presente mas há muitos mais que nem isso podem fazer. Então deixem-me dar-vos a minha opinião com uma imagem: imaginem, com grande esforço de imaginação vossa para treinarem os neurónios, que:

- havia um navio de cruzeiros que se chamava "Economia";

- cuja tripulação que, dirigia o navio (comandante, oficiais, etc.) eram os políticos, grandes empresários, bancários, comentadores, etc. que todos os dias nos atanasam);

- cujos passageiros/clientes do cruzeiro, que o pagaram, eram pequenos comerciantes, operários e empregados por conta de outrem, falsos "recibos verdes", reformados, pequenos agricultores (concordo que é necessário um grande esforço de imaginação para aceitarem que eram passageiros de cruzeiros mas façam-me o favor de o considerar, mesmo que fiquem com a cabeça a doer);

- o navio começava a afundar, nas Caraíbas, vitima do furacão "Crise".

As boas normas de Emergência e Protecção Civil, nestas circunstâncias, só podem dizer: Srs. passageiros: para todos nos salvarmos, obedeçam à tripulação, a uma só voz, que vos orientará para a melhor solução possível. Este furacão "Crise" era imprevisível e, amanhã, vamos melhorar o barco. Tenham esperança que este barco vai ser um "enorme Portugal".

E está certa a estratégia, "em tempo de guerra não se limpam armas"! Isto salvaria muitas vidas! Mas, (o mas é sempre a pôrra): "Quando tudo o que pode correr mal...corre mesmo mal, tudo vai correr mal" (Lei de Murphy nº 4); "Quem vigia os "Vigilantes"? (interrogação do cartoonista Moore). Os "passageiros" vão aceitar as indicações da "tripulação"? Não, digo eu, porque já não confiam na "tripulação"! Porque

- o governo saiu com um Orçamento onde tudo estava no melhor dos mundos e teve de o corrigir 13 dias (13 dias!) depois; e sempre nos "vendeu", nos anos gordos, crescimentos inferiores aos da média da Europa como "excelentes". Os governos anteriores permitiram estádios de futebol e auto-estradas, que não servem para nada, e verbas da Europa para formação e agricultura que acabaram em jipes e fortunas instantâneas.

- a crise era imprevisível, dizem (costas largas). Era? Quando não há dinheiro senão de endividamento, nem filhos para manter a população na classe média nem, sequer, sítio para circular ou estacionar, acreditavamos que o mercado automóvel iria crescer 10% ao ano? Ou que quando um português já obtinha crédito para pagar a sua casa, a preços especulativos, a 50 anos (50 anos!) e os bancos cresciam os lucros a 45% ao ano, achávamos sustentável? Que anjinhos que somos! O Governo não pensou nisso? E a oposição de Direita combate hoje, se calhar com razão, o TGV, quando defendeu, há 5 anos, a rede em H, que me deu esperança de ter o TGV à minha porta? E a oposição de Esquerda, que defende na rua os que têm emprego previligiado e nada fez para defender quem tem emprego precário ou não tem emprego? A diferença entre político e estadista é que o primeiro vê a próxima eleição, o segundo vê a próxima geração! É evidente que temos demasiados políticos e deficit de estadistas!

- os grandes empresários, que aceitaram uma melhoria miserável no salário minímo nas negociações, se recusam, quando chega a altura de o pagar, de o fazerem. Destruindo o pouco poder de compra dos seus próprios clientes!

- os bancários, que sempre quiseram menos estado para aumentarem os lucros mas que quando corre mal reivindicam sentarem-se, ainda mais vezes, à mesa do Orçamento, que todos os portugueses pagam!

- os comentadores, que comentam tudo e mais alguma coisa, no dia seguinte dizem o contrário sem ninguém os responsabilizar!

No debate morno do "Prós e Contras" quando o economista Nogueira Leite, concordando até com a política do governo, disse que era importante o Estado auxiliar o sistema financeiro com critérios transparentes, para repor a confiança no mercado, o ministro Manuel Pinho respondeu que a hora é de emergência, não de olhar critérios mas de união de todos os portugueses. Manuel Pinho, membro de um governo que não aceitou, de dedo em riste, com a sua maioria, uma única sugestão relevante da oposição, fala de união! Fico espantado, mais do mesmo! E, diz-se, PS não desdenha uma coligação com o CDS no caso de não ter maioria! Concordem que se não houver qualquer factor novo, o barco "Economia" só pode ir ao fundo, agora ou no tempo dos nossos filhos ou netos!

Podem perguntar-me: onde estão os portugueses normais, as vítimas principais de tudo isto? Lembram-se do filme Titanic? Para mim são os músicos que continuam a tocar valsas enquanto o barco se afunda!

Francisco Costa Duarte

As minhas lições de Economia

Amigos,

Há uns tempos atrás, atrevi-me a dizer-vos que iria partilhar convosco os meus humildes conhecimentos de Economia e, pomposamente, chamei a esta partilha "Lições de Economia". Penitencio-me por isso. É que, entretanto, interrompi esses meus escritos e já fui questionado por alguns de vós por essa interrupção, por acharem que lhes eram úteis os meus humildes escritos, obviamente, por condescendência e tocante manifestação de amizade.

Agora, e só agora, posso dizer-vos porque interrompi aqueles escritos: porque concluí que não sei nada de Economia, pelo menos como é entendida hoje! O que me leva à normal "saída" airosa: a minha "Lição jubilar" e "magistral" a exemplo dos nossos insignes professores catedráticos, por exemplo, de uma qualquer Faculdade de Ciências, que, na sua "lição jubilar" dissertam, magistralmente, sobre a importância da "Pilha de Volta" (do Séc. XVIII) como se os computadores não existissem. E são muito aplaudidos. Como os jogadores de futebol que nada fizeram no jogo mas marcaram um golo e saem aos 70 minutos para serem aplaudidos pelos parvos dos adeptos. Como veem, já aprendi alguma coisa com as lições da vida!

Após este intróito, que virá a ser o prefácio da 1ª edição (outras, certamente, se seguirão) do meu futuro livro "A Economia Portuguesa e Ocidental no Séc. XXI", vamos, então, às razões deste meu abandono, prematuro, da Economia.

Quando aprendi as primeiras noções de Economia diziam os grandes teóricos e os dirigentes das Empresas que o fundamental era a criação de produtos, pela transformação e enriquecimento das matérias-primas proporcionadas pela Natureza que nos rodeia (um exemplo plebeu: a vaca dá, como subproduto, o couro, que, transformado, dá origem a sapatos). Para isso, diziam os capitalistas mais impedernidos, era necessário dinheiro/capital, que tinha de ser, obviamente, remunerado. Mas era necessário, também e como primeiro factor, mão-de-obra que produzisse os produtos para venda. Os mais inteligentes acrescentavam que era preciso, igualmente, que a mão-de-obra produtora ganhasse o suficiente para poder comprar os produtos que produzia, de modo a fazer rodar a roda do consumo. Nesta mão-de-obra "latu sensu", incluiam-se também os que educavam, tratavam da saúde ou forneciam os bens aos consumidores e até alguns que nada faziam pela produção mas eram igualmente julgados necessários (impostos excessivos, políticos (?), etc.). Chamava-se, então, a isto "produção" e o que se discutia era a "produtividade" (fazer mais com menos) e sobreviviam as Empresas que o faziam melhor. E "emprego" (um desempregado não é um consumidor).

Na técnica contabilística estes fluxos eram registados como receitas e despesas inerentes à actividade, cujo saldo era chamado de "Resultados Operacionais". Era este número que os gestores (e auditores e entidades reguladoras e bancos, para efeitos de crédito) olhavam e gostavam de ver crescer para serem, todos, promovidos e remunerados. Pelo menos teoricamente, uma entidade viável era a que "produzia" e tinha mercado consumidor. Havia, claro, resultados, apelidados de "Mais ou Menos Valias" e contabilizados em "Resultados Extraordinários", que traduziam situações excepcionais, como ganhos em mudar, por exemplo, de instalações da Baixa Pombalina, muito cara, para Mem Martins, muito barata, mas eram meramente residuais. Também se chamava "stocks" e "activos" a coisas tangíveis e com valor efectivo de troca por necessidade real da sociedade e do consumidor.

Claro que já havia a noção de "especulação" (comprar por 10 e vender por 1000), de "corrupção e de cunha/tráfico de influências" mas tinham pouca expressão por serem julgadas, socialmente, como negócio de ciganos nas feiras ou de pequenos funcionários que precisavam de complementar o salário. E, aos mais altos níveis (ciganos tipo Wall Street), seria expressivo o volume mas diminuto o número dos "beneficiários".

Actualmente, porém, não é assim e basta ver um qualquer jornal na sua página de Economia: os "esquemas" são a notícia (off-shores, mais valias especulativas, tráfico de influências/corrupção bem paga, stocks em papel, desemprego, especulação). O que é notícia são as percas de valor do "papel" cujo valor excessivo tinha resultado da "ganância" (é Barack Obama que o diz).

E a atitude social também mudou: não é o mérito que conta mas o "status" e o especulador, mesmo que desonesto, é apelidado de fulano, "inteligente", no "sítio certo à hora certa". Os ídolos, (políticos, futebolistas, jet 6, empresários), são avaliados pelos Armani que vestem, pelos relógios e carros que usam, pelas casas que têm, pelas festas onde estão, pelo número e qualidade dos telemóveis que exibem e não pelos seus sucessos. Vendem-se mais revistas, jornais e programas de televisão a promover isto que toda a informação e literatura juntos.

Até a língua portuguesa foi adaptada: já não há Economia, há Economia e Economia Real, a tal produtiva, mas por esta ordem. Desemprego passou a matemática foleira, é só um número percentual para chicana política e não para preocupação social.

Por tudo isto, e já vão longas as razões, é que me "jubilo". Esta "Economia" está para mim como está o computador para o professor de Física que só sabe da pilha de Volta ou para o político que diz que a culpa é do seu antecessor- que, por acaso é seu amigo. Façam-me a justiça de considerar que isto é uma metáfora e que eu não sou assim tão mau. E não me peçam para tirar as soluções do bolso que eu, como as "altas cabeças", não sei como se resolve o imbróglio, que, garanto, não fui eu que arranjei, mas que, como todos vós, colaborei, por inércia, para que fosse possível e que agora temos nós de pagar.

Só posso deixar um conselho prático: se tiverem dúvidas sobre um produto da Economia "real" e um produto da Economia "actual" experimentem a técnica da sanita: ponham um sapato (é útil e dá emprego) na sanita e puxem o autoclismo e verão que ele não sai dali. A seguir enfiem umas acções do BCP ou BPN (é inútil e dá Jardim Gonçalves ou Oliveira Costa) e puxem o autoclismo e verão que elas se desfazem e vão esgoto abaixo. O valor que dizem (diziam!) que têm, desfaz-se como um excremento normal! Com um efeito colateral perverso: polui, altamente, o Ambiente!

Um abraço do

Francisco Costa Duarte

PS - A citação de "ciganos" não tem, obviamente, razões étnicas ou racistas mas de "vox populi". Sabiam que há firmas no Norte de Portugal, em dificuldades, que fabricam t-shirts que vendem a 40 cêntimos a uma conhecida e "grande" marca espanhola (mas que poderia ser uma conhecida e "grande" marca portuguesa) que as vende ao público a 9,99 euros? Quem é que é o "cigano" aqui?

Nós e o novo Presidente Obama dos states

Amigos,

Hoje, no dia político mundial e nacional, o acontecimento é a posse do Presidente Obama nos States! Não consigo escapar a este acontecimento! Estou, no momento, a ouvir na SIC Notícias - como dano colateral como se diz agora - os nossos doutos comentadores a comentarem e a "resolverem" os "grandes" problemas dos States quando não conseguem resolver os nossos "pequenos" problemas, em Portugal. Como são pequeninos e convencidos os nossos doutos comentadores!

Como sabem, não tenho especial simpatia pela forma como os americanos olham, genericamente, o seu e o nosso mundo. Nem acho que Obama seja capaz ou obrigado a fazer milagres ou que seja da Esquerda como a entendemos na Europa ou a Esquerda que eu gostaria de ver, com muito maior defesa da protecção aos que nada ou pouco têm e menos protecção aos muito ricos, que dela não necessitam senão para a manutenção dos seus privilégios. Mas confesso que gostei da cerimónia sua posse.

É que o vi na Rua, diante de milhares de pessoas, ao frio. Não me lembro de um governante português tomar posse senão no ar condicionado do Palácio de Belem. À americana, tem muito espectáculo, que o Zé Povinho americano, como o Zé Povinho português ou o Zé Povinho romano há 2 mil anos, parece que é o que querem: Panem et Circensis, pão e circo, e não liberdade de pensamento, vida digna, cultura, educação. Mas tem outro valores que me agradam, como o já estafado mas apelativo "Yes, we can", contra o nosso, dito muitas vezes por idiotas, "quero, posso e mando".

Também gostei de ouvir o seu discurso: não apontou o dedo à oposição vencida pelas suas políticas idiotas, teria mais do que razão para o fazer, mas não fez como faz o nosso Primeiro-Ministro, com a sabedoria "ex-catedra" saloia e boa desculpa para o que não consegue fazer. Falou, em vez disso, da ganância dos que provocaram a crise financeira que a todos atinge, coisa que nunca ouvi aos nossos dirigentes, que protegem os BPP gestores de fortunas, que assumiram os riscos que entenderam para maximizarem os rendimentos, riscos que, agora, não querem pagar. E o Obama é o Presidente da pátria do capitalismo! A forma educada como "enfiou" Bush e Cheney - um falcão em cadeira de rodas, simbólico - no helicópetro (como que dizendo, digo eu, "vão-se embora que já estamos fartos de vós") é um excelente exemplo: por aqui, em elegante fato Armani, apontamos o dedo "governamental" mas não temos a coragem e a elegância similar de os "enfiar" no helicópetro, talvez porque amanhã podemos necessitar deles para um apoio parlamentar ou para uma coligação qualquer se disso tivermos necessidade! O abençoado cinismo e o engano estão do nosso lado!

Em resumo, não quero, por que não é da nossa realidade, nem posso, apelar ao Obama que venha para Portugal! Mas acho que precisamos de um Obama qualquer que nos faça renascer a esperança e a alegria de cantar (Obama, ó que lindo Obama, Obama da oliveira, o meu par é o mais lindo, que anda aqui na roda inteira) e que "enfie" no helicópetro os Portas que não se abrem para o futuro, as Leites, que não nos alimentam, os Jerónimos, que não são monumentos, os Sócrates que não são filósofos. Como diz a Quercus, o Ambiente agradece!

Francisco Costa Duarte

Votos Tardios de Natal e Ano Novo

Amigos,

Devem estar admirados por eu não vos "deliciar" (deixem-me alimentar o ego), nem alimentar o nosso blog há muito, com os meus longos textos. Nem vos ter enviado cartões de Natal ou de votos de Bom Ano, em resposta aos simpáticos cartões que muitos de vós me enviaram. Mas há sempre boas razões para tudo: 1) tenho estado em hibernação a ver se queimo os excessos alimentícios das Festas, que os médicos, nos seus sapientes estudos, dizem representar, em média, 3,5 kg. mais de peso. Por isso estive e estou em hibernação: só dentro de 3 meses me vou pesar, tomar consciência dos eventuais estragos e encarar o médico de família; 2) Não encontrei nenhum cartão de Natal que saísse da habitual banalidade do Pai Natal (patrocinado pela Coca-Cola, que não aprecio) e da música de supermercado que não me enche o ouvido; 3) os votos de Bom Ano fazem-me hesitar: 2009 será um Bom Ano? Toda a gente diz que não! Mas eu, que sou um pessimista com esperança (podem atacar à vontade pela contradição), não vos envio um cartão mas dou-vos as minhas previsões e os meus desejos sem terem de pagar.

2009 será um ano difícil devido à crise e, para agravar, é ano de eleições. Azar nosso, nem sequer nos dará desculpas por, pelo nosso voto, não nos virmos a tornar coniventes. Sem termos, cidadãos comuns, muitas saídas: a oposição ou é idiota ou não tem relevância no poder efectivo. Por muito que me custe, parafraseando Churchill, José Socrates é o pior Primeiro-Ministro dos últimos 30 anos exceptuando todos os outros!

Vou lembrar-vos os anteriores PM:
- Cavaco Silva: iniciador da actual mentalidade: muito dinheiro da Europa para a Agricultura, gasto em Jeeps, para a Formação, gasto em cursos fantasmas e lucros ilícitos (alguns deles ainda hoje em Tribunal), para vias de comunicação, gasto em auto-estradas caras e mal feitas, com consequentes gastos de correcção e com a criação de lobbies poderosos de obras públicas antes falidos, gasto com a Educação para a estatística, com supressão da qualidade do ensino, de acabar exames de avaliação de resultados, etc. Estou a ser injusto com o actual Presidente da República? Vejam, hoje, onde estão os que o cercavam!
- Guterres: encheu-nos o Ego com a Expo 98, para a deixar ao dispor dos tais lobbies especulativos do betão e onde toda a gente hoje protesta por ter pago o que não tem no Parque das Nações, com o Euro (10 estádios que, uma boa parte, não serve para nada) e que "fugiu" do "pântano", que somos nós!
- Durão Barroso: o do TGV, hoje, bem contestado, com um "H" cretino e que "fugiu" do "pântano", que somos nós, em troco de um tacho obtido, digo eu, por um favor ao Sr. Bush, que hoje sabemos ser um desastre (stupid american Obama demonstratum, passe o meu péssimo latim)!
- Santana Lopes: fez falir tudo por onde passou e diz que anda por aí: "fugiu ou foi empurrado" do "pântano" mas espera que o "pântano" continue a alimentá-lo!

Concordem que José Sócrates é o menos mau! Mas, é como o Benfica: é melhor mas não ganha! Portugal cresceu? Não, nos últimos anos, estivemos a crescer menos que a Europa! O que é difícil: como uma metáfora do atletismo, a Europa saltava 2,40 m em altura e passou a saltar 2,42 m e nós saltávamos 2,00 m e passámos a saltar 2,01 m. Progresso? Só na propaganda! A Educação melhorou? Não, só na contestação de rua, na defesa dos interesses corporativos dos professores, alguns deles, poucos, justos por falta de os ouvir mas "previlégios" comparados com 2 milhões de portugueses pobres! A Justiça melhorou? Não, idem, idem, aspas, aspas! A protecção ao desemprego efectivo melhorou? Não, verifique-se no aumento dos sem abrigo por essa razão e a falência de empresas todos os dias! O fosso ricos/pobres diminuiu? Não, aumentou! Há mais dinheiro para proteger as fortunas do BPP que para enfrentar o desemprego ou os salários de sobrevivência ou os recibos verdes ilegais; A Saúde melhorou? Experimentem uma consulta de Oftalmologia e verificarão que as diversas taxas moderadoras dos diversos exames saem mais caras que ir ao privado: burocracia oblige! As PME, que garantem o emprego, tiveram apoio? Não, foram os Bancos que tiveram protecção! Os reformados, que pagaram durante muitos anos a Segurança Social, têm o respectivo retorno? Não, até os divorciados vão ser penalizados, como na Idade Média!

Por tudo isto vejam como me parece difícil desejar-vos um Bom Ano! Não vai ser! O esquema partidário vigente ou não conta, ou, no Bloco Central com acesso ao poder, defenderá, como sempre, a prosmicuidade com os tachos do poder económico. Julgo que não precisam de exemplos! Para além das pequenas ditaduras: hoje, tenho de pagar por estacionar e se me distrair 10 minutos, tenho uma multa! Saudades da ditadura que me dava uma zona azul, que não pagava, e me multava se abusasse, isto é, conseguia o objectivo de eu não ocupar indevidamente o espaço sem me dar a impressão que a primeira prioridade é "sacar"! Pronto, já descarreguei o meu pessimismo!

Resta-me passar-vos a minha esperança, a tal contraditória: o desejo de, em 2009, não ver na rua milhares de professores e funcionários públicos, por mais razão que tenham, mas muitos mais milhares de desempregados, de explorados de recibo verde - um destes dias mostro-vos o que se passa no mundo real -, de "afogados" na ilusão que lhe criaram da casa própria - dos muito pobres envergonhados e endividados que há por aí. Que são os que, até agora, suportaram tudo isto com os seus impostos, para vermos se os nossos "dirigentes", políticos e económicos entendem onde estão!

Já nem falo dos meus desejos utópicos: ver os nossos dirigentes baixarem os seus chorudos ordenados, como fez, voluntariamente, a Administração da TAP, ou perceberem que sem poder de compra do português normal o seu "negócio", político ou económico, não vai longe por falta de quem compre. Já um capitalista como Henry Ford tinha percebido isto em 1915! Faltará alguma coisa aos nossos "dirigentes" para o perceberem? E mais não digo, que ainda me acusam de desobediência civil! Que isto de liberdade de opinião ainda está por provar!

Um abraço do

Francisco Costa Duarte