segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Nós e o novo Presidente Obama dos states

Amigos,

Hoje, no dia político mundial e nacional, o acontecimento é a posse do Presidente Obama nos States! Não consigo escapar a este acontecimento! Estou, no momento, a ouvir na SIC Notícias - como dano colateral como se diz agora - os nossos doutos comentadores a comentarem e a "resolverem" os "grandes" problemas dos States quando não conseguem resolver os nossos "pequenos" problemas, em Portugal. Como são pequeninos e convencidos os nossos doutos comentadores!

Como sabem, não tenho especial simpatia pela forma como os americanos olham, genericamente, o seu e o nosso mundo. Nem acho que Obama seja capaz ou obrigado a fazer milagres ou que seja da Esquerda como a entendemos na Europa ou a Esquerda que eu gostaria de ver, com muito maior defesa da protecção aos que nada ou pouco têm e menos protecção aos muito ricos, que dela não necessitam senão para a manutenção dos seus privilégios. Mas confesso que gostei da cerimónia sua posse.

É que o vi na Rua, diante de milhares de pessoas, ao frio. Não me lembro de um governante português tomar posse senão no ar condicionado do Palácio de Belem. À americana, tem muito espectáculo, que o Zé Povinho americano, como o Zé Povinho português ou o Zé Povinho romano há 2 mil anos, parece que é o que querem: Panem et Circensis, pão e circo, e não liberdade de pensamento, vida digna, cultura, educação. Mas tem outro valores que me agradam, como o já estafado mas apelativo "Yes, we can", contra o nosso, dito muitas vezes por idiotas, "quero, posso e mando".

Também gostei de ouvir o seu discurso: não apontou o dedo à oposição vencida pelas suas políticas idiotas, teria mais do que razão para o fazer, mas não fez como faz o nosso Primeiro-Ministro, com a sabedoria "ex-catedra" saloia e boa desculpa para o que não consegue fazer. Falou, em vez disso, da ganância dos que provocaram a crise financeira que a todos atinge, coisa que nunca ouvi aos nossos dirigentes, que protegem os BPP gestores de fortunas, que assumiram os riscos que entenderam para maximizarem os rendimentos, riscos que, agora, não querem pagar. E o Obama é o Presidente da pátria do capitalismo! A forma educada como "enfiou" Bush e Cheney - um falcão em cadeira de rodas, simbólico - no helicópetro (como que dizendo, digo eu, "vão-se embora que já estamos fartos de vós") é um excelente exemplo: por aqui, em elegante fato Armani, apontamos o dedo "governamental" mas não temos a coragem e a elegância similar de os "enfiar" no helicópetro, talvez porque amanhã podemos necessitar deles para um apoio parlamentar ou para uma coligação qualquer se disso tivermos necessidade! O abençoado cinismo e o engano estão do nosso lado!

Em resumo, não quero, por que não é da nossa realidade, nem posso, apelar ao Obama que venha para Portugal! Mas acho que precisamos de um Obama qualquer que nos faça renascer a esperança e a alegria de cantar (Obama, ó que lindo Obama, Obama da oliveira, o meu par é o mais lindo, que anda aqui na roda inteira) e que "enfie" no helicópetro os Portas que não se abrem para o futuro, as Leites, que não nos alimentam, os Jerónimos, que não são monumentos, os Sócrates que não são filósofos. Como diz a Quercus, o Ambiente agradece!

Francisco Costa Duarte

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