segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sócrates em cima da hora

Amigos,

Há muito pouco tempo transmiti-vos a minha opinião sobre o nosso Primeiro-Ministro: disse então que José Sócrates, nos últimos anos, era o pior 1º Ministro exceptuando todos os outros e, especialmente, que na hipótese improvável de eu vir a ter uma grande empresa, não me escapava como meu Director de Marketing por ser um notável vendedor.

Pensava eu, então, que tinha feito o maior elogio que me era possível sobre a figura, por mera comparação, já que, como vos tenho dito, não gosto do seu estilo pessoal, não gosto de algumas das suas políticas e, acima disso, não gosto do seu modo de as aplicar. E, ainda mais acima disso, não consigo "engolir" o apoio ao BPP (o banco gestor das fortunas dos ricos, sem explicação das razões, para mim muito mais controversas que o BPN das, dizem os jornais, ilegalidades).

Mas José Sócrates não pára de me surpreender! Hoje foi notícia a apresentação de uma sua moção em que defende uma maior justiça fiscal, em benefício da classe média versus os ricos, e a Regionalização! Com base em diferentes e mais favoráveis deduções para a classe média e 5 regiões, obviamente as CCR actuais. Alguém discorda?

Eu, por mim, não tenho nada contra, longe de mim! Claro que poderia ser negativo: estando há muitos anos no governo, nos últimos três anos, três, como 1º Ministro, porquê só agora se lembra da classe média, por conta de outros ou a recibos verdes (a que paga os impostos, a Segurança Social, o consumo, as auto-estradas, o estacionamento, as rotundas das Câmaras, se endivida, a si e aos filhos, para assegurar os lucros dos bancos, dos construtores civis, a ineficiência da Função Pública e da Justiça)? Onde estava no seu Orçamento Geral do Estado, publicado há um mês? E o que é a tal Regionalização? Desenvolver o Interior, depois de fechar os, poucos, serviços lá existentes? Acotevelar, como tem sido feito, ainda mais portugueses na faixa litoral entre Setúbal e Braga, com casas cada vez piores, mais caras e mais encaixotadas e mais filas de estacionamento no IC19 ou A5 a 1 euro o litro (7 dos 10 milhões de portugueses)? E o Estado pagar a tempo à Economia Real? Só agora descobriu que é um dos factores que distorce a saúde da Economia? Sobre esta, vejam a nota no final do presente.

Mas não vou ser negativo. Muito Bem, está no sentido certo! Nem aconselho os meus amigos a fazerem as contas do que, efectivamente em Euros, representa a diferenciação das deduções entre quem ganha 10 mil euros/ano e quem ganha 100 mil euros/ano. São "peanuts" mas que fazem jeito a quem tem de contar os cêntimos! Adiante!

O Sócrates, filósofo grego de há 2500 anos, ainda hoje nos faz cócegas por ter ser sido obrigado a envenenar-se por corromper a juventude. Dentro de 2500 anos ninguém se vai lembrar do nosso actual Sócrates, mesmo que tenha corrompido a juventude, a idade adulta e a velhice. E nós já não estaremos cá e por isso que se lixe!

Por tudo isto é que eu não retiro uma palavra do que disse: José Sócrates é o melhor 1º Ministro exceptuando todos os outros mesmo que eu não confie nele. Mas como meu futuro Director de Marketing e Vendas, duplico-lhe, desde já, o ordenado: depois disto já nem preciso produto para a minha hipotética empresa ter sucesso!

Francisco Costa Duarte

PS - por razões meramente técnicas (e PS quer dizer "post scriptum", nada de confusões partidárias). Um amigo, especialista do assunto, disse-me o que eu desconfiava há muito (afinal, na tropa, também pratiquei um pouco da contabilidade estatal): não há razão legal para o Estado, Câmaras Municipais, etc. não pagarem a tempo aos seus fornecedores porque qualquer despesa, antes de efectuada, tem de ter cabimento orçamental. Isto é, quando é pago a um ano, como é frequente, com prejuízo sério para as empresas em que muitos de vós trabalham, é porque um funcionário qualquer não fez o que devia em devido tempo ou, pior, um pseudo-responsável desviou na Tesouraria a verba para outras coisas. Se não for assim elucidem-me e, já agora, ao Tribunal de Contas, que anda sempre às voltas com isto. E desculpem este meu desvio no sentido do rigor que, admito, não será frequente ou tido como necessário.

Sem comentários: