O Sr. Presidente da Republica, dias atrás, demarcou-se do problema BPN por não ter quaisquer interesses nesse banco. E fez muito bem! Ontem, recebeu o Dr. Dias Loureiro e disse que acreditava na palavra do Dr. Dias Loureiro. E disse muito bem! O Dr. Constâncio, por sua vez, tinha dito anteontem que acreditava mais na palavra do Dr. Marta, seu vice-governador no Banco de Portugal. E também disse muito bem! Confuso? Nada disso, são questões de proximidade, há que defender os amigos! Eu, por exemplo, aí há uns 50 anos, também devo ter dado uma pisadela num calo ao Arnaldo, que terá dito uma asneira do tamanho da ponte sobre o Tejo e levou, por isso, umas reguadas da Dona Branca. Obviamente, convicta e verdadeiramente, direi até ao fim da vida que não tive nada a ver com o assunto mas ninguém ouvirá da minha boca que não andei com o Arnaldo na Escola Primária! Os amigos são verdadeiros e para as ocasiões!
Não é isto que verdadeiramente me preocupa. O que me preocupa é que notícias destas saem todos os dias e como me dá para comentar, algum dia, para mal dos meus e dos vossos pecados, o nosso blog http://www.blogger.com/ fica maior que a Enciclopédia Luso-Brasileira. Porque tudo isto me mergulha em profundas reflexões. Hoje, por exemplo, estou a lembrar-me da monarquia e por isso venho torrar a vossa paciência com o
ENSAIO SOBRE A MONARQUIA ou, parafraseando Saramago, O Ensaio Sobre a Nossa Cegueira.
Quando falamos de Monarquia, lembramo-nos logo do Rei e/ou do bigode do D. Duarte Pio. Nada de mais redutor! Os Reis e respectivos bigodes eram apenas “Primus inter pares”. O poder, em termos latos, estava nas mãos da nobreza, identificada com títulos como Duque, Conde ou Marquês.
No Século XIX, por necessidade de dinheiro fresco para o sistema funcionar, apareceu e foi profusamente usado, o título de Barão. Eram tantos e, a deduzir pela frase, tão maus, que Almeida Garrett escreveu “Foge cão que te fazem Barão”.
Mais próximo de nós, nos anos 80, o Professor Cavaco Silva afastou, dizem os jornais da época, os Barões do seu partido e os do Bloco Central, até aí vigente, acção corajosa e muito elogiada. E rodeou-se de emergentes e competentes quadros para a gestão do partido e do país, com os resultados que todos conhecem. Descobri hoje que criou, se calhar sem saber, um novo título nobiliárquico, o Baronete.
Os Baronetes do Bloco Central estão em todos os lados, nos Bancos, nas grandes Empresas Públicas, de Obras Públicas, de Serviços Estratégicos, nas grandes Câmaras Municipais, na Informação. Eu não acredito em “brujas, mas que las hay, hay!
Dirão os meus detractores: que falta de rigor histórico-científico! Não temos rei, elegemos um Presidente da República, não há as intrigas da corte no Palácio de Queluz!
Argumentarei que não era expectável que a Monarquia funcionasse, no Século XXI como no Século XVII. Hoje, elegemos, de entre um número reduzido de elemento oriundos e formados dentro do mesmo esquema nobiliárquico, um Presidente da Republica, que, como antes, deve ser impoluto, não ter interesses indefensáveis e merecer credibilidade do povo, o Terceiro Estado. Em suma, ser um “Primus inter pares”; as intrigas da corte são “sopradas” e tratadas até à intoxicação pelas redacções dos órgãos de informação; e o Palácio de Queluz é museu, para recordar a “continuidade” da Pátria. E existem muitos mais Doutores Joões das Regras para defenderem os argumentos jurídicos a favor e o seu contrário. E os Tribunais continuam a não poder fazer justiça nos territórios privativos e isentos dos “senhores”.
Também acho necessário actualizar Almeida Garrett, que diria hoje “Foge Zé Povinho alegrete que te fazem baronete”.
Bem avisados andaram alguns de nós que formaram um grupo gastronómico e um blog Real e Republicano. Andámos à frente do nosso tempo, mesmo que este seja assim pelas piores razões.
A parte final deste meu Ensaio deveria justificar o subtítulo que lhe atribuí, ENSAIO SOBRE A NOSSA CEGUEIRA, mas isso já é convosco.
Francisco Costa Duarte
PS - Isto de escrever a jacto tem os seus inconvenientes. No meu post acima cometi uma injustiça por me ter esquecido de um pormenor: No Século XIX os Barões davam dinheiro ao sistema e por isso recebiam os títulos. No nosso Século XXI, os baronetes são principescamente remunerados pelo sistema por terem os títulos. É uma diferença importante!
Aqui fica a rectificação.
Francisco Costa Duarte
terça-feira, 25 de novembro de 2008
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Noite Televisiva - BPN + Avaliação de Professores
Dois apontamentos sobre a actualidade televisiva/política/social do país, que vi, mal (já tenho que me esforçar para a ver bem dada a minha falta de paciência para abanar a cabeça positivamente à descoberta da pólvora, que os chineses descobriram há séculos sem irem à televisão ganharem o seus minutos de fama):
1º apontamento: entrevista de Judite de Sousa ao governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio. Fico, sempre, muito desconfiado quando se “persegue” o polícia e não o “ladrão”, salvaguardando as devidas distâncias. Querem exemplos? Apito Dourado, Casa Pia, peculato em Câmaras Municipais, “coitados dos assaltantes do BES, malandros dos snipers da PSP” que dispararam, digo eu, obedecendo a ordens e fazendo o que tinham de fazer. Se os assaltantes tivessem morto os refens os nossos entrevistadores diriam exactamente o contrário!
A agressividade da entrevistadora, desculpando-se, sempre, como o Calimero, com a falta de tempo, parece-me fácil de resolver por uma subdirectora da informação da RTP: basta dar menos importância informativa às “estórias treta” dos telejornais, menos tempo às telenovelas cretinas e menos publicidade repetitiva que estamos fartos de receber na caixa do correio e terá todo o tempo para aprofundar os assuntos verdadeiramente importantes. Assim, provoca-me sempre uma sensação, se calhar injusta, de branqueamento das situações: sem prejuízo das suas próprias responsabilidades, era Constâncio que estava no BPN? Não, era Oliveira e Costa. Judite de Sousa poderá estar a ajudar, mesmo sem querer, futuros casos judiciais inconclusivos e desprestigiantes como os acima citados! Corrijam-me se estiver a ver mal!
2º apontamento: o programa Prós e Contras. Confirmou-me o que de essencial penso e que expressei em opinião que vos mandei há pouco tempo e que publiquei no nosso blog http://realrepublicataitiana.blogspot.com/. Mas também me confirmou que, ao contrário de alguns egos mediáticos, há pessoas razoáveis que entendem que uma QUALQUER avaliação de desempenho é absolutamente necessária, mas que, também, ainda estamos na Escola Primária na discussão do assunto. Querem exemplos práticos? Algum dos corporativos envolvidos acreditará que todos os empregados de uma grande empresa chegarão a Director Geral? Ou que todos os militantes do PCP chegarão ao Comité Central? E como chegarão a estes lugares os que chegarem? Escolhidos por cunha, por “baterem mais o pé”, ou por avaliação do mérito, por mais idiota que seja a avaliação? Ou ainda acreditam que podem sentar-se à espera que o tempo passe, para chegarem todos, os prováveis e os absolutamente improváveis ao topo da carreira? Ou, os que estão do lado contrário, ainda acreditam que, no Século XXI, é possível impor por decreto, regras não naturais, na Física e na Sociologia? Não precisam de me responder, esperem pelas consequências sobre as suas próprias cabeças! Infelizmente já depois de prejudicarem terceiros (alunos, futuro, etc). Corrijam-me se estiver a ver mal!
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 – 4º A
2795-053 Linda-a-Velha
1º apontamento: entrevista de Judite de Sousa ao governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio. Fico, sempre, muito desconfiado quando se “persegue” o polícia e não o “ladrão”, salvaguardando as devidas distâncias. Querem exemplos? Apito Dourado, Casa Pia, peculato em Câmaras Municipais, “coitados dos assaltantes do BES, malandros dos snipers da PSP” que dispararam, digo eu, obedecendo a ordens e fazendo o que tinham de fazer. Se os assaltantes tivessem morto os refens os nossos entrevistadores diriam exactamente o contrário!
A agressividade da entrevistadora, desculpando-se, sempre, como o Calimero, com a falta de tempo, parece-me fácil de resolver por uma subdirectora da informação da RTP: basta dar menos importância informativa às “estórias treta” dos telejornais, menos tempo às telenovelas cretinas e menos publicidade repetitiva que estamos fartos de receber na caixa do correio e terá todo o tempo para aprofundar os assuntos verdadeiramente importantes. Assim, provoca-me sempre uma sensação, se calhar injusta, de branqueamento das situações: sem prejuízo das suas próprias responsabilidades, era Constâncio que estava no BPN? Não, era Oliveira e Costa. Judite de Sousa poderá estar a ajudar, mesmo sem querer, futuros casos judiciais inconclusivos e desprestigiantes como os acima citados! Corrijam-me se estiver a ver mal!
2º apontamento: o programa Prós e Contras. Confirmou-me o que de essencial penso e que expressei em opinião que vos mandei há pouco tempo e que publiquei no nosso blog http://realrepublicataitiana.blogspot.com/. Mas também me confirmou que, ao contrário de alguns egos mediáticos, há pessoas razoáveis que entendem que uma QUALQUER avaliação de desempenho é absolutamente necessária, mas que, também, ainda estamos na Escola Primária na discussão do assunto. Querem exemplos práticos? Algum dos corporativos envolvidos acreditará que todos os empregados de uma grande empresa chegarão a Director Geral? Ou que todos os militantes do PCP chegarão ao Comité Central? E como chegarão a estes lugares os que chegarem? Escolhidos por cunha, por “baterem mais o pé”, ou por avaliação do mérito, por mais idiota que seja a avaliação? Ou ainda acreditam que podem sentar-se à espera que o tempo passe, para chegarem todos, os prováveis e os absolutamente improváveis ao topo da carreira? Ou, os que estão do lado contrário, ainda acreditam que, no Século XXI, é possível impor por decreto, regras não naturais, na Física e na Sociologia? Não precisam de me responder, esperem pelas consequências sobre as suas próprias cabeças! Infelizmente já depois de prejudicarem terceiros (alunos, futuro, etc). Corrijam-me se estiver a ver mal!
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 – 4º A
2795-053 Linda-a-Velha
sábado, 22 de novembro de 2008
A propósito da Avaliação dos Professores
Aqui fica a minha opinião, que vale o que vale.
Quando eu era um jovem estudante, a classe dos professores era conceituada e respeitada, bem mais considerada e prestigiada pela Sociedade Civil do que pelos poderes políticos de então, que consideravam que a educação da população tinha efeitos perversos, porque o conhecimento prejudicaria a “boa índole” do povo português. Claro que, como excepção que confirma a regra, esta não se aplicava aos filhos das elites políticas. A classe dos professores, muito mais letrada que o grosso da população analfabeta, era o “tronco” estruturador da sociedade do futuro, que passava o conhecimento, muitas vezes contra ventos e marés e daí o respeito e o prestígio que angariavam junto da população. Mesmo havendo, como hoje e em todas as profissões, os bons e os menos bons professores.
Eram, obviamente, tempos diferentes. A segurança social, o direito à saúde, o emprego seguro, só existiam no funcionalismo público, nalgumas, poucas, grandes empresas (grupo Cuf, bancos, etc.). A esmagadora maioria da população (rurais, empregados indiferenciados de pequenas empresas, marçanos, pedreiros, etc) só tinham direito a morreram na valeta, com alguma ajuda “caridosa” da Igreja e das elites desejosas de salvarem, uma vez por ano, a sua alma. Era o tempo em que um dirigente sindical não era convidado para os seus minutos de fama na Televisão mas “convidado” a passar umas “férias” em Caxias e em que nas manifestações havia mais polícias, com o cassetete pronto, que manifestantes. Os pais da minha geração procuravam, de espinha dobrada, as “cunhas” que permitissem aos filhos uma melhor vida e o acesso àquelas carreiras e aconselhavam os descendentes a não fazerem “asneiras” e a não terem opinião própria! O mérito não interessava, interessava a “cunha”, o estar “encaminhado”, o deixar o tempo passar, que a carreira fluía. A única avaliação era política: se não fizeres ondas, tudo está bem, se tens opinião diferente do poder, estás lixado. Era o tempo do “Deus, Pátria, Família”, em que Deus não tinha banco, a Pátria nada dava e pedia muito e a Família dava o que podia e podia pouco.
Fomos, pois, todos formados na mesma cartilha: mérito avaliado para quê? O que conta é o teu conformismo e a tua “cunha” (não sejas ingrato e não a deixes ficar mal, vê o que a “cunha” fez por ti!).
O 25 de Abril veio alterar, felizmente, tudo isto. Trouxe-nos, nos primeiros anos, o entusiasmo, a esperança, o sonho, mas também o folclore, a demagogia, a falência. E no caso da Educação, o acesso generalizado da população ao conhecimento e formação escolar. Com as consequências inevitáveis do crescimento, que dá dores: o maior número de alunos e professores, por uma daquelas incontornáveis leis universais não corrigíveis por decreto ou por manifestações, significa menor qualidade e motivação de alunos e professores. Trouxe-nos, ainda, os corporativismos de classe, antes mera figura de retórica porque sempre controlados pelo poder, e, como reacção ao Estado que nada dava, o Estado que tem de dar tudo, incluindo o “substituir-me” no papel educativo de pai ou mãe (o professor que o faça, que é pago para isso e se não o fizer – passar o meu filho de ano mesmo que nada tenha aprendido - vou à Escola e parto-lhe a cara!).
E que papel de “pai” fez este Estado a partir daqui? O longo governo de Cavaco Silva deu-nos a “ditadura” do jovem (não há exames nem chumbos, os professores e as Escolas não têm autoridade, os processos disciplinares não têm qualquer efeito, etc.); o 1º ministro Guterres fugiu do pântano; o 1º ministro Barroso fugiu para o Estrangeiro; o 1º ministro Santana anda por aí; o 1º ministro Sócrates é o pai presente mas que não ouve os “filhos”, arrogante e sempre de dedo esticado. Temos, todos, razões para nos sentirmos órfãos e abandonados!
Neste cenário, onde fica o mérito? Dos políticos, dos professores, dos alunos, dos pais? Como se avalia e se distingue?
Em post anterior, escrevi que a carta da minha amiga Lena Alexandre era sentida, honesta e que traduzia muita mágoa e mantenho a opinião. Conheço há tantos anos a Lena que só posso compreender! Porque toca no cerne da questão actual e mostra a frustração que tudo isto motiva. Porque que sei que não é, nem foi, preguiçosa, tal como muitos outros bons professores, ao contrário do que a Sra. Ministra parece insinuar.
No entanto, digo eu, não basta a avaliação dos alunos e dos pares se não tiver consequências. Os alunos, que eu também fui, sempre avaliaram e continuam a avaliar os professores, num esquema simples e eficiente: os professores que nos marcaram para a vida e de que, muitos anos depois, nos lembramos dos nomes; os que fizeram bem o seu trabalho e mesmo se não nos lembrarmos dos nomes sentimos o seu bom trabalho nos níveis superiores do ensino; os que não tinham jeito para aquilo mas que, “ehe, ehe”, eram uns gajos porreiros que não chateavam; e os que eram tão maus que só nos lembramos das alcunhas (no meu caso, “a sopinha de massinha”, a “Chica Pardaloca”, o “Coças”). O problema é que todos eles, os maus e os bons, os que faltavam sem razão e os que davam ao alunos tempo do seu tempo, os que se dedicavam à sua missão e os que achavam que é um mero emprego, progrediram na carreira na mesma maneira. Não é justo, nem racional, nem produtivo, nem posso concordar. Em nome dos bons professores que conheço e conheci.
Também não sei bem o que significam “as razões economicistas”, que é um slogan muito utilizado. Não gosto da expressão porque não há recursos inesgotáveis, nem mesmo o petróleo. É por razões “economicistas” que todo o povo português não tem os seus filhos no St. Julian School, que está na moda e nos rankings e estava o assunto arrumado! É por razões “economicistas" que, muitos de nós, não podem ter uma vida digna!
Chegado aqui, à actual guerra da avaliação dos professores, podem questionar-me: estou de acordo com a política da Sra. Ministra? Decididamente não! Não gosto de autoritarismos, não gosto do se meter todos os gatos no mesmo saco, de o fazer de modo burocrático e cretino e acho que é o cúmulo da incompetência, raro e difícil, conseguir ter toda a gente contra, os maus, os suficientes e os bons. A Sra. Ministra, na Medicina, teria um diagnóstico, mesmo assim condescendente: autismo. Já perdeu a guerra e por culpa própria.
Então, estupidamente como no futebol, se não sou do Benfica sou do FCPorto. Também não. Não me lembro de 120 mil professores (quantos são ou eram sindicalizados antes?) na rua quando lhes retiraram a autoridade nas aulas, quando as Escolas foram obrigadas a abdicarem de medidas disciplinares básicas em favor da burocracia idiota de uma qualquer DREL, quando o Ministério lhes impôs programas idiotas, quando o Ministro David Justino se esqueceu da Filosofia, quando se acabaram exames de avaliação dos alunos. Vejo, no entanto, 120 mil professores na rua quando se trata da sua própria avaliação, sem apresentarem, como alternativa, a sua ideia de destrinça dos bons dos maus professores.
Os professores, portanto, também já perderam a guerra, mesmo que ganhem a batalha, porque perderam a oportunidade de restaurar o seu prestígio colectivo e de melhorar a sua credibilidade. Em todos os fóruns que oiço, a população está contra a posição dos professores e dos seus sindicatos, mesmo que isto não seja completamente justo. Mas em política o que parece é, dizia o velho Salazar, que espero que continue longe, apesar de ouvir de responsável partidário do segundo partido mais votado em Portugal, antiga ministra da Educação, que com 6 meses de ditadura tudo se melhorava!
Já agora e para terminar, um apontamento pessoal. Sindicalizei-me aos 17 anos, pela mão de um notável sindicalista, Joaquim Paiva e Silva, no tempo em que era difícil ser sindicalista. Mas hoje não gostaria, e com que mágoa o digo, que os meus filhos e netos tivessem como professor o sindicalista Mário Nogueira que é o líder aceite pelos professores. Porque: não dá aulas há muitos anos; não propõe nada que melhore o futuro dos educandos e do sistema em que estes se têm de mover; não me parece defender princípios pedagógicos e formativos mas conjunturas corporativas, efémeras e, em muitos casos, idiotas; defende os que têm emprego mesmo que o não mereçam e não defende o emprego dos que não o têm, mesmo que o mereçam. Em suma, defende melhor o corporativismo atávico português, que já deveria estar morto e enterrado, que os corporativistas teóricos do Estado Novo fascista. E não é esta ideologia que, por conhecimento próprio, desejo para os meus descendentes.
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 - 4º A
2795-053 Linda-a-Velha
Quando eu era um jovem estudante, a classe dos professores era conceituada e respeitada, bem mais considerada e prestigiada pela Sociedade Civil do que pelos poderes políticos de então, que consideravam que a educação da população tinha efeitos perversos, porque o conhecimento prejudicaria a “boa índole” do povo português. Claro que, como excepção que confirma a regra, esta não se aplicava aos filhos das elites políticas. A classe dos professores, muito mais letrada que o grosso da população analfabeta, era o “tronco” estruturador da sociedade do futuro, que passava o conhecimento, muitas vezes contra ventos e marés e daí o respeito e o prestígio que angariavam junto da população. Mesmo havendo, como hoje e em todas as profissões, os bons e os menos bons professores.
Eram, obviamente, tempos diferentes. A segurança social, o direito à saúde, o emprego seguro, só existiam no funcionalismo público, nalgumas, poucas, grandes empresas (grupo Cuf, bancos, etc.). A esmagadora maioria da população (rurais, empregados indiferenciados de pequenas empresas, marçanos, pedreiros, etc) só tinham direito a morreram na valeta, com alguma ajuda “caridosa” da Igreja e das elites desejosas de salvarem, uma vez por ano, a sua alma. Era o tempo em que um dirigente sindical não era convidado para os seus minutos de fama na Televisão mas “convidado” a passar umas “férias” em Caxias e em que nas manifestações havia mais polícias, com o cassetete pronto, que manifestantes. Os pais da minha geração procuravam, de espinha dobrada, as “cunhas” que permitissem aos filhos uma melhor vida e o acesso àquelas carreiras e aconselhavam os descendentes a não fazerem “asneiras” e a não terem opinião própria! O mérito não interessava, interessava a “cunha”, o estar “encaminhado”, o deixar o tempo passar, que a carreira fluía. A única avaliação era política: se não fizeres ondas, tudo está bem, se tens opinião diferente do poder, estás lixado. Era o tempo do “Deus, Pátria, Família”, em que Deus não tinha banco, a Pátria nada dava e pedia muito e a Família dava o que podia e podia pouco.
Fomos, pois, todos formados na mesma cartilha: mérito avaliado para quê? O que conta é o teu conformismo e a tua “cunha” (não sejas ingrato e não a deixes ficar mal, vê o que a “cunha” fez por ti!).
O 25 de Abril veio alterar, felizmente, tudo isto. Trouxe-nos, nos primeiros anos, o entusiasmo, a esperança, o sonho, mas também o folclore, a demagogia, a falência. E no caso da Educação, o acesso generalizado da população ao conhecimento e formação escolar. Com as consequências inevitáveis do crescimento, que dá dores: o maior número de alunos e professores, por uma daquelas incontornáveis leis universais não corrigíveis por decreto ou por manifestações, significa menor qualidade e motivação de alunos e professores. Trouxe-nos, ainda, os corporativismos de classe, antes mera figura de retórica porque sempre controlados pelo poder, e, como reacção ao Estado que nada dava, o Estado que tem de dar tudo, incluindo o “substituir-me” no papel educativo de pai ou mãe (o professor que o faça, que é pago para isso e se não o fizer – passar o meu filho de ano mesmo que nada tenha aprendido - vou à Escola e parto-lhe a cara!).
E que papel de “pai” fez este Estado a partir daqui? O longo governo de Cavaco Silva deu-nos a “ditadura” do jovem (não há exames nem chumbos, os professores e as Escolas não têm autoridade, os processos disciplinares não têm qualquer efeito, etc.); o 1º ministro Guterres fugiu do pântano; o 1º ministro Barroso fugiu para o Estrangeiro; o 1º ministro Santana anda por aí; o 1º ministro Sócrates é o pai presente mas que não ouve os “filhos”, arrogante e sempre de dedo esticado. Temos, todos, razões para nos sentirmos órfãos e abandonados!
Neste cenário, onde fica o mérito? Dos políticos, dos professores, dos alunos, dos pais? Como se avalia e se distingue?
Em post anterior, escrevi que a carta da minha amiga Lena Alexandre era sentida, honesta e que traduzia muita mágoa e mantenho a opinião. Conheço há tantos anos a Lena que só posso compreender! Porque toca no cerne da questão actual e mostra a frustração que tudo isto motiva. Porque que sei que não é, nem foi, preguiçosa, tal como muitos outros bons professores, ao contrário do que a Sra. Ministra parece insinuar.
No entanto, digo eu, não basta a avaliação dos alunos e dos pares se não tiver consequências. Os alunos, que eu também fui, sempre avaliaram e continuam a avaliar os professores, num esquema simples e eficiente: os professores que nos marcaram para a vida e de que, muitos anos depois, nos lembramos dos nomes; os que fizeram bem o seu trabalho e mesmo se não nos lembrarmos dos nomes sentimos o seu bom trabalho nos níveis superiores do ensino; os que não tinham jeito para aquilo mas que, “ehe, ehe”, eram uns gajos porreiros que não chateavam; e os que eram tão maus que só nos lembramos das alcunhas (no meu caso, “a sopinha de massinha”, a “Chica Pardaloca”, o “Coças”). O problema é que todos eles, os maus e os bons, os que faltavam sem razão e os que davam ao alunos tempo do seu tempo, os que se dedicavam à sua missão e os que achavam que é um mero emprego, progrediram na carreira na mesma maneira. Não é justo, nem racional, nem produtivo, nem posso concordar. Em nome dos bons professores que conheço e conheci.
Também não sei bem o que significam “as razões economicistas”, que é um slogan muito utilizado. Não gosto da expressão porque não há recursos inesgotáveis, nem mesmo o petróleo. É por razões “economicistas” que todo o povo português não tem os seus filhos no St. Julian School, que está na moda e nos rankings e estava o assunto arrumado! É por razões “economicistas" que, muitos de nós, não podem ter uma vida digna!
Chegado aqui, à actual guerra da avaliação dos professores, podem questionar-me: estou de acordo com a política da Sra. Ministra? Decididamente não! Não gosto de autoritarismos, não gosto do se meter todos os gatos no mesmo saco, de o fazer de modo burocrático e cretino e acho que é o cúmulo da incompetência, raro e difícil, conseguir ter toda a gente contra, os maus, os suficientes e os bons. A Sra. Ministra, na Medicina, teria um diagnóstico, mesmo assim condescendente: autismo. Já perdeu a guerra e por culpa própria.
Então, estupidamente como no futebol, se não sou do Benfica sou do FCPorto. Também não. Não me lembro de 120 mil professores (quantos são ou eram sindicalizados antes?) na rua quando lhes retiraram a autoridade nas aulas, quando as Escolas foram obrigadas a abdicarem de medidas disciplinares básicas em favor da burocracia idiota de uma qualquer DREL, quando o Ministério lhes impôs programas idiotas, quando o Ministro David Justino se esqueceu da Filosofia, quando se acabaram exames de avaliação dos alunos. Vejo, no entanto, 120 mil professores na rua quando se trata da sua própria avaliação, sem apresentarem, como alternativa, a sua ideia de destrinça dos bons dos maus professores.
Os professores, portanto, também já perderam a guerra, mesmo que ganhem a batalha, porque perderam a oportunidade de restaurar o seu prestígio colectivo e de melhorar a sua credibilidade. Em todos os fóruns que oiço, a população está contra a posição dos professores e dos seus sindicatos, mesmo que isto não seja completamente justo. Mas em política o que parece é, dizia o velho Salazar, que espero que continue longe, apesar de ouvir de responsável partidário do segundo partido mais votado em Portugal, antiga ministra da Educação, que com 6 meses de ditadura tudo se melhorava!
Já agora e para terminar, um apontamento pessoal. Sindicalizei-me aos 17 anos, pela mão de um notável sindicalista, Joaquim Paiva e Silva, no tempo em que era difícil ser sindicalista. Mas hoje não gostaria, e com que mágoa o digo, que os meus filhos e netos tivessem como professor o sindicalista Mário Nogueira que é o líder aceite pelos professores. Porque: não dá aulas há muitos anos; não propõe nada que melhore o futuro dos educandos e do sistema em que estes se têm de mover; não me parece defender princípios pedagógicos e formativos mas conjunturas corporativas, efémeras e, em muitos casos, idiotas; defende os que têm emprego mesmo que o não mereçam e não defende o emprego dos que não o têm, mesmo que o mereçam. Em suma, defende melhor o corporativismo atávico português, que já deveria estar morto e enterrado, que os corporativistas teóricos do Estado Novo fascista. E não é esta ideologia que, por conhecimento próprio, desejo para os meus descendentes.
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 - 4º A
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Carta Aberta à Sra. Ministra da Educação
Acho que a Carta Aberta à Ministra da Educação abaixo, da nossa amiga Lena Alexandre, merece divulgação e, por isso vo-la envio e a vou acrescentar ao nosso blog http://realrepublicataitiana.blogspot.com/
A presente carta da Lena representa, no meu entendimento, uma posição sentida, honesta, com muita mágoa e fora de eventuais interesses corporativos, mas comum a muitos bons profissionais da Educação, que se sentem injustamente atropelados e humilhados pela actual política e gestão da Educação. É uma opinião livre, voluntária e não interesseira, interessada e cívica, logo muito mais credível que o “lixo” que se sente à volta da questão e que, por isso, só posso apoiar e divulgar.
Por mim vou procurar dar-vos a minha opinião em “post” separado.
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 - 4º A
2795-053 Linda-a-Velha
Carta Aberta à Ministra da Educação
Srª Ministra.
Como cidadã dum País de Direito e Democrático, dirijo-me a si com todo o respeito que um ser humano me merece.
Tal não o fez V.Exª no que me diz respeito. E passo a explicar.
Fui (e sou no coração…) professora no ensino público durante 36 anos. Iniciei o meu percurso profissional em 1968 e sabia que a continuação do meu trabalho dependia da avaliação que a escola – através do seu director – me daria, resultado do meu trabalho dentro e fora da sala de aula. Nunca precisei de fichas, grelhas, de perder tempo a mostrar que merecia continuar, pois isso era inerente ao meu dia-a-dia. Tinha, pelo contrário, o tempo todo para o trabalho de preparação das aulas, para poder dialogar com os alunos, acompanhá-los nas visitas de estudo (que valiam tanto e eram factor de enriquecimento, sobretudo para os mais desfavorecidos). Tinha a sorte de pertencer a um grupo profissional que era visto com respeito, consideração. Participei em várias mudanças que sempre abracei com entusiasmo e interesse. Estudei, adaptei-me a "modas" pedagógicas sempre com esperança e com alegria por me saber a participar numa melhoria do ensino e na sua democratização. Sofri também com os sucessos administrativos concretizados nas passagens administrativas, com o enfraquecimento da exigência, com o peso do trabalho burocrático. Assisti à passagem de vários ministros com as suas orientações; alguns, diga-se em abono da verdade, nem nos apercebemos que lá estavam. Fui do grupo que foi submetido à prova do currículo, o que considerei uma traição, pois trabalhei 25 anos sem saber que teria ao fim desse tempo de ser submetida a semelhante prova. Mas, devo dizer que encarei sempre tudo isso como uma "aprendizagem". Participei nas mudanças de currículos programáticos. Fiz cursos de formação com gosto pois não iriam contar para "créditos", mas sim para a minha formação, para a minha contínua aprendizagem. Fui co-autora de obras didácticas no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, fui formadora.
Quando me aposentei procurei dar continuidade a todo o meu esforço e às aprendizagens que o meu percurso profissional me proporcionaram. Sou, actualmente voluntária no Estabelecimento Prisional do Linhó, onde apoio e dou formação no âmbito das Novas Oportunidades, concretamente no RVCC, aos reclusos, e também apoio na Língua Portuguesa. Tal como eu, houve muitos e muitos professores que sempre trabalharam para dignificar a profissão.
Como vê, Senhora Ministra, a maioria dos professores, ao contrário do que faz entender à opinião pública, até gostavam do que faziam. Amavam e amam a sua profissão. A senhora conseguiu, ao pretender reformar o ensino (que até precisa de estar sempre a actualizar-se, ninguém o nega), numa óptica economicista, esquecer-se de usar do "reforço positivo" para com os professores, agentes tão importantes como os alunos no processo ensino-aprendizagem. Aqui volto ao início da minha carta. Senti-me mal tratada por Vossa Excelência, julgada na praça pública como preguiçosa, mal preparada, quase uma pária da sociedade, pois é assim que muitos dos portugueses acham que os professores são: "não querem ser avaliados", são as suas palavras, Srª ministra, esquecendo-se que a cada 45 minutos todos os professores são avaliados pelos alunos, pelos seus pares, por todos os trabalhadores duma escola.
Peço-lhe, pois, que reponha a verdade e não mais me chame "preguiçosa". Use de reforço positivo, simplifique a avaliação e dignifique os professores.
Maria Helena de Sá Dias Alexandre
(Professora Aposentada)
A presente carta da Lena representa, no meu entendimento, uma posição sentida, honesta, com muita mágoa e fora de eventuais interesses corporativos, mas comum a muitos bons profissionais da Educação, que se sentem injustamente atropelados e humilhados pela actual política e gestão da Educação. É uma opinião livre, voluntária e não interesseira, interessada e cívica, logo muito mais credível que o “lixo” que se sente à volta da questão e que, por isso, só posso apoiar e divulgar.
Por mim vou procurar dar-vos a minha opinião em “post” separado.
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 - 4º A
2795-053 Linda-a-Velha
Carta Aberta à Ministra da Educação
Srª Ministra.
Como cidadã dum País de Direito e Democrático, dirijo-me a si com todo o respeito que um ser humano me merece.
Tal não o fez V.Exª no que me diz respeito. E passo a explicar.
Fui (e sou no coração…) professora no ensino público durante 36 anos. Iniciei o meu percurso profissional em 1968 e sabia que a continuação do meu trabalho dependia da avaliação que a escola – através do seu director – me daria, resultado do meu trabalho dentro e fora da sala de aula. Nunca precisei de fichas, grelhas, de perder tempo a mostrar que merecia continuar, pois isso era inerente ao meu dia-a-dia. Tinha, pelo contrário, o tempo todo para o trabalho de preparação das aulas, para poder dialogar com os alunos, acompanhá-los nas visitas de estudo (que valiam tanto e eram factor de enriquecimento, sobretudo para os mais desfavorecidos). Tinha a sorte de pertencer a um grupo profissional que era visto com respeito, consideração. Participei em várias mudanças que sempre abracei com entusiasmo e interesse. Estudei, adaptei-me a "modas" pedagógicas sempre com esperança e com alegria por me saber a participar numa melhoria do ensino e na sua democratização. Sofri também com os sucessos administrativos concretizados nas passagens administrativas, com o enfraquecimento da exigência, com o peso do trabalho burocrático. Assisti à passagem de vários ministros com as suas orientações; alguns, diga-se em abono da verdade, nem nos apercebemos que lá estavam. Fui do grupo que foi submetido à prova do currículo, o que considerei uma traição, pois trabalhei 25 anos sem saber que teria ao fim desse tempo de ser submetida a semelhante prova. Mas, devo dizer que encarei sempre tudo isso como uma "aprendizagem". Participei nas mudanças de currículos programáticos. Fiz cursos de formação com gosto pois não iriam contar para "créditos", mas sim para a minha formação, para a minha contínua aprendizagem. Fui co-autora de obras didácticas no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, fui formadora.
Quando me aposentei procurei dar continuidade a todo o meu esforço e às aprendizagens que o meu percurso profissional me proporcionaram. Sou, actualmente voluntária no Estabelecimento Prisional do Linhó, onde apoio e dou formação no âmbito das Novas Oportunidades, concretamente no RVCC, aos reclusos, e também apoio na Língua Portuguesa. Tal como eu, houve muitos e muitos professores que sempre trabalharam para dignificar a profissão.
Como vê, Senhora Ministra, a maioria dos professores, ao contrário do que faz entender à opinião pública, até gostavam do que faziam. Amavam e amam a sua profissão. A senhora conseguiu, ao pretender reformar o ensino (que até precisa de estar sempre a actualizar-se, ninguém o nega), numa óptica economicista, esquecer-se de usar do "reforço positivo" para com os professores, agentes tão importantes como os alunos no processo ensino-aprendizagem. Aqui volto ao início da minha carta. Senti-me mal tratada por Vossa Excelência, julgada na praça pública como preguiçosa, mal preparada, quase uma pária da sociedade, pois é assim que muitos dos portugueses acham que os professores são: "não querem ser avaliados", são as suas palavras, Srª ministra, esquecendo-se que a cada 45 minutos todos os professores são avaliados pelos alunos, pelos seus pares, por todos os trabalhadores duma escola.
Peço-lhe, pois, que reponha a verdade e não mais me chame "preguiçosa". Use de reforço positivo, simplifique a avaliação e dignifique os professores.
Maria Helena de Sá Dias Alexandre
(Professora Aposentada)
sábado, 15 de novembro de 2008
E se Obama fosse Português?
Hoje a nossa vivência, queiramos ou não, é global. Do mesmo modo que compramos maçãs do Chile ou jeans "made in China", alegre e convictamente, mesmo que más ou que gastem desnecessariamente o CO2 de todos nós, cidadãos do Mundo, não podemos alegar desconhecimento ou não conivência na fome na África ou nos baixos salários e nulos direitos da Ásia, face ao nosso ocidental consumismo idiota, ao nosso comodismo burguês e, no caso português, ao nosso novo-riquismo pobretanas, baseado no crédito e não no mérito, que sustenta "elites" gananciosas e incompetentes, culturalmente pobres mas estupidamente ricas, relapsas na solidariedade social e na sua contribuição para a sociedade, a que muito pouco acrescentam.
Sabem que eu não sou adepto de uma certa América, imperialista, inculta e fanática de "valores" com que me não identifico, não quero, nem desejo. Mas sei que nos "States" há outras realidades e virtudes. Se me permitissem votar nas eleições americanas (e eu acho que deveríamos ter esse direito só pelo facto de o Presidente da USA ter o poder de condicionar significamente a vida dos não americanos), eu também teria votada Obama.
É por tudo isto que vos envio este texto do escritor moçambicano Mia Couto. Ele refere-se à África e eu só posso concordar! Mas permito-me acrescentar que em Portugal não é muito diferente, é só mais sofisticado! Na instrução, formação, liberdade, nos rendimentos, na sobrevivência, estamos, obviamente, melhor que na martirizada África! Mas, numa escala diferente, o fosso entre ricos e pobres é, também, enorme, as "elites" são igualmente incompetentes, não têm, igualmente, mérito senão o da força, são, igualmente, desonestas e/ou corruptas material e/ou moralmente. Podem dizer-me que não estão há tanto tempo no poder como as "elites" africanas mencionadas por Mia Couto. Não estarão? Já viram quem está envolvido no caso BNP? Já viram há quanto tempo somos doutrinados por alguns "bons" pensadores políticos e económicos da nossa praça? Já viram quem comanda as grandes empresas e lobbies que dominam "os interesses" da nossa realidade diária?
Por tudo isto é que eu, como Mia Couto acha para África, também acho que Obama não seria eleito em Portugal: porque teria forte oposição por ser mestiço, por não agradar aos corporativismos com emprego fixo mas incompetentes, por não ser do F.C.Porto ou do Benfica, por ter contra os lobbies económicos e bancários, porque poderia mexer nos privilégios de políticos instalados há muito, porque teria contra si os Bispos por não ser católico-apostólico-romano e ser apoiado pelos homossexuais, porque combateria os esquemas tipo Madeira, etc.
Não sei se concordam mas para mim a maior diferença entre a África, pobre e atrasada, e o Portugal, presumivelmente desenvolvido, é que os africanos andam quase nus e nós andamos de camisa e gravata. Será daqui que vêm os crimes de colarinho branco?
Francisco Costa Duarte
E se Obama fosse africano?
Por Mia Couto
Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África. Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos. Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo. Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto. E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana? 1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular. 2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia. 3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor. 4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?). 5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos. 6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores. Inconclusivas conclusões Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte. Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos. A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa. Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público. No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo. Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia. Jornal "SAVANA" – 14 de Novembro de 2008
Sabem que eu não sou adepto de uma certa América, imperialista, inculta e fanática de "valores" com que me não identifico, não quero, nem desejo. Mas sei que nos "States" há outras realidades e virtudes. Se me permitissem votar nas eleições americanas (e eu acho que deveríamos ter esse direito só pelo facto de o Presidente da USA ter o poder de condicionar significamente a vida dos não americanos), eu também teria votada Obama.
É por tudo isto que vos envio este texto do escritor moçambicano Mia Couto. Ele refere-se à África e eu só posso concordar! Mas permito-me acrescentar que em Portugal não é muito diferente, é só mais sofisticado! Na instrução, formação, liberdade, nos rendimentos, na sobrevivência, estamos, obviamente, melhor que na martirizada África! Mas, numa escala diferente, o fosso entre ricos e pobres é, também, enorme, as "elites" são igualmente incompetentes, não têm, igualmente, mérito senão o da força, são, igualmente, desonestas e/ou corruptas material e/ou moralmente. Podem dizer-me que não estão há tanto tempo no poder como as "elites" africanas mencionadas por Mia Couto. Não estarão? Já viram quem está envolvido no caso BNP? Já viram há quanto tempo somos doutrinados por alguns "bons" pensadores políticos e económicos da nossa praça? Já viram quem comanda as grandes empresas e lobbies que dominam "os interesses" da nossa realidade diária?
Por tudo isto é que eu, como Mia Couto acha para África, também acho que Obama não seria eleito em Portugal: porque teria forte oposição por ser mestiço, por não agradar aos corporativismos com emprego fixo mas incompetentes, por não ser do F.C.Porto ou do Benfica, por ter contra os lobbies económicos e bancários, porque poderia mexer nos privilégios de políticos instalados há muito, porque teria contra si os Bispos por não ser católico-apostólico-romano e ser apoiado pelos homossexuais, porque combateria os esquemas tipo Madeira, etc.
Não sei se concordam mas para mim a maior diferença entre a África, pobre e atrasada, e o Portugal, presumivelmente desenvolvido, é que os africanos andam quase nus e nós andamos de camisa e gravata. Será daqui que vêm os crimes de colarinho branco?
Francisco Costa Duarte
E se Obama fosse africano?
Por Mia Couto
Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África. Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos. Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo. Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto. E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana? 1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular. 2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia. 3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor. 4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?). 5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos. 6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores. Inconclusivas conclusões Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte. Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos. A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa. Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público. No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo. Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia. Jornal "SAVANA" – 14 de Novembro de 2008
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Diferença entre"VOCÊ" E "TU"
A estória abaixo, que um amigo me enviou, vem de encontro a uma das minhas dúvidas metódicas sobre as diversas línguas europeias. Eu explico.
Aprendi que o inglês é uma língua Germânica. No entanto: o Inglês simplificou-se ao longo da história e toda a gente se trata por "You" (Vós), deixando cair, há 400 anos, o "Thou" (Tu), tratando todo a gente de modo igual. O que significa? Democracia mais antiga que acha que todos são dignos de ser de alto nível, mesmo que o não sejam? Espiríto prático que o separa do Alemão que ainda usa declinações como o Latim de há 2000 anos? Quem souber que me responda!
Aprendi que o português é uma língua Românica. No entanto: o Castelhano (digamos, Espanhol), usa o "Tu" indiscriminadamente, tendo deixado cair o "Vós". O que significa? Democracia mais recente e igualitária? Espírito prático para demonstrar que todos são iguais, mesmo que do mais baixo nível? Quem souber que me responda!
No português, nós por cá, como sempre, tudo bem. Conseguimos, sempre, conciliar o inconciliável! O "Vós" não caiu e continua a ser ensinado aos meninos do 1º ciclo, mesmo que não sirva para nada na linguagem corrente por ninguém o utilizar! O "Tu" só é utilizado entre pessoas que se conhecem bem, porque pode ser considerado pejorativo: é que, durante Séculos, era usado como tratamento entre o Senhor e o Criado e o Servo que alimentava o Senhor! Inventámos, então, para, como sempre rodear o problema, o "Você", tido como democrático no Brasil (imaginem na cama, "Você está gozando, meu bem?", há algo mais democrático e igualitário?). No entanto: "Você" vem de "Vossa Mercê", "Vossemecê", que não significava igualdade nem sequer respeito mas medo e submissão! Será da nossa sina de portugueses, pobres mas certinhos, sem opinião própria e obedientes ao Senhor em turno de serviço? Quem souber que me responda!
E, já agora, alguém me explique se é por isso que se podem dar as confusões linguísticas como a estória abaixo, que os pareceres jurídicos dizem isto e o contrário dependendo de quem paga mais, que não temos a cultura do rigor e que assinamos acordos ortográficos que não têm a ver com o modo como nos expressamos! É que, como um qualquer erudito disse, a "Língua é a nossa Pátria". Se a língua não é rigorosa a Pátria não pode ser apelativa!
Francisco Costa Duarte
Ler até ao fim
Vocês sabem a diferença entre o tratamento por tu e por você? Vocês pensam que sabem, mas vejam abaixo. Um pequeno exemplo, que ilustra bem a diferença:
O Director Geral de um Banco, estava preocupado com um jovem e brilhante director, que depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia. Então o Director Geral do Banco chamou um detective e disse-lhe: - Siga o Dr. Mendes durante uma semana, durante a hora do almoço.
O detective, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou: - O Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega no seu carro, vai a sua casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
Responde o Director Geral: - Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.
O detective pergunta-lhe: - Desculpe. Posso tratá-lo por tu? - 'Sim, claro' respondeu o Director surpreendido! - Então vou repetir : o Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega no teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
A lingua portuguesa é mesmo fascinante!
Aprendi que o inglês é uma língua Germânica. No entanto: o Inglês simplificou-se ao longo da história e toda a gente se trata por "You" (Vós), deixando cair, há 400 anos, o "Thou" (Tu), tratando todo a gente de modo igual. O que significa? Democracia mais antiga que acha que todos são dignos de ser de alto nível, mesmo que o não sejam? Espiríto prático que o separa do Alemão que ainda usa declinações como o Latim de há 2000 anos? Quem souber que me responda!
Aprendi que o português é uma língua Românica. No entanto: o Castelhano (digamos, Espanhol), usa o "Tu" indiscriminadamente, tendo deixado cair o "Vós". O que significa? Democracia mais recente e igualitária? Espírito prático para demonstrar que todos são iguais, mesmo que do mais baixo nível? Quem souber que me responda!
No português, nós por cá, como sempre, tudo bem. Conseguimos, sempre, conciliar o inconciliável! O "Vós" não caiu e continua a ser ensinado aos meninos do 1º ciclo, mesmo que não sirva para nada na linguagem corrente por ninguém o utilizar! O "Tu" só é utilizado entre pessoas que se conhecem bem, porque pode ser considerado pejorativo: é que, durante Séculos, era usado como tratamento entre o Senhor e o Criado e o Servo que alimentava o Senhor! Inventámos, então, para, como sempre rodear o problema, o "Você", tido como democrático no Brasil (imaginem na cama, "Você está gozando, meu bem?", há algo mais democrático e igualitário?). No entanto: "Você" vem de "Vossa Mercê", "Vossemecê", que não significava igualdade nem sequer respeito mas medo e submissão! Será da nossa sina de portugueses, pobres mas certinhos, sem opinião própria e obedientes ao Senhor em turno de serviço? Quem souber que me responda!
E, já agora, alguém me explique se é por isso que se podem dar as confusões linguísticas como a estória abaixo, que os pareceres jurídicos dizem isto e o contrário dependendo de quem paga mais, que não temos a cultura do rigor e que assinamos acordos ortográficos que não têm a ver com o modo como nos expressamos! É que, como um qualquer erudito disse, a "Língua é a nossa Pátria". Se a língua não é rigorosa a Pátria não pode ser apelativa!
Francisco Costa Duarte
Ler até ao fim
Vocês sabem a diferença entre o tratamento por tu e por você? Vocês pensam que sabem, mas vejam abaixo. Um pequeno exemplo, que ilustra bem a diferença:
O Director Geral de um Banco, estava preocupado com um jovem e brilhante director, que depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia. Então o Director Geral do Banco chamou um detective e disse-lhe: - Siga o Dr. Mendes durante uma semana, durante a hora do almoço.
O detective, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou: - O Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega no seu carro, vai a sua casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
Responde o Director Geral: - Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.
O detective pergunta-lhe: - Desculpe. Posso tratá-lo por tu? - 'Sim, claro' respondeu o Director surpreendido! - Então vou repetir : o Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega no teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
A lingua portuguesa é mesmo fascinante!
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Lição de Economia - 2
Amigos,
Retomo a publicação no blog http://realrepublicataitiana.blogspot.com/ da minha magistral “Lição de Economia”, agora com parte do 2º Capítulo - “Breve História da Economia”.
Capítulo 2 – Breve História da Economia
A Ciência Económica esteve, desde sempre, ligada à actividade humana.
Com efeito, apesar de por aí proliferarem alguns dinossauros humanos, normalmente ligados à política, que mexem, normalmente mal, na Economia, não está provado cientificamente que os dinossauros repteis, que tiveram enorme sucesso e dominaram a vida na Terra durante 250 milhões de anos, tenham estudado ou praticado a Ciência Económica e Financeira.
A Arqueologia identificou já dinossauros com comportamentos muito próximos dos magnatas financeiros modernos (por exemplo: Tyrannus Saurio Rex, comia tudo e não deixava nada), mas não conseguiu provar que este sabia gerir nem que qualquer outro dinossauro fosse formado em Económicas. A dificuldade da prova é que, a saberem fazê-lo, teriam passado aos filhos, sobrinhos e amantes as técnicas e as fortunas e não teriam sido extintos, obviamente, há 65 milhões de anos.
Vamos, pois, centrar a nossa análise na Economia Humana, dividindo-a nos diversos períodos evolutivos.
a) Pré-história Antiga como o Caraças (3 milhões de anos A.C. a 100 mil anos A.C.)
Abrange o período de evolução humana desde os Australopitecos (faziam umas macacadas), Homo Habilis (movimentava-se um pouco melhor que um mamute numa loja de porcelanas) e Homo Erectus (que mantinha a erecção. Recordo que a esperança de vida era de 32 anos). Neste período:
- a economia é de subsistência (recolecção de raízes, caça, etc.) efectuada por pequenos grupos;
- não há, ainda, a necessidade prática de trocas de bens;
- ninguém sabe o que é o dinheiro;
Para vos provar estes factos, recorro a um diálogo improvável entre um australopiteco e uma improvável e simpática funcionária bancária, numa improvável agência bancária:
- Bom dia. Chamo-me Manel Australopiteco e venho a pedir um empréstimo de 10 mamutes para fazer umas obras na minha gruta, que os tigres dentes-de-sabre andam a arranhar-me a porta.
- Muito bem. Estamos aqui para o servir. Tem aí os documentos da gruta?
- Não, minha senhora. As Conservatórias ainda não foram inventadas!
- Bem, isso não ajuda mas poderemos ver. Já financiámos tantas coisas ilegais que não será por isso. Tem um recibo da EDP ou da Lisboagás para provar a morada?
- Não, minha senhora. Ainda não se domina o uso do fogo e dos combustíveis.
- Bem assim é difícil mas também podemos ultrapassar. Podemos pôr um segurança à porta da sua gruta, a propriedade é sua, com registo de hipoteca ao banco mas não a poderá utilizar por falta de licença de habitação. O senhor Australopiteco paga os emolumentos e as respectivas comissões bancárias e tudo se resolve. Tem seguro de vida?
- Não.
- Pois é, isso é uma dificuldade. Mas também se resolve. Compreende, o senhor anda a quatro patas, o que lhe dá um enorme problema de coluna e as seguradoras não seguram esse risco porque a sua esperança de vida é inferior à de um mamute. Mas nós estamos cá para o ajudar: o senhor faz um seguro de vida, com um custo de 45 mamutes por ano mais as respectivas comissões de serviço, cobrança e risco, e tem o seu problema resolvido. Claro que tem de pagar previamente o IMT e o IMI e declarar no IRS.
(interrompo aqui o improvável diálogo: o Manel Australopiteco perde as estribeiras e à falta de Vallium, que ainda não foi inventado, dá duas mocadas na simpática funcionária e arrasta-a pelos cabelos para a sua gruta, com pensamentos libidinosos, para ser ressarcido de prejuízos morais).
Em conclusão, esta sociedade não está ainda preparada para a Economia Moderna!
b) Pré-história muito, muito Antiga (100 mil anos A.C. a 5 mil anos A.C.)
Abrange o período de evolução humana dos Homo Neardenthal, Homo Cro-Magnon e quejandos, na Europa e na China. Neste período,
- há algumas semelhanças com a economia actual (emigração clandestina da África para a Europa, especialmente França, Espanha, Amadora e Loures;
- nota-se ausência ou incipiência de americanos (daí a crença da senhora candidata a vice presidente dos Estados Unidos, senhora Palin, no creacionismo bíblico – o Mundo começou apenas em 5623 A.C. quando um oleiro chamado Deus moldou Adão e Eva;
- começa a desenvolver-se a industria da moda, com as primeiras roupas feitas de peles de animais. Duas teorias estão actualmente em debate: protecção contra o frio da época glaciar; ou: censura creacionista proibindo a mostra das partes púbicas, o que poderá vir a provar que os americanos, ainda incipientes, já metiam o dedo no resto do mundo e que os antepassados dos Cabos de Mar da Marinha Portuguesa já estavam em actividade nas praias pré-históricas do Algarve;
- as populações tendem a fixar-se e a desenvolverem culturas agrícolas, surgindo a necessidade de trocas comerciais (estupidamente produzi mais cenouras do que precisava, tu tens burros, troco cenouras por leite de burra para os meus filhos, porque a burra da minha mulher deixou secar os peitos);
- surge, igualmente, a necessidade de valorizar os produtos quando o vizinho do lado não tem burros, aparecendo formas rudimentares de dinheiro, através de artigos de uso geral (artefactos, facas de sílex – primeira forma de contrabando de armas – sal, peles, etc.);
- aparecem as primeiras formas de arte com as pinturas rupestres em grutas representando cenas de caça e domésticas; Neste domínio, aparecem, também, os primeiros grafitis de protesto contra a exploração. Numa gruta descoberta na Quinta da Marinha foi encontrada um desenho de um boi com vários símbolos figurativos que, finalmente, foram interpretados pelos especialistas e que dizem: “aquele cornudo filho da mãe levou-me quatro peles e não me deu as cenouras, ameaçando despedir-me de pedreiro da sua gruta se reclamasse”;
- embora ainda não provado, é provável que tenham aparecido as primeiras formas musicais de “hip-hop”, a avaliar por inscrições figurativas descobertas numa anta na Amadora que os especialistas traduziram por:
“Ó meu,
pum, pum, pum,
Tás-me a lixar e eu a ver,
pum, pum, pum,
Lá por eu ser Neardenthal,
pum, pum, pum,
E pensares que és o tal,
pum, pum, pum,
Não me podes tratar mal,
pum, pum, pum,
Sacana de Cro-Magnon,
pum, pum, pum,
Eu faço-te um arraston, a)
pum, pum, pum,
Que te mando pró Hospital.
pum, pum, pum,
a) Nota do autor: pronúncia da época
Em conclusão, esta sociedade não está ainda preparada para a Economia Moderna mas caminha para lá a passos largos! Está é ainda longe da boa música africana e cabo-verdiana actual!
Amigos,
Não percam o próximo episódio que terminará o Capítulo da História da Economia!
É importante que percebam a lições do passado que os professores do futuro não merecem confiança!
Francisco Costa Duarte
Retomo a publicação no blog http://realrepublicataitiana.blogspot.com/ da minha magistral “Lição de Economia”, agora com parte do 2º Capítulo - “Breve História da Economia”.
Capítulo 2 – Breve História da Economia
A Ciência Económica esteve, desde sempre, ligada à actividade humana.
Com efeito, apesar de por aí proliferarem alguns dinossauros humanos, normalmente ligados à política, que mexem, normalmente mal, na Economia, não está provado cientificamente que os dinossauros repteis, que tiveram enorme sucesso e dominaram a vida na Terra durante 250 milhões de anos, tenham estudado ou praticado a Ciência Económica e Financeira.
A Arqueologia identificou já dinossauros com comportamentos muito próximos dos magnatas financeiros modernos (por exemplo: Tyrannus Saurio Rex, comia tudo e não deixava nada), mas não conseguiu provar que este sabia gerir nem que qualquer outro dinossauro fosse formado em Económicas. A dificuldade da prova é que, a saberem fazê-lo, teriam passado aos filhos, sobrinhos e amantes as técnicas e as fortunas e não teriam sido extintos, obviamente, há 65 milhões de anos.
Vamos, pois, centrar a nossa análise na Economia Humana, dividindo-a nos diversos períodos evolutivos.
a) Pré-história Antiga como o Caraças (3 milhões de anos A.C. a 100 mil anos A.C.)
Abrange o período de evolução humana desde os Australopitecos (faziam umas macacadas), Homo Habilis (movimentava-se um pouco melhor que um mamute numa loja de porcelanas) e Homo Erectus (que mantinha a erecção. Recordo que a esperança de vida era de 32 anos). Neste período:
- a economia é de subsistência (recolecção de raízes, caça, etc.) efectuada por pequenos grupos;
- não há, ainda, a necessidade prática de trocas de bens;
- ninguém sabe o que é o dinheiro;
Para vos provar estes factos, recorro a um diálogo improvável entre um australopiteco e uma improvável e simpática funcionária bancária, numa improvável agência bancária:
- Bom dia. Chamo-me Manel Australopiteco e venho a pedir um empréstimo de 10 mamutes para fazer umas obras na minha gruta, que os tigres dentes-de-sabre andam a arranhar-me a porta.
- Muito bem. Estamos aqui para o servir. Tem aí os documentos da gruta?
- Não, minha senhora. As Conservatórias ainda não foram inventadas!
- Bem, isso não ajuda mas poderemos ver. Já financiámos tantas coisas ilegais que não será por isso. Tem um recibo da EDP ou da Lisboagás para provar a morada?
- Não, minha senhora. Ainda não se domina o uso do fogo e dos combustíveis.
- Bem assim é difícil mas também podemos ultrapassar. Podemos pôr um segurança à porta da sua gruta, a propriedade é sua, com registo de hipoteca ao banco mas não a poderá utilizar por falta de licença de habitação. O senhor Australopiteco paga os emolumentos e as respectivas comissões bancárias e tudo se resolve. Tem seguro de vida?
- Não.
- Pois é, isso é uma dificuldade. Mas também se resolve. Compreende, o senhor anda a quatro patas, o que lhe dá um enorme problema de coluna e as seguradoras não seguram esse risco porque a sua esperança de vida é inferior à de um mamute. Mas nós estamos cá para o ajudar: o senhor faz um seguro de vida, com um custo de 45 mamutes por ano mais as respectivas comissões de serviço, cobrança e risco, e tem o seu problema resolvido. Claro que tem de pagar previamente o IMT e o IMI e declarar no IRS.
(interrompo aqui o improvável diálogo: o Manel Australopiteco perde as estribeiras e à falta de Vallium, que ainda não foi inventado, dá duas mocadas na simpática funcionária e arrasta-a pelos cabelos para a sua gruta, com pensamentos libidinosos, para ser ressarcido de prejuízos morais).
Em conclusão, esta sociedade não está ainda preparada para a Economia Moderna!
b) Pré-história muito, muito Antiga (100 mil anos A.C. a 5 mil anos A.C.)
Abrange o período de evolução humana dos Homo Neardenthal, Homo Cro-Magnon e quejandos, na Europa e na China. Neste período,
- há algumas semelhanças com a economia actual (emigração clandestina da África para a Europa, especialmente França, Espanha, Amadora e Loures;
- nota-se ausência ou incipiência de americanos (daí a crença da senhora candidata a vice presidente dos Estados Unidos, senhora Palin, no creacionismo bíblico – o Mundo começou apenas em 5623 A.C. quando um oleiro chamado Deus moldou Adão e Eva;
- começa a desenvolver-se a industria da moda, com as primeiras roupas feitas de peles de animais. Duas teorias estão actualmente em debate: protecção contra o frio da época glaciar; ou: censura creacionista proibindo a mostra das partes púbicas, o que poderá vir a provar que os americanos, ainda incipientes, já metiam o dedo no resto do mundo e que os antepassados dos Cabos de Mar da Marinha Portuguesa já estavam em actividade nas praias pré-históricas do Algarve;
- as populações tendem a fixar-se e a desenvolverem culturas agrícolas, surgindo a necessidade de trocas comerciais (estupidamente produzi mais cenouras do que precisava, tu tens burros, troco cenouras por leite de burra para os meus filhos, porque a burra da minha mulher deixou secar os peitos);
- surge, igualmente, a necessidade de valorizar os produtos quando o vizinho do lado não tem burros, aparecendo formas rudimentares de dinheiro, através de artigos de uso geral (artefactos, facas de sílex – primeira forma de contrabando de armas – sal, peles, etc.);
- aparecem as primeiras formas de arte com as pinturas rupestres em grutas representando cenas de caça e domésticas; Neste domínio, aparecem, também, os primeiros grafitis de protesto contra a exploração. Numa gruta descoberta na Quinta da Marinha foi encontrada um desenho de um boi com vários símbolos figurativos que, finalmente, foram interpretados pelos especialistas e que dizem: “aquele cornudo filho da mãe levou-me quatro peles e não me deu as cenouras, ameaçando despedir-me de pedreiro da sua gruta se reclamasse”;
- embora ainda não provado, é provável que tenham aparecido as primeiras formas musicais de “hip-hop”, a avaliar por inscrições figurativas descobertas numa anta na Amadora que os especialistas traduziram por:
“Ó meu,
pum, pum, pum,
Tás-me a lixar e eu a ver,
pum, pum, pum,
Lá por eu ser Neardenthal,
pum, pum, pum,
E pensares que és o tal,
pum, pum, pum,
Não me podes tratar mal,
pum, pum, pum,
Sacana de Cro-Magnon,
pum, pum, pum,
Eu faço-te um arraston, a)
pum, pum, pum,
Que te mando pró Hospital.
pum, pum, pum,
a) Nota do autor: pronúncia da época
Em conclusão, esta sociedade não está ainda preparada para a Economia Moderna mas caminha para lá a passos largos! Está é ainda longe da boa música africana e cabo-verdiana actual!
Amigos,
Não percam o próximo episódio que terminará o Capítulo da História da Economia!
É importante que percebam a lições do passado que os professores do futuro não merecem confiança!
Francisco Costa Duarte
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Lição de Economia - 1
Amigos,
Nesta altura de crise económica generalizada e indo ao encontro das vossas naturais dúvidas e ansiedades, decidi publicar no blog http://realrepublicataitiana.blogspot.com/ uma magistral “Lição de Economia”, necessariamente sumária e mais centrada na realidade nacional.
Dou hoje à estampa a primeira parte. Seguir-se-ão: “Breve História da Economia”, “A Globalização e A Economia Actual que nos Fazem tão Felizes”, “O Caso Português e as Esplendorosas Manhãs que esperam os nossos Filhos e Netos”.
PREFÀCIO
Porquê uma “Lição de Economia”? Poderia parecer menos pretensioso chamar-lhe opinião ou comentário. Mas,
- a opinião individual do cidadão não é escutada nem pelos seus eleitos, que são “iluminados” pelos votos recebidos e não precisam de ouvir os desejos dos seus eleitores, mesmo que estejam a fazer o contrário do que prometeram (e em função do qual foram eleitos) e que seja evidente que os resultados das suas políticas são maus; isto é: a opinião democrática e livre não serve para nada;
- o comentário está muito em voga e é profusamente utilizado. Permitam-me que o desvalorize, devido: a) ao excesso de oferta; b) a muitos dos comentadores não saberem o que dizem; c) a que muitos dos comentadores, que são os autores materiais e cúmplices da crise e que receberam grossas maquias por isso, virem, agora, prescrever os remédios para a curar; isto é: o comentário só serve para continuar a iludir as vítimas das crises e a evitar que enfrentem o problema;
A “Lição de Economia” é diferente: pressupõe formação em vez de informação manipulada. Claro que também há, por aí, muitos professores doutores (Ph. Drs.) que formaram gerações de alunos, atentos e obrigados, com a sua sapiência sobre o futuro! E que hoje, face a um futuro oposto ao da sua sapiência, torcem a sua sapiência para continuarem a formar alunos, atentos e obrigados. Continuam a serem principescamente pagos por isso porque a vergonha ou a humildade não tem valor de mercado! A minha postura é diferente, sou, como o José Mourinho, infalível, porque, até ao fim da minha vida não conseguirei nem terei oportunidade de dizer tantas asneiras como os comentadores e professores doutores (Ph. Drs.) acima. Confiem, pois em mim!
Uma última palavra para a oportunidade. Tenho de o fazer agora porque: a) há uma crise global e a humanidade precisa dos meus conselhos; b) dentro de 3 ou 4 anos, ao abrigo do acordo de Bolonha, toda a gente terá um mestrado (e não serão os mestres carpinteiros ou electricistas que eu conheci, profissionais humildes que formavam os aprendizes nos segredos da profissão e que ganhavam metade de um burocrata colarinho branco, normalmente ainda com menos conhecimentos mas que tinha a importância de decidir a vida dos outros - “ou me pagas luvas por debaixo da mesa ou não te passo o papel e estás lixado”); c) a minha experiência e eventuais conhecimentos, em breve de nada valerão face a esta profusão de mestres, formados nas universidades e nas juventudes partidárias, que não saberão nada de coisa nenhuma e que, face ao desemprego, serão entregadores de pisas mas que me ultrapassarão na escala da importância social! É a vida, já dizia o filósofo Guterres!
Por isso, esta é minha nova oportunidade, mesmo que seja a última e não sirva para nada, para além de poder mostrar aos meus netos a minha obra no império de Sócrates. E, por favor, reconheçam que é uma obra de fôlego, que me obrigará a fazê-la em várias séries para não torrar os vossos neurónios, pouco habituados a estes ensaios profundos, e, eventualmente, poder vendê-la à TVI (os jornais já não compram em fascículos) para ser ficcionada como padrão de comportamento em telenovela.
Bem vindos, pois à minha magistral “Lição de Economia”.
Capítulo 1 – Definições de Economia (do grego oikonomiā, de oikos ‘casa’ + nemein ‘gerir’)
Prudente uso dos recursos para evitar as despesas desnecessárias ou o desperdício;
Prudente uso do dinheiro e produtos; gestão sensível e cautelosa do dinheiro e produtos de modo desperdiçar o menos possível e obter o máximo valor;
Poupança: redução ou tentativa de redução da despesa;
Economia financeira: uso frugal, controlado ou eficiente de qualquer coisa com esforço;
Negócio económico-financeiro: produção e consumo de produtos e serviços de uma comunidade vista como um todo;
(Citado, com a devida vénia, do Encarta ® World English Dictionary © & (P) 1998-2004 Microsoft Corporation. Tradução livre do autor; Tenho em casa 53 dicionários mas acho um desperdício de tempo ir à procura deles com tão douta tecnologia à minha disposição).
Notas do autor: as expressões “gestão”, “prudente”, “desperdício”, “despesas desnecessárias”, “frugal”, “controlado”, “comunidade”, etc. são, na economia actual, meras figuras de estilo. Vidé: “gastos do estado”, “endividamento das famílias”, “publicidade enganosa”, “marketing de apelo ao consumo e ao crédito”, “lucros especulativos”, “especulação bolsista”, “crimes de colarinho branco”, etc.
Amigos,
Não saiam, portanto, dos vossos lugares!
Se acham que esta magistral lição vos enriquece os conhecimentos não percam os próximos capítulos! Prometo fazer tudo para contribuir para o vosso bem-estar intelectual!
Se acham que esta magistral lição não interessa nem ao Menino Jesus não percam os próximos capítulos: a experiência diz que, em magistrais lições, os capítulos seguintes são ainda piores que os anteriores. Prometo dar-vos oportunidade para descarregarem a vossa bílis, contribuindo para o vosso bem-estar!
Francisco Costa Duarte
Nesta altura de crise económica generalizada e indo ao encontro das vossas naturais dúvidas e ansiedades, decidi publicar no blog http://realrepublicataitiana.blogspot.com/ uma magistral “Lição de Economia”, necessariamente sumária e mais centrada na realidade nacional.
Dou hoje à estampa a primeira parte. Seguir-se-ão: “Breve História da Economia”, “A Globalização e A Economia Actual que nos Fazem tão Felizes”, “O Caso Português e as Esplendorosas Manhãs que esperam os nossos Filhos e Netos”.
PREFÀCIO
Porquê uma “Lição de Economia”? Poderia parecer menos pretensioso chamar-lhe opinião ou comentário. Mas,
- a opinião individual do cidadão não é escutada nem pelos seus eleitos, que são “iluminados” pelos votos recebidos e não precisam de ouvir os desejos dos seus eleitores, mesmo que estejam a fazer o contrário do que prometeram (e em função do qual foram eleitos) e que seja evidente que os resultados das suas políticas são maus; isto é: a opinião democrática e livre não serve para nada;
- o comentário está muito em voga e é profusamente utilizado. Permitam-me que o desvalorize, devido: a) ao excesso de oferta; b) a muitos dos comentadores não saberem o que dizem; c) a que muitos dos comentadores, que são os autores materiais e cúmplices da crise e que receberam grossas maquias por isso, virem, agora, prescrever os remédios para a curar; isto é: o comentário só serve para continuar a iludir as vítimas das crises e a evitar que enfrentem o problema;
A “Lição de Economia” é diferente: pressupõe formação em vez de informação manipulada. Claro que também há, por aí, muitos professores doutores (Ph. Drs.) que formaram gerações de alunos, atentos e obrigados, com a sua sapiência sobre o futuro! E que hoje, face a um futuro oposto ao da sua sapiência, torcem a sua sapiência para continuarem a formar alunos, atentos e obrigados. Continuam a serem principescamente pagos por isso porque a vergonha ou a humildade não tem valor de mercado! A minha postura é diferente, sou, como o José Mourinho, infalível, porque, até ao fim da minha vida não conseguirei nem terei oportunidade de dizer tantas asneiras como os comentadores e professores doutores (Ph. Drs.) acima. Confiem, pois em mim!
Uma última palavra para a oportunidade. Tenho de o fazer agora porque: a) há uma crise global e a humanidade precisa dos meus conselhos; b) dentro de 3 ou 4 anos, ao abrigo do acordo de Bolonha, toda a gente terá um mestrado (e não serão os mestres carpinteiros ou electricistas que eu conheci, profissionais humildes que formavam os aprendizes nos segredos da profissão e que ganhavam metade de um burocrata colarinho branco, normalmente ainda com menos conhecimentos mas que tinha a importância de decidir a vida dos outros - “ou me pagas luvas por debaixo da mesa ou não te passo o papel e estás lixado”); c) a minha experiência e eventuais conhecimentos, em breve de nada valerão face a esta profusão de mestres, formados nas universidades e nas juventudes partidárias, que não saberão nada de coisa nenhuma e que, face ao desemprego, serão entregadores de pisas mas que me ultrapassarão na escala da importância social! É a vida, já dizia o filósofo Guterres!
Por isso, esta é minha nova oportunidade, mesmo que seja a última e não sirva para nada, para além de poder mostrar aos meus netos a minha obra no império de Sócrates. E, por favor, reconheçam que é uma obra de fôlego, que me obrigará a fazê-la em várias séries para não torrar os vossos neurónios, pouco habituados a estes ensaios profundos, e, eventualmente, poder vendê-la à TVI (os jornais já não compram em fascículos) para ser ficcionada como padrão de comportamento em telenovela.
Bem vindos, pois à minha magistral “Lição de Economia”.
Capítulo 1 – Definições de Economia (do grego oikonomiā, de oikos ‘casa’ + nemein ‘gerir’)
Prudente uso dos recursos para evitar as despesas desnecessárias ou o desperdício;
Prudente uso do dinheiro e produtos; gestão sensível e cautelosa do dinheiro e produtos de modo desperdiçar o menos possível e obter o máximo valor;
Poupança: redução ou tentativa de redução da despesa;
Economia financeira: uso frugal, controlado ou eficiente de qualquer coisa com esforço;
Negócio económico-financeiro: produção e consumo de produtos e serviços de uma comunidade vista como um todo;
(Citado, com a devida vénia, do Encarta ® World English Dictionary © & (P) 1998-2004 Microsoft Corporation. Tradução livre do autor; Tenho em casa 53 dicionários mas acho um desperdício de tempo ir à procura deles com tão douta tecnologia à minha disposição).
Notas do autor: as expressões “gestão”, “prudente”, “desperdício”, “despesas desnecessárias”, “frugal”, “controlado”, “comunidade”, etc. são, na economia actual, meras figuras de estilo. Vidé: “gastos do estado”, “endividamento das famílias”, “publicidade enganosa”, “marketing de apelo ao consumo e ao crédito”, “lucros especulativos”, “especulação bolsista”, “crimes de colarinho branco”, etc.
Amigos,
Não saiam, portanto, dos vossos lugares!
Se acham que esta magistral lição vos enriquece os conhecimentos não percam os próximos capítulos! Prometo fazer tudo para contribuir para o vosso bem-estar intelectual!
Se acham que esta magistral lição não interessa nem ao Menino Jesus não percam os próximos capítulos: a experiência diz que, em magistrais lições, os capítulos seguintes são ainda piores que os anteriores. Prometo dar-vos oportunidade para descarregarem a vossa bílis, contribuindo para o vosso bem-estar!
Francisco Costa Duarte
domingo, 28 de setembro de 2008
Ainda os preços dos combustíveis
Passei ontem, sábado, 27 de Setembro, por Linda-a-Velha e reparei que o posto de abastecimento da Esso estava a vender o gasóleo normal a 1,20 euros por litro. Na Galp, um pouco mais à frente o preço do gasóleo normal era de 1,269... Por que será que a Esso pode praticar este preço e a Galp nos leva quase mais 7 cêntimos em cada litro? Será que a Esso está a perder dinheiro? Não sei a resposta, mas para ajudar a Esso, que tem somente 44 postos de abastecimento em Portugal, vou voltar a Linda-a-Velha e encher o depósito!!!
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Combustíveis e seus preços
Há umas semanas atrás apelei, como milhares de portugueses, ao boicote à Galp por achar que a sua política de preços dos combustíveis era prejudicial aos portugueses e visava lucros ilícitos. Pessoalmente, cumpri, e continuo a cumprir, este boicote.
Nesse momento, o preço do crude subia desmesuradamente nos mercados mundiais e, apesar de não se reflectirem de imediato nos custos das petrolíferas e da Galp em particular, o seu aumento de preço de venda era imediato, prejudicando os consumidores seus clientes e gerando lucros excepcionais (especulativos, digo eu).
Entretanto,
- o governo determinou a criação de um imposto excepcional sobre os tais lucros excepcionais de aproveitamento (ilícitos, digo eu,) da conjuntura;
- o Sr. Presidente da Galp reagiu, considerando o imposto injusto mas afirmando que a Galp não teria baixa de lucros por isso porque tinha provisões anteriores para fazer face a tal eventualidade (o que, salvo melhor opinião, é um reconhecimento da especulação);
- e, salvando, assim, se não estou a ver mal, o seu chorudo prémio anual de alcançar os objectivos de lucros da Empresa, como acontece em algumas, poucas, Empresas, monopolistas ou escandalosamente dominantes. O referido prémio para as Administrações, pelos valores envolvidos, normalmente ofendem os portugueses normais mas não sou eu que digo, são os jornais.
- o Sr. Presidente da Galp, mostrou-se, então, muito ofendido, alegando que, nesta campanha de boicote promovida por milhares de portugueses, lhe tinham chamado nomes feios, como aldrabão e outros piores;
Pela parte que me toca, nunca lhe chamei esses nomes feios por duas razões: primeiro por uma questão de educação minha; depois porque, com a justiça que temos, não estou seguro do julgamento justo da liberdade de opinião e suas razões. Mas, para ser honesto, devo confessar que, em relação à sua pessoa e à sua conduta, também pensei em nomes feios! E só porque ainda acredito que a liberdade de pensamento é garantida em Portugal, senão nem me atreveria a pensar!
A conjuntura entretanto mudou, o petróleo está a descer, todos os dias, nos mercados mundiais mas os preços dos combustíveis na Galp não descem à mesma velocidade com que subiram (até o Ministro da Economia já apelou à baixa do preço dos produtos Galp), não estando a Empresa a comprovar a filosofia anterior do Sr. Presidente, que, agora argumenta que a razão são os tornados no Texas que irão aumentar os preços!
O Sr. Presidente da Galp inventou uma nova forma de gestão: a Gestão Tarot, lançam-se as cartas e antecipa-se o futuro, por mais especulativo que seja!
Sr. Presidente da Galp: continuarei a não lhe chamar nomes feios por uma questão de educação mas está a dar-me razões para os pensar ainda com mais actualidade. Se eu fosse accionista da Galp e/ou seu amigo, poderia dar-lhe um conselho honesto: demita-se, está a prejudicar a Empresa para quem trabalha ao destruir a confiança dos seus clientes! Aos accionistas da Empresa diria: defendam a vossa Empresa e demitam o Sr. Presidente, sem lhe pagarem as indemnizações chorudas de que falam os jornais e que deixaram de ser vergonha nacional para se tornarem escândalo internacional. E se acreditarem que a gestão Tarot é aplicável, contratem a astróloga Maya que será, de certeza, mais competente que o Sr. Presidente!
Infelizmente, não tenho essa influência e esse poder! Só posso continuar a manter o meu boicote particular à Galp e apelar aos meus correspondentes que sigam o meu exemplo. Os eventuais prejuízos causados, no entanto, não são, como é evidente, da minha responsabilidade mas da Galp e/ou da política seguida pelo seu Presidente.
Nesse momento, o preço do crude subia desmesuradamente nos mercados mundiais e, apesar de não se reflectirem de imediato nos custos das petrolíferas e da Galp em particular, o seu aumento de preço de venda era imediato, prejudicando os consumidores seus clientes e gerando lucros excepcionais (especulativos, digo eu).
Entretanto,
- o governo determinou a criação de um imposto excepcional sobre os tais lucros excepcionais de aproveitamento (ilícitos, digo eu,) da conjuntura;
- o Sr. Presidente da Galp reagiu, considerando o imposto injusto mas afirmando que a Galp não teria baixa de lucros por isso porque tinha provisões anteriores para fazer face a tal eventualidade (o que, salvo melhor opinião, é um reconhecimento da especulação);
- e, salvando, assim, se não estou a ver mal, o seu chorudo prémio anual de alcançar os objectivos de lucros da Empresa, como acontece em algumas, poucas, Empresas, monopolistas ou escandalosamente dominantes. O referido prémio para as Administrações, pelos valores envolvidos, normalmente ofendem os portugueses normais mas não sou eu que digo, são os jornais.
- o Sr. Presidente da Galp, mostrou-se, então, muito ofendido, alegando que, nesta campanha de boicote promovida por milhares de portugueses, lhe tinham chamado nomes feios, como aldrabão e outros piores;
Pela parte que me toca, nunca lhe chamei esses nomes feios por duas razões: primeiro por uma questão de educação minha; depois porque, com a justiça que temos, não estou seguro do julgamento justo da liberdade de opinião e suas razões. Mas, para ser honesto, devo confessar que, em relação à sua pessoa e à sua conduta, também pensei em nomes feios! E só porque ainda acredito que a liberdade de pensamento é garantida em Portugal, senão nem me atreveria a pensar!
A conjuntura entretanto mudou, o petróleo está a descer, todos os dias, nos mercados mundiais mas os preços dos combustíveis na Galp não descem à mesma velocidade com que subiram (até o Ministro da Economia já apelou à baixa do preço dos produtos Galp), não estando a Empresa a comprovar a filosofia anterior do Sr. Presidente, que, agora argumenta que a razão são os tornados no Texas que irão aumentar os preços!
O Sr. Presidente da Galp inventou uma nova forma de gestão: a Gestão Tarot, lançam-se as cartas e antecipa-se o futuro, por mais especulativo que seja!
Sr. Presidente da Galp: continuarei a não lhe chamar nomes feios por uma questão de educação mas está a dar-me razões para os pensar ainda com mais actualidade. Se eu fosse accionista da Galp e/ou seu amigo, poderia dar-lhe um conselho honesto: demita-se, está a prejudicar a Empresa para quem trabalha ao destruir a confiança dos seus clientes! Aos accionistas da Empresa diria: defendam a vossa Empresa e demitam o Sr. Presidente, sem lhe pagarem as indemnizações chorudas de que falam os jornais e que deixaram de ser vergonha nacional para se tornarem escândalo internacional. E se acreditarem que a gestão Tarot é aplicável, contratem a astróloga Maya que será, de certeza, mais competente que o Sr. Presidente!
Infelizmente, não tenho essa influência e esse poder! Só posso continuar a manter o meu boicote particular à Galp e apelar aos meus correspondentes que sigam o meu exemplo. Os eventuais prejuízos causados, no entanto, não são, como é evidente, da minha responsabilidade mas da Galp e/ou da política seguida pelo seu Presidente.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Acerca do Futebol – Carta aberta aos Jornais desportivos “A Bola” e “Record” e Rádio RDP - Antena 1.
Como aviso prévio, devo dizer que o presente texto, escrito “a quente”, se destina, prioritariamente, às pessoas com quem comunico via internet, por e-mail e em vários blogs e que o seu envio aos jornais e Rádio acima citados é, meramente, circunstancial.
E isto porque, apesar de ser observador atento do desporto nacional e ler, incontornavelmente, os jornais citados nos cafés ou restaurantes por onde passo não sou comprador habitual de jornais desportivos, que não acho didácticos, e ouvir a RDP Antena 1; porque
- não acho que o desporto, muito importante na formação de jovens e menos jovens, se resuma ao futebol, muito menos ao F.C.Porto, Benfica ou Sporting e ainda muito menos às suas “tricas” fora dos campos desportivos, sejam políticas, promocionais de “egos” falhados noutras actividades ou quaisquer outras que não sejam a competição sem truques;
- não me parece que a comunicação social, desportiva e outra, esteja a contribuir para a formação de opinião pública positiva, saudável, como o desporto, desde sempre, propõe nem, mesmo do ponto de vista de competição profissional e de negócio importante que, em alguns casos, é e que exige, como qualquer actividade económica, transparência;
- me parece contribuir para o sectarismo e fundamentalismo de ”claques” idiotas e violentas e, certamente, constituídas por indivíduos falhados, de que todos os dias temos notícias deprimentes;
Acabo de ver o Portugal – Dinamarca da Selecção A e vi, ontem, o Portugal – Irlanda em Sub 21 e a “quente”, não posso deixar de comentar, não como “treinador de bancada” ou “de sofá”, em que, portugueses, somos “excelentes”, mesmo que incompetentes na nossa própria profissão, mas como leigo na matéria:
- no Portugal – Dinamarca, perdemos e devíamos ter ganho, tantos golos desperdiçámos, mas a equipa jogou bem e mostrou atitude, errou, como todos nós de vez em quando e não teve a sorte, como nós não temos de acertar no Euromilhões. Fiquei triste mas não irritado! Ficarei irritado se em vez de uma análise simples, objectiva e isenta do jogo, os “media” vierem dizer, como antecipo, que Carlos Queirós (que não conheço e que não tenho que defender) “perdeu”, que deveria pôr o jogador A e não o B – dentro de 2 meses dirão o contrário - quem o substituirá, etc. Desculpem, mas é o que os “media” me habituaram, com comparações cretinas e negativas, para não mencionar outras destilações de veneno anteriores contra todos os que procuram fazer o seu trabalho, em vez de demonstrarem, objectivamente, onde e porquê ouve falhas, como se corrijem e assumirem, obviamente, o seu ónus da opinião;
Como ainda não tenho comentários mediáticos a este jogo, socorro-me de um exemplo imediatamente anterior: a Antena 1, imediatamente antes do jogo, informava que não estavam vendidos bilhetes em número aceitável para um jogo da selecção nacional e reportava que tal se devia ao litígio latente entre Carlos Queirós e o Sporting! E promovia um apelo aos adeptos do Clube Portugal para apoiarem a Selecção Nacional. Muito bem! Até uma “claque”, a JuveLeo, apelou à presença de apoiantes! Ainda melhor. Mas não ouvi um jornalista da Antena 1 comentar que não é aceitável confundir Carlos Queirós, ou seja quem for, o litígio com o Sporting, ou seja quem for, com a Selecção Nacional, que só revelava certa menoridade mental. A Antena 1 informou mas não contribuiu para formar opinião correcta!
- no Portugal – Irlanda em sub 21, perdemos e devíamos ter ganho, mas, na minha opinião por outras razões: falta de atitude competitiva da equipa e seus jogadores, jovens, blá, blá, mas pagos a peso de ouro! Aqui fiquei mais irritado que triste! Mas, enfim, também acontece! No entanto, é isto, principalmente, que me leva a dirigir a presente aos jornais citados.
Vamos a factos. Ao ver o jogo formei a minha opinião de leigo – não pago e, às vezes, pagante! - que em circunstâncias normais não me atreveria a divulgar: a equipa não teve atitude – há, efectivamente, jogadores muito fashion e bem penteados mas com “bunda” grande - o meio-campo foi um desastre e para não falar dos menos bons, achei que Vaz Tê, Vieirinha e poucos mais se tinham esforçado. Hoje, ao ler “A Bola”, concordei, genericamente, com a sua análise, que considerava que Vieirinha, pelo esforço, terá sido o menos mau e Vaz Tê se esforçou e que muitos dos craques revelaram que são mais “as vozes que as nozes”. À noite li o “Record” que considerava Vaz Tê o menos mau e Vieirinha com classificação 2 em 4 e Miguel Veloso 3 em 4. Tudo bem, diferença de opiniões, relatividade das coisas. E tudo ficaria por aqui se não visse esta, entre outras, pérolas de avaliação individuais dos jogadores e cito: Pelé: 2 em 4: “O jogo não lhe correu nada bem. Perdeu muitos duelos no meio-campo e errou passes em demasia. Um regresso infeliz à Selecção do novo portista”. Vieirinha (o tal melhor para “A Bola”): 2 em 4: Sempre com iniciativa e procurando o seu temível remate, esteve bem melhor no primeiro tempo”. Não compreendo a avaliação! Enfim, eu sou um leigo e o jornalista do “Record” é profissional e pago por isso!
Não fixei, nem me interessa, que jornalista faz estas avaliações até porque me fez compreender, 20 anos depois, porque a empresa multinacional, onde trabalhei como quadro superior e membro da Administração, tinha um sistema de avaliação relativamente consensual e que funcionava e ainda não é possível avaliar os funcionários públicos, juízes, etc.! Porque os critérios do saber nacional ainda não merecem credibilidade! Pelo sim pelo não, passarei a evitar ler o “Record” – paga sempre o justo pelo pecador – para evitar cruzar-me com o “critério” daquele jornalista.
Se os jornais e rádio a quem me dirijo derem importância a esta minha missiva, o que eu duvido, irão desmentir, argumentar e tentar provar a sua ideia! Estão no seu direito! Não me afectam minimamente e face às estatísticas na Europa, irão de vitória em vitória até à derrota final.
Eu sei e os meus habituais leitores sabem que não é a comunicação social que tem culpa de todos os males – sabemos que tem excelentes profissionais que não merecem incompetentes companhias - mas que contribui com a sua parte. Perguntarão porque dou importância ao futebol e a estas minudências mediáticas quando há outras coisas na realidade portuguesa que merecem muito mais atenção. Respondo que isto é tão importante como o nível de educação e informação/formação de opinião da população. As estatísticas europeias comparadas darão os resultados dos nossos “avanços”! Espero que não comentadas pelos mesmos jornalistas!
Francisco Costa Duarte
E isto porque, apesar de ser observador atento do desporto nacional e ler, incontornavelmente, os jornais citados nos cafés ou restaurantes por onde passo não sou comprador habitual de jornais desportivos, que não acho didácticos, e ouvir a RDP Antena 1; porque
- não acho que o desporto, muito importante na formação de jovens e menos jovens, se resuma ao futebol, muito menos ao F.C.Porto, Benfica ou Sporting e ainda muito menos às suas “tricas” fora dos campos desportivos, sejam políticas, promocionais de “egos” falhados noutras actividades ou quaisquer outras que não sejam a competição sem truques;
- não me parece que a comunicação social, desportiva e outra, esteja a contribuir para a formação de opinião pública positiva, saudável, como o desporto, desde sempre, propõe nem, mesmo do ponto de vista de competição profissional e de negócio importante que, em alguns casos, é e que exige, como qualquer actividade económica, transparência;
- me parece contribuir para o sectarismo e fundamentalismo de ”claques” idiotas e violentas e, certamente, constituídas por indivíduos falhados, de que todos os dias temos notícias deprimentes;
Acabo de ver o Portugal – Dinamarca da Selecção A e vi, ontem, o Portugal – Irlanda em Sub 21 e a “quente”, não posso deixar de comentar, não como “treinador de bancada” ou “de sofá”, em que, portugueses, somos “excelentes”, mesmo que incompetentes na nossa própria profissão, mas como leigo na matéria:
- no Portugal – Dinamarca, perdemos e devíamos ter ganho, tantos golos desperdiçámos, mas a equipa jogou bem e mostrou atitude, errou, como todos nós de vez em quando e não teve a sorte, como nós não temos de acertar no Euromilhões. Fiquei triste mas não irritado! Ficarei irritado se em vez de uma análise simples, objectiva e isenta do jogo, os “media” vierem dizer, como antecipo, que Carlos Queirós (que não conheço e que não tenho que defender) “perdeu”, que deveria pôr o jogador A e não o B – dentro de 2 meses dirão o contrário - quem o substituirá, etc. Desculpem, mas é o que os “media” me habituaram, com comparações cretinas e negativas, para não mencionar outras destilações de veneno anteriores contra todos os que procuram fazer o seu trabalho, em vez de demonstrarem, objectivamente, onde e porquê ouve falhas, como se corrijem e assumirem, obviamente, o seu ónus da opinião;
Como ainda não tenho comentários mediáticos a este jogo, socorro-me de um exemplo imediatamente anterior: a Antena 1, imediatamente antes do jogo, informava que não estavam vendidos bilhetes em número aceitável para um jogo da selecção nacional e reportava que tal se devia ao litígio latente entre Carlos Queirós e o Sporting! E promovia um apelo aos adeptos do Clube Portugal para apoiarem a Selecção Nacional. Muito bem! Até uma “claque”, a JuveLeo, apelou à presença de apoiantes! Ainda melhor. Mas não ouvi um jornalista da Antena 1 comentar que não é aceitável confundir Carlos Queirós, ou seja quem for, o litígio com o Sporting, ou seja quem for, com a Selecção Nacional, que só revelava certa menoridade mental. A Antena 1 informou mas não contribuiu para formar opinião correcta!
- no Portugal – Irlanda em sub 21, perdemos e devíamos ter ganho, mas, na minha opinião por outras razões: falta de atitude competitiva da equipa e seus jogadores, jovens, blá, blá, mas pagos a peso de ouro! Aqui fiquei mais irritado que triste! Mas, enfim, também acontece! No entanto, é isto, principalmente, que me leva a dirigir a presente aos jornais citados.
Vamos a factos. Ao ver o jogo formei a minha opinião de leigo – não pago e, às vezes, pagante! - que em circunstâncias normais não me atreveria a divulgar: a equipa não teve atitude – há, efectivamente, jogadores muito fashion e bem penteados mas com “bunda” grande - o meio-campo foi um desastre e para não falar dos menos bons, achei que Vaz Tê, Vieirinha e poucos mais se tinham esforçado. Hoje, ao ler “A Bola”, concordei, genericamente, com a sua análise, que considerava que Vieirinha, pelo esforço, terá sido o menos mau e Vaz Tê se esforçou e que muitos dos craques revelaram que são mais “as vozes que as nozes”. À noite li o “Record” que considerava Vaz Tê o menos mau e Vieirinha com classificação 2 em 4 e Miguel Veloso 3 em 4. Tudo bem, diferença de opiniões, relatividade das coisas. E tudo ficaria por aqui se não visse esta, entre outras, pérolas de avaliação individuais dos jogadores e cito: Pelé: 2 em 4: “O jogo não lhe correu nada bem. Perdeu muitos duelos no meio-campo e errou passes em demasia. Um regresso infeliz à Selecção do novo portista”. Vieirinha (o tal melhor para “A Bola”): 2 em 4: Sempre com iniciativa e procurando o seu temível remate, esteve bem melhor no primeiro tempo”. Não compreendo a avaliação! Enfim, eu sou um leigo e o jornalista do “Record” é profissional e pago por isso!
Não fixei, nem me interessa, que jornalista faz estas avaliações até porque me fez compreender, 20 anos depois, porque a empresa multinacional, onde trabalhei como quadro superior e membro da Administração, tinha um sistema de avaliação relativamente consensual e que funcionava e ainda não é possível avaliar os funcionários públicos, juízes, etc.! Porque os critérios do saber nacional ainda não merecem credibilidade! Pelo sim pelo não, passarei a evitar ler o “Record” – paga sempre o justo pelo pecador – para evitar cruzar-me com o “critério” daquele jornalista.
Se os jornais e rádio a quem me dirijo derem importância a esta minha missiva, o que eu duvido, irão desmentir, argumentar e tentar provar a sua ideia! Estão no seu direito! Não me afectam minimamente e face às estatísticas na Europa, irão de vitória em vitória até à derrota final.
Eu sei e os meus habituais leitores sabem que não é a comunicação social que tem culpa de todos os males – sabemos que tem excelentes profissionais que não merecem incompetentes companhias - mas que contribui com a sua parte. Perguntarão porque dou importância ao futebol e a estas minudências mediáticas quando há outras coisas na realidade portuguesa que merecem muito mais atenção. Respondo que isto é tão importante como o nível de educação e informação/formação de opinião da população. As estatísticas europeias comparadas darão os resultados dos nossos “avanços”! Espero que não comentadas pelos mesmos jornalistas!
Francisco Costa Duarte
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Economia Portuguesa
Amigos,
Ouvi hoje uma notícia na rádio - que não teve o destaque merecido e necessário - que me despertou para a nossa realidade social e que venho divulgar universalmente e no nosso blog, que está sempre em cima do acontecimento: o Sr. Ministro da Economia, o incontornável Dr. Manuel Pinho, comentou que no primeiro semestre de 2008 a economia portuguesa cresceu 0,6% enquanto a economia da zona euro desceu 0,2%.
Fiquei, como calculam, satisfeitíssimo! Nada que eu já não previsse pois, como bom observador, tenho vindo a notar os sorrisos na cara dos portugueses na rua, o rirem de satisfação nas bombas de gasolina quando pagam os combustíveis e quando liquidam aos bancos os empréstimos das suas casas ou comprovam nos telejornais a baixa drástica do desemprego até à taxa de 0,2%, (percentagem que representa, apenas, os paralíticos, doentes graves e paranóicos no Júlio de Matos que só poderão aproveitar a oferta de emprego em excesso nas próximas 2 semanas, após os necessários procedimentos burocráticos), o que levará a taxa de desemprego em Outubro para uns risonhos 0% (3% abaixo de zero se contarmos com os imigrantes franceses, alemães e holandeses que virão em catadupa para o paraíso económico que será Portugal. (Por favor, vejam nota PS no final deste texto).
Compreendo, no entanto, a vossa dificuldade em perceberem estes factos: a linguagem económica e matemática é difícil (Produto Interno Bruto, per capita, crescimento, exponencial, progressão geométrica, equação, derivada, média, mediana, etc.). Por isso resolvi ajudar-vos com exemplos simples.
Optei por comparar esta realidade económica em alturas de indivíduos porque todos vós sabeis o que é um calmeirão (um gajo muito alto) e um caga-tacos (um gajo muito baixinho). Não me exijam excessivo rigor porque senão: 1) os vossos neurónios explodiam com as explicações dos especialistas (problema de saúde pública); 2) Eu teria de exigir, pelo menos, 40% do ordenado do Sr. Governador do Banco de Portugal (problema politicamente incorrecto); 3) haveria revolução pela desigualdade de rendimentos (problema de cacetetada da polícia em nome da justiça “democrática”).
Vamos pois aos factos e números: vamos assumir que um português tem, em média, uma altura de 1,65m; Em 2005, um europeu médio da zona euro teria 2,46m de altura, suficiente para quase todos os europeus irem jogar basket para a NBA americana. (não falo dos luxemburgueses, que teriam 5,83m e não caberiam no seu pequeno país ou nos noruegueses, com 3,43m, que andariam à cabeçada quando nadassem nos fiordes).
Em 2006 e 2007 a economia portuguesa terá crescido 1,3% e 1,7% respectivamente (optimista, previsões do BES) enquanto a zona Euro terá crescido 2,6% e 2,0% (idem, idem, aspas, aspas).
O que representa, fazendo as contas, que um europeu médio tinha, em 1 de Agosto de 2008, uma altura média de 2,57m (2,46m + 2,6% + 2,0% - 0,2%) e português médio 1,71m (1,65m + 1,3% + 1,7% + 0,6%). Não se sentem orgulhosos de terem crescido 6cm? Sempre poupam na altura dos tacões dos sapatos e evitam esforços para se porem em bicos de pés, como habitualmente!
Um abraço do
Francisco Costa Duarte
PS – Já depois de escrito este texto fui ao oftalmologista que me disse que tenho as minhas lentes de contacto completamente desfocadas, o que me faz não distinguir sorrisos de caras tristes e/ou fechadas (é só uma posição dos cantos da boca), entre outras possíveis alucinações óptico/visuais. Aqui fica a correcção, que em nada afecta a restante prosa.
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 - 4º A2795-053 Linda-a-Velha
Ouvi hoje uma notícia na rádio - que não teve o destaque merecido e necessário - que me despertou para a nossa realidade social e que venho divulgar universalmente e no nosso blog, que está sempre em cima do acontecimento: o Sr. Ministro da Economia, o incontornável Dr. Manuel Pinho, comentou que no primeiro semestre de 2008 a economia portuguesa cresceu 0,6% enquanto a economia da zona euro desceu 0,2%.
Fiquei, como calculam, satisfeitíssimo! Nada que eu já não previsse pois, como bom observador, tenho vindo a notar os sorrisos na cara dos portugueses na rua, o rirem de satisfação nas bombas de gasolina quando pagam os combustíveis e quando liquidam aos bancos os empréstimos das suas casas ou comprovam nos telejornais a baixa drástica do desemprego até à taxa de 0,2%, (percentagem que representa, apenas, os paralíticos, doentes graves e paranóicos no Júlio de Matos que só poderão aproveitar a oferta de emprego em excesso nas próximas 2 semanas, após os necessários procedimentos burocráticos), o que levará a taxa de desemprego em Outubro para uns risonhos 0% (3% abaixo de zero se contarmos com os imigrantes franceses, alemães e holandeses que virão em catadupa para o paraíso económico que será Portugal. (Por favor, vejam nota PS no final deste texto).
Compreendo, no entanto, a vossa dificuldade em perceberem estes factos: a linguagem económica e matemática é difícil (Produto Interno Bruto, per capita, crescimento, exponencial, progressão geométrica, equação, derivada, média, mediana, etc.). Por isso resolvi ajudar-vos com exemplos simples.
Optei por comparar esta realidade económica em alturas de indivíduos porque todos vós sabeis o que é um calmeirão (um gajo muito alto) e um caga-tacos (um gajo muito baixinho). Não me exijam excessivo rigor porque senão: 1) os vossos neurónios explodiam com as explicações dos especialistas (problema de saúde pública); 2) Eu teria de exigir, pelo menos, 40% do ordenado do Sr. Governador do Banco de Portugal (problema politicamente incorrecto); 3) haveria revolução pela desigualdade de rendimentos (problema de cacetetada da polícia em nome da justiça “democrática”).
Vamos pois aos factos e números: vamos assumir que um português tem, em média, uma altura de 1,65m; Em 2005, um europeu médio da zona euro teria 2,46m de altura, suficiente para quase todos os europeus irem jogar basket para a NBA americana. (não falo dos luxemburgueses, que teriam 5,83m e não caberiam no seu pequeno país ou nos noruegueses, com 3,43m, que andariam à cabeçada quando nadassem nos fiordes).
Em 2006 e 2007 a economia portuguesa terá crescido 1,3% e 1,7% respectivamente (optimista, previsões do BES) enquanto a zona Euro terá crescido 2,6% e 2,0% (idem, idem, aspas, aspas).
O que representa, fazendo as contas, que um europeu médio tinha, em 1 de Agosto de 2008, uma altura média de 2,57m (2,46m + 2,6% + 2,0% - 0,2%) e português médio 1,71m (1,65m + 1,3% + 1,7% + 0,6%). Não se sentem orgulhosos de terem crescido 6cm? Sempre poupam na altura dos tacões dos sapatos e evitam esforços para se porem em bicos de pés, como habitualmente!
Um abraço do
Francisco Costa Duarte
PS – Já depois de escrito este texto fui ao oftalmologista que me disse que tenho as minhas lentes de contacto completamente desfocadas, o que me faz não distinguir sorrisos de caras tristes e/ou fechadas (é só uma posição dos cantos da boca), entre outras possíveis alucinações óptico/visuais. Aqui fica a correcção, que em nada afecta a restante prosa.
Francisco Costa Duarte
BI 1078780
Av. Carolina Michaelis, 33 - 4º A2795-053 Linda-a-Velha
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Página Culinária
Amigos taitianos,
Verifico que o nosso blog não teve actualizações em Agosto, o que é natural: não há futebol para a gente dizer mal dos árbitros e ainda é cedo para dizer mal dos treinadores; os políticos estão de férias e não dizem asneiras que possamos criticar (o Sócrates não fala da segurança e o ladrões aproveitam, a Ferreira Leite não fala de coisa nenhuma e o Marcelo, obviamente, não tem assunto) e nós e os outros portugueses estamos na praia, não temos de contestar o chefe e a proibição de namoro ou maçãs na praia não justifica chatearmo-nos e estragar o nosso banho.
Setembro, no entanto, é diferente, começa a pré-época do dizer mal e está na altura de reactivarmos o blog apesar do futebol estar ainda nos primeiros passos (jogadores novos, falta de entrosamento, blá, blá) e os políticos estarem ainda a aquecer para continuarem a dizer asneiras (a inflação e o desemprego vão descer, a economia vai crescer, os portugueses vão aumentar o seu nível de vida neste trimestre e em 2009, blá, blá).
Proponho, por isso, enquanto esperamos, que passemos a dar nota das nossas vivências em férias. Eu dou já o exemplo, inaugurando uma página de Culinária no nosso blog. Se todos os jornais, revistas de coração, televisões, têm um cozinheiro qualquer a dar-nos conselhos, porque não eu e o nosso blog?
Sempre me considerei um cozinheiro mediano (de mediana, da teoria de probabilidades e da estatística da matemática, isto é, vendo bem, faço parte da metade inferior da média dos homens portugueses na cozinha, o que não é um atributo de grande talento culinário (uns bifes, uns ovos mexidos, etc.). No entanto tenho um galardão importante, mais valioso que as estrelas Michelin: há muitos anos, num dia de férias em Tróia, quando a mãe teve de vir a Lisboa com a Mafalda para uma consulta médica de rotina, assumi o almoço, uma tortilha de ovos e chouriço e o meu filho Hugo, então com 4 anos e que andava a ver uns desenhos animados sobre o antigo Egipto, disse-me, entusiasmado, “pai, fizeste uma pirâmide de chouriço”! E era verdade, tive de cortar o monumento culinário com um corta-sebes em vez da faca normal mas nenhum de nós se queixou.
Pois agora, repeti a experiência mas com evidentes melhorias. Tenho estado sozinho em Alcobaça, (a Maria Amélia não tem férias e a minha cadela, obviamente, é uma boa companhia mas não é a mesma coisa), cumprindo o meu dever de agricultor que tem de regar, etc., fazendo o que deveria fazer o Sr. Ministro da Agricultura, que está sempre em Lisboa onde, tanto quanto sei, só há alguns grelos à venda em ruas, bares e discotecas que não são parte desta agricultura. E tive de me apurar na culinária. Aprendi a fazer refogados, sopas, etc..
Por exemplo: hoje comprei umas lulas limpas Pescanova ultracongeladas que trazia uma receita (não vos dou porque podem ver na embalagem) que segui à risca (bem, com pequenas alterações criativas – quem é que se lembra de alho francês, courgettes e dessas coisas globais, condenadas pela Quercus por serem estrangeiras e estragarem o ambiente nos transportes dos seus lugares longínquos de produção?). Não sei se foi por isso, aquilo encolhei tanto que uma receita de 4 pessoas mal deu para um homem e uma cadela. Mas acho que é do Marketing, não confiem nos tempos que eles dizem de cozedura, que o calor faz encolher ao contrário de outras coisas de que não é oportuno falar. Digo-vos que ficou delicioso porque eu não sou esquisito (no bem passado o meu limite é o esturricado) e a minha cadela é gourmet (come tudo desde o cru ao esturricado passando pelo podre, que são as tendências modernas nas cozinhas japonesa, chinesa e francesa).
Tirei, ainda, outra lição desta minha experiência culinária: experimentem preparar uma boa cebola de Alcobaça que, como não é de aviário, ainda vos faz chorar em abundância. O que me lembrou de uma solução para o actual alto número de assaltos a bombas de gasolina e caixas multibanco. Em vez das soluções idiotas propostas pelo governo (câmaras de vigilância – se tiverem grande resolução vêem a marca das meias de nylon usadas para encapuçar? Empresas privadas de segurança – quem paga a ineficácia da polícia, muitos dos seguranças merecem a confiança que se vê nas discotecas?), eu proponho: encham a caixas multibanco, para além de dinheiro para a gente gastar no consumismo, de extracto de cebola de Alcobaça, para disparar quando a caixa for arrancada por roubo: a polícia encontrará os ladrões a chorar pela mãe e facilmente neutralizáveis.
Um abraço bem disposto do
Francisco Costa Duarte
Verifico que o nosso blog não teve actualizações em Agosto, o que é natural: não há futebol para a gente dizer mal dos árbitros e ainda é cedo para dizer mal dos treinadores; os políticos estão de férias e não dizem asneiras que possamos criticar (o Sócrates não fala da segurança e o ladrões aproveitam, a Ferreira Leite não fala de coisa nenhuma e o Marcelo, obviamente, não tem assunto) e nós e os outros portugueses estamos na praia, não temos de contestar o chefe e a proibição de namoro ou maçãs na praia não justifica chatearmo-nos e estragar o nosso banho.
Setembro, no entanto, é diferente, começa a pré-época do dizer mal e está na altura de reactivarmos o blog apesar do futebol estar ainda nos primeiros passos (jogadores novos, falta de entrosamento, blá, blá) e os políticos estarem ainda a aquecer para continuarem a dizer asneiras (a inflação e o desemprego vão descer, a economia vai crescer, os portugueses vão aumentar o seu nível de vida neste trimestre e em 2009, blá, blá).
Proponho, por isso, enquanto esperamos, que passemos a dar nota das nossas vivências em férias. Eu dou já o exemplo, inaugurando uma página de Culinária no nosso blog. Se todos os jornais, revistas de coração, televisões, têm um cozinheiro qualquer a dar-nos conselhos, porque não eu e o nosso blog?
Sempre me considerei um cozinheiro mediano (de mediana, da teoria de probabilidades e da estatística da matemática, isto é, vendo bem, faço parte da metade inferior da média dos homens portugueses na cozinha, o que não é um atributo de grande talento culinário (uns bifes, uns ovos mexidos, etc.). No entanto tenho um galardão importante, mais valioso que as estrelas Michelin: há muitos anos, num dia de férias em Tróia, quando a mãe teve de vir a Lisboa com a Mafalda para uma consulta médica de rotina, assumi o almoço, uma tortilha de ovos e chouriço e o meu filho Hugo, então com 4 anos e que andava a ver uns desenhos animados sobre o antigo Egipto, disse-me, entusiasmado, “pai, fizeste uma pirâmide de chouriço”! E era verdade, tive de cortar o monumento culinário com um corta-sebes em vez da faca normal mas nenhum de nós se queixou.
Pois agora, repeti a experiência mas com evidentes melhorias. Tenho estado sozinho em Alcobaça, (a Maria Amélia não tem férias e a minha cadela, obviamente, é uma boa companhia mas não é a mesma coisa), cumprindo o meu dever de agricultor que tem de regar, etc., fazendo o que deveria fazer o Sr. Ministro da Agricultura, que está sempre em Lisboa onde, tanto quanto sei, só há alguns grelos à venda em ruas, bares e discotecas que não são parte desta agricultura. E tive de me apurar na culinária. Aprendi a fazer refogados, sopas, etc..
Por exemplo: hoje comprei umas lulas limpas Pescanova ultracongeladas que trazia uma receita (não vos dou porque podem ver na embalagem) que segui à risca (bem, com pequenas alterações criativas – quem é que se lembra de alho francês, courgettes e dessas coisas globais, condenadas pela Quercus por serem estrangeiras e estragarem o ambiente nos transportes dos seus lugares longínquos de produção?). Não sei se foi por isso, aquilo encolhei tanto que uma receita de 4 pessoas mal deu para um homem e uma cadela. Mas acho que é do Marketing, não confiem nos tempos que eles dizem de cozedura, que o calor faz encolher ao contrário de outras coisas de que não é oportuno falar. Digo-vos que ficou delicioso porque eu não sou esquisito (no bem passado o meu limite é o esturricado) e a minha cadela é gourmet (come tudo desde o cru ao esturricado passando pelo podre, que são as tendências modernas nas cozinhas japonesa, chinesa e francesa).
Tirei, ainda, outra lição desta minha experiência culinária: experimentem preparar uma boa cebola de Alcobaça que, como não é de aviário, ainda vos faz chorar em abundância. O que me lembrou de uma solução para o actual alto número de assaltos a bombas de gasolina e caixas multibanco. Em vez das soluções idiotas propostas pelo governo (câmaras de vigilância – se tiverem grande resolução vêem a marca das meias de nylon usadas para encapuçar? Empresas privadas de segurança – quem paga a ineficácia da polícia, muitos dos seguranças merecem a confiança que se vê nas discotecas?), eu proponho: encham a caixas multibanco, para além de dinheiro para a gente gastar no consumismo, de extracto de cebola de Alcobaça, para disparar quando a caixa for arrancada por roubo: a polícia encontrará os ladrões a chorar pela mãe e facilmente neutralizáveis.
Um abraço bem disposto do
Francisco Costa Duarte
sábado, 2 de agosto de 2008
Pasmem-se com o nosso governo
Amigos,
Há coisas neste país que eu não consigo entender. E quando parte deste governo ainda entendo menos: li no Expresso que o governo vai mexer na pensão dos antigos combatentes já reformados.
Conto a história desde o início! O governo Guterres publicou uma lei estabelecendo um adicional à pensão de reforma aos antigos combatentes, como compensação, 25 ou 30 anos depois, pelos sacrifícios em nome da pátria, blá, blá. Nunca foi regulamentada nem nunca entrou em vigor, logo enganou 700 mil portugueses. No governo Durão Barroso, o Ministro Paulo Portas, com uma enorme propaganda, fez nova lei, atribuindo o equivalente a 2 ou 3 maços de tabaco por mês aos antigos combatentes. O valor era tão ridículo que pensei em devolvê-lo e só por inércia não o fiz.
A lei está em vigor e em Novembro lá recebo o tal pequeno anexo. Pois, pasmem! Como não uivámos o suficiente, este governo vai mexer na lei Portas, para baixar o encargo em 13 milhões de euros/ano, gota de água no oceano da mesa do Orçamento, de que tantos comem indevidamente! Na mesma altura em que perdoa, contra a sua própria filosofia e, até, a filosofia de Manuela Ferreira Leite quando Ministra das Finanças, 270 milhões de Euros, “limpando” o deficit da Madeira do Sr. Jardim, que nem sequer agradece, nas suas palavras, aos “bastardos para não lhes chamar filhos da puta”!
Que me perdoem os adversários do Governo que acham que são opções políticas erradas ou estar do lado dos ricos. É mais do que isso: é estupidez e mesquinhez política. Temo que seja insanidade político-mental, porque nem eleitoralismo consigo vislumbrar.
Toda a Europa civilizada, que não pode ser acusada de revolucionária ou comunista, nos aponta o fosso entre ricos e pobres, aumentado com este governo, a falta de políticas de apoio ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas, que dão o emprego, o domínio dos lobbies dos ricos e das empresas monopolistas e os respectivos lucros especulativos. Mas é fácil de ver que o nosso governo terá, talvez, medíocres e razoáveis tecnocratas mas como políticos ainda estão muito longe dos civilizados europeus. Sem ofensa ao país africano do 4º mundo, o Burkina Faso não faria melhor.
Francisco Costa Duarte
Há coisas neste país que eu não consigo entender. E quando parte deste governo ainda entendo menos: li no Expresso que o governo vai mexer na pensão dos antigos combatentes já reformados.
Conto a história desde o início! O governo Guterres publicou uma lei estabelecendo um adicional à pensão de reforma aos antigos combatentes, como compensação, 25 ou 30 anos depois, pelos sacrifícios em nome da pátria, blá, blá. Nunca foi regulamentada nem nunca entrou em vigor, logo enganou 700 mil portugueses. No governo Durão Barroso, o Ministro Paulo Portas, com uma enorme propaganda, fez nova lei, atribuindo o equivalente a 2 ou 3 maços de tabaco por mês aos antigos combatentes. O valor era tão ridículo que pensei em devolvê-lo e só por inércia não o fiz.
A lei está em vigor e em Novembro lá recebo o tal pequeno anexo. Pois, pasmem! Como não uivámos o suficiente, este governo vai mexer na lei Portas, para baixar o encargo em 13 milhões de euros/ano, gota de água no oceano da mesa do Orçamento, de que tantos comem indevidamente! Na mesma altura em que perdoa, contra a sua própria filosofia e, até, a filosofia de Manuela Ferreira Leite quando Ministra das Finanças, 270 milhões de Euros, “limpando” o deficit da Madeira do Sr. Jardim, que nem sequer agradece, nas suas palavras, aos “bastardos para não lhes chamar filhos da puta”!
Que me perdoem os adversários do Governo que acham que são opções políticas erradas ou estar do lado dos ricos. É mais do que isso: é estupidez e mesquinhez política. Temo que seja insanidade político-mental, porque nem eleitoralismo consigo vislumbrar.
Toda a Europa civilizada, que não pode ser acusada de revolucionária ou comunista, nos aponta o fosso entre ricos e pobres, aumentado com este governo, a falta de políticas de apoio ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas, que dão o emprego, o domínio dos lobbies dos ricos e das empresas monopolistas e os respectivos lucros especulativos. Mas é fácil de ver que o nosso governo terá, talvez, medíocres e razoáveis tecnocratas mas como políticos ainda estão muito longe dos civilizados europeus. Sem ofensa ao país africano do 4º mundo, o Burkina Faso não faria melhor.
Francisco Costa Duarte
quinta-feira, 31 de julho de 2008
Comunicação do Sr. Presidente da República
Normalmente, procuro não reagir a quente mas desta vez tem de ser (e com isto estou a atrasar o meu jantar, vejam como considero importante para mim e para a Nação).
O Sr. Presidente da República, Cavaco Silva, (se eu tivesse a educação do Sr. Alberto João Jardim diria o Sr. Silva) deixou os portugueses em suspenso todo um dia, contra o seu hábito, anunciando uma intervenção excepcional e importante, nas Tv´s, à hora dos Telejornais, caindo ao nível de um qualquer Director de Marketing partidário.
E que veio dizer o Sr. Presidente da República aos portugueses? Veio mostrar-se preocupado pelo desemprego, pelas dificuldades dos portugueses em pagarem a casa que lhe venderam especulativamente, pela insegurança que a população sente, pela impunidade de crimes económicos e de posse de armas, pelos lucros especulativos dos bancos e das petrolíferas, pelo pessimismo e derrotismo que os portugueses mostram? Não!
O que o Sr. Presidente da República veio dizer é que é o galo e lhe invadiram o galinheiro! Senão vejamos, se não estou enganado:
- o estatuto dos Açores foi aprovado pela Assembleia da República por unanimidade por todos os partidos, coisa rara;
- o Sr. Presidente da República teve dúvidas, legítimas, em 13 das normas e remeteu o estatuto ao Tribunal Constitucional;
- este deu-lhe razão em 8 das 13 normas duvidosas e os diversos partidos comunicaram aos portugueses que estavam disponíveis para rever os eventuais “erros” constitucionais;
- ao fazer todo este aparato o Sr. Presidente da República disse-me que o que é importante são as coisas formais do seu galinheiro e não as dificuldades que os portugueses pobres e remediados passam; e
- que não devo acreditar nas instituições democráticas, sejam quais forem; É uma boa e didáctica orientação da primeira figura do Estado!
O que me preocupa não é a opinião do Sr. Presidente, que é legítima, mesma que ache idiota a forma de a expressar! O que me preocupa é que nos próximos dias vou ser bombardeado pelos comentários dos doutos comentadores da Comunicação Social! Para manter a minha sanidade mental, vou enfiar algodão nos ouvidos! O meu conselho é que façam o mesmo!
E, já agora, passar a considerar o Sr. Presidente da República o nosso galo do galinheiro, numa figura próxima do filme "A Revolta das Galinhas", que vos aconselho a rever, descontraídamente, neste período de férias.
Francisco Costa Duarte
O Sr. Presidente da República, Cavaco Silva, (se eu tivesse a educação do Sr. Alberto João Jardim diria o Sr. Silva) deixou os portugueses em suspenso todo um dia, contra o seu hábito, anunciando uma intervenção excepcional e importante, nas Tv´s, à hora dos Telejornais, caindo ao nível de um qualquer Director de Marketing partidário.
E que veio dizer o Sr. Presidente da República aos portugueses? Veio mostrar-se preocupado pelo desemprego, pelas dificuldades dos portugueses em pagarem a casa que lhe venderam especulativamente, pela insegurança que a população sente, pela impunidade de crimes económicos e de posse de armas, pelos lucros especulativos dos bancos e das petrolíferas, pelo pessimismo e derrotismo que os portugueses mostram? Não!
O que o Sr. Presidente da República veio dizer é que é o galo e lhe invadiram o galinheiro! Senão vejamos, se não estou enganado:
- o estatuto dos Açores foi aprovado pela Assembleia da República por unanimidade por todos os partidos, coisa rara;
- o Sr. Presidente da República teve dúvidas, legítimas, em 13 das normas e remeteu o estatuto ao Tribunal Constitucional;
- este deu-lhe razão em 8 das 13 normas duvidosas e os diversos partidos comunicaram aos portugueses que estavam disponíveis para rever os eventuais “erros” constitucionais;
- ao fazer todo este aparato o Sr. Presidente da República disse-me que o que é importante são as coisas formais do seu galinheiro e não as dificuldades que os portugueses pobres e remediados passam; e
- que não devo acreditar nas instituições democráticas, sejam quais forem; É uma boa e didáctica orientação da primeira figura do Estado!
O que me preocupa não é a opinião do Sr. Presidente, que é legítima, mesma que ache idiota a forma de a expressar! O que me preocupa é que nos próximos dias vou ser bombardeado pelos comentários dos doutos comentadores da Comunicação Social! Para manter a minha sanidade mental, vou enfiar algodão nos ouvidos! O meu conselho é que façam o mesmo!
E, já agora, passar a considerar o Sr. Presidente da República o nosso galo do galinheiro, numa figura próxima do filme "A Revolta das Galinhas", que vos aconselho a rever, descontraídamente, neste período de férias.
Francisco Costa Duarte
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Os Automóveis Electricos
Jaime e Arnaldo,
A propósito de um ficheiro, mostrando a destruição em massa de automóveis electricos pelos respectivos construtores, que o Taitiano Arnaldo e o meu amigo Jaime me enviaram, resolvi fazer uma investigaçãozinha porque me fazia cócegas um construtor automóvel como, por exemplo, a Toyota, destruir um seu produto com êxito e futuro. É isso que venho partilhar convosco.
Um pouco de história.
1 - os motores eléctricos nunca foram o problema: é uma tecnologia dominada desde o fim do Século 19. Os comboios andam com motores eléctricos, mesmo os Diesel, cujo motor produz a energia eléctrica; os velhos eléctricos de Lisboa tinham motores de 80 KW; até o maior barco do Mundo, o Queen Mary II, tem motores eléctricos, com o Diesel a produzir a electricidade e nos anos 30 havia automóveis eléctricos que faziam velocidades de 160 km/hora.
2 – O problema sempre foi o armazenamento, isto é, as baterias. Lembram-se das velhas baterias da Tudor, pretas e cheias de água destilada com ácido sulfúrico diluído? Há, pelo menos, duas ou três dezenas de ex-colegas meus da Lucas que sabem, melhor do que eu, do que estou a falar. Nos velhos Carochas, como a minha velha “fourgonette” de campismo, com bateria de 6 volts, era uma aventura andar de noite muito tempo porque o consumo adicional dos faróis “limpava” a bateria! Até as vulgares pilhas pequeninas e redondinhas eram ácidas e babavam-se, estragando-nos os radiozinhos que então tínhamos para ouvir os relatos de futebol.
3 – Mas a conquista do espaço, os telemóveis, os Pc portáteis, precisavam de melhores baterias (não estou a ver ninguém a falar ao telemóvel com 20 kg. de baterias às costas!). A melhoria inventada pelo Sr. Oshitani da Yuasa japonesa e desenvolvida pela Philips e CNRS francesa nos anos 70, permitiu ainda mais melhorias pelo Sr. Ovshinsky, professor da Universidade de Stanford e fundador da empresa Ovonics que em 1986 patenteou as baterias NiMh (nickel metal hybride), de muito melhor performance. Eram aquelas baterias que vinham nos nossos primeiros telemóveis e que davam o “bafo” depois de algumas cargas. Lembro-me dos vendedores da Lucas, que punham nos kits dos carros para carregarem e se queixavam que a bateria dava o bafo ao fim de três meses! A Ovonics vendeu a patente à General Motors para desenvolvimento e daí surgirem os carros que vêm no ficheiro (o EV1 da GM, o Nissan Hypermini, a Toyota RAV4-EV).
4 – O problema reportado no ficheiro começa em 2002 quando a GM com problemas de rentabilidade para os seus accionistas e naquela lógica bolsista tipicamente capitalista (onde é que eu já vi isto?), vende as patentes à Chevron, antiga Texaco, apenas a maior empresa petrolífera do mundo! Obviamente a Chevron proibiu a Toyota, a GM e a Nissan de usarem as baterias para desenvolvimento de automóveis eléctricos! Daí as destruições, os movimentos de protesto de muitas entidades e particulares americanos, alguns deles com certo peso mediático como Schwartzenegger ou Howard Stein.
5 – Hoje já estamos noutra: as baterias de lítio, Li-ion, que equipa os telemóveis ou portáteis actuais, têm o dobro da capacidade para o mesmo peso e têm um limite muito mais alargado quanto ao número de cargas, comparadas com as NiMh. É esta a aposta da Renault/Nissan, da Volvo, da Ford e de outros construtores automóveis que têm os seus interesses e não estão dispostos a ficarem prisioneiros dos interesses dos petróleos do Sr. Bush e companhia.
6 – A este projecto juntou-se o israelita que acrescentou a ideia lógica: as estações de serviço para carregamento e/ou aluguer de baterias. É sempre mais barato usar a electricidade pelo cabo que já têm do que levar de camião, todos os dias, milhares de litros de gasolina para abastecer os depósitos de armazenamento, às vezes debaixo de prédios de habitação, com os perigos inerentes. Em Portugal é visível esta luta pelo controlo da energia entre a EDP e a GALP, para ver qual delas vai ter o privilégio de nos explorar mais no futuro. Foi a este projecto Renault/israelita que o Sócrates aderiu, com a Dinamarca e Israel, na fase experimental. E acho que, desta vez, terá feito bem (até os relógios parados estão certos duas vezes por dia).
7 – A minha dúvida é se a Renault está na primeira linha! A performance e datas anunciadas estão, aparentemente, atrás de, por exemplo, da Tesla Motors americana. Vejam, por exemplo, o site www.teslamotors.com e babem-se com o carro proposto. Só têm de preparar os € 100000 que ele custa.
A propósito de um ficheiro, mostrando a destruição em massa de automóveis electricos pelos respectivos construtores, que o Taitiano Arnaldo e o meu amigo Jaime me enviaram, resolvi fazer uma investigaçãozinha porque me fazia cócegas um construtor automóvel como, por exemplo, a Toyota, destruir um seu produto com êxito e futuro. É isso que venho partilhar convosco.
Um pouco de história.
1 - os motores eléctricos nunca foram o problema: é uma tecnologia dominada desde o fim do Século 19. Os comboios andam com motores eléctricos, mesmo os Diesel, cujo motor produz a energia eléctrica; os velhos eléctricos de Lisboa tinham motores de 80 KW; até o maior barco do Mundo, o Queen Mary II, tem motores eléctricos, com o Diesel a produzir a electricidade e nos anos 30 havia automóveis eléctricos que faziam velocidades de 160 km/hora.
2 – O problema sempre foi o armazenamento, isto é, as baterias. Lembram-se das velhas baterias da Tudor, pretas e cheias de água destilada com ácido sulfúrico diluído? Há, pelo menos, duas ou três dezenas de ex-colegas meus da Lucas que sabem, melhor do que eu, do que estou a falar. Nos velhos Carochas, como a minha velha “fourgonette” de campismo, com bateria de 6 volts, era uma aventura andar de noite muito tempo porque o consumo adicional dos faróis “limpava” a bateria! Até as vulgares pilhas pequeninas e redondinhas eram ácidas e babavam-se, estragando-nos os radiozinhos que então tínhamos para ouvir os relatos de futebol.
3 – Mas a conquista do espaço, os telemóveis, os Pc portáteis, precisavam de melhores baterias (não estou a ver ninguém a falar ao telemóvel com 20 kg. de baterias às costas!). A melhoria inventada pelo Sr. Oshitani da Yuasa japonesa e desenvolvida pela Philips e CNRS francesa nos anos 70, permitiu ainda mais melhorias pelo Sr. Ovshinsky, professor da Universidade de Stanford e fundador da empresa Ovonics que em 1986 patenteou as baterias NiMh (nickel metal hybride), de muito melhor performance. Eram aquelas baterias que vinham nos nossos primeiros telemóveis e que davam o “bafo” depois de algumas cargas. Lembro-me dos vendedores da Lucas, que punham nos kits dos carros para carregarem e se queixavam que a bateria dava o bafo ao fim de três meses! A Ovonics vendeu a patente à General Motors para desenvolvimento e daí surgirem os carros que vêm no ficheiro (o EV1 da GM, o Nissan Hypermini, a Toyota RAV4-EV).
4 – O problema reportado no ficheiro começa em 2002 quando a GM com problemas de rentabilidade para os seus accionistas e naquela lógica bolsista tipicamente capitalista (onde é que eu já vi isto?), vende as patentes à Chevron, antiga Texaco, apenas a maior empresa petrolífera do mundo! Obviamente a Chevron proibiu a Toyota, a GM e a Nissan de usarem as baterias para desenvolvimento de automóveis eléctricos! Daí as destruições, os movimentos de protesto de muitas entidades e particulares americanos, alguns deles com certo peso mediático como Schwartzenegger ou Howard Stein.
5 – Hoje já estamos noutra: as baterias de lítio, Li-ion, que equipa os telemóveis ou portáteis actuais, têm o dobro da capacidade para o mesmo peso e têm um limite muito mais alargado quanto ao número de cargas, comparadas com as NiMh. É esta a aposta da Renault/Nissan, da Volvo, da Ford e de outros construtores automóveis que têm os seus interesses e não estão dispostos a ficarem prisioneiros dos interesses dos petróleos do Sr. Bush e companhia.
6 – A este projecto juntou-se o israelita que acrescentou a ideia lógica: as estações de serviço para carregamento e/ou aluguer de baterias. É sempre mais barato usar a electricidade pelo cabo que já têm do que levar de camião, todos os dias, milhares de litros de gasolina para abastecer os depósitos de armazenamento, às vezes debaixo de prédios de habitação, com os perigos inerentes. Em Portugal é visível esta luta pelo controlo da energia entre a EDP e a GALP, para ver qual delas vai ter o privilégio de nos explorar mais no futuro. Foi a este projecto Renault/israelita que o Sócrates aderiu, com a Dinamarca e Israel, na fase experimental. E acho que, desta vez, terá feito bem (até os relógios parados estão certos duas vezes por dia).
7 – A minha dúvida é se a Renault está na primeira linha! A performance e datas anunciadas estão, aparentemente, atrás de, por exemplo, da Tesla Motors americana. Vejam, por exemplo, o site www.teslamotors.com e babem-se com o carro proposto. Só têm de preparar os € 100000 que ele custa.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Estória Taitiana com o Artur Margalho
Ao receber um e-mail do nosso amigo Artur, lembrei-me de uma estória taitiana com o dito, que eu, como sabem, sou um chato provocador e de boa memória.
Conheço o Artur, tal como os outros taitianos e afins, há muitos anos (aliás, creio que o taitiano que conheço há menos tempo é a minha filha Mafalda). Então, há muitos, muitos anos, o Artur estudava na Faculdade de Letras e trabalhava na Lusa (creio que, na altura, se chamava ANOP).
O Artur já era, na época, um homem informado e o seu trabalho era, principalmente, traduzir e adaptar pequenas mas importantes notícias, do género “A senhora Margaret Whitehouse, de 83 anos, deixou, por pequeno descuido, cair o seu gato, de nome Pussycat, de 3 anos e meio, do 7º andar da sua habitação, em Shirley, West Midlands. A referida senhora contou ao Daily Mirror que o seu querido gatinho, depois de várias manobras acrobáticas, aterrou na via pública nas suas quatro patas, saindo ileso do triste incidente. A senhora Whitehouse, no entanto, mostrou a sua estranheza por o gato, actualmente, não a deixar aproximar-se a menos de 10 metros, miando ameaçadoramente, arquendo o dorso com o pelo em pé e mostrando as lindas unhas das suas patas, concluindo que isso se deverá a querer repetir a experiência a partir do 12º andar, para mais adrenalina”.
A Lusa, com muito lucro, vendia estas notícias aos jornais para estes taparem os buracos em branco na composição do jornal motivados pelos cortes da Censura.
Já imaginaram o que seria hoje um investigador, ao ler os jornais da época, encontrar buracos em branco na capa do jornal? Concluiria, porque já nem sabe que havia Censura, que se tratava de incúria e incompetência dos jornalistas de então! E isto só não acontece devido ao trabalho abnegado e competente do nosso Artur! Só por isto o Artur merecia um busto no Sindicato dos Jornalistas!
Há imensas injustiças na História da Humanidade. Por exemplo: toda a gente fala do Requiem de Mozart, que não o completou – embora por uma boa razão, morreu antes - tendo sido um seu discípulo que o terminou. No entanto, ninguém sabe, nem eu, o nome desse discípulo!
É essa a razão deste texto e a moral da estória: o mérito de terem um bom aspecto gráfico e estético e darem boa informação, em vez de brancas, não é dos jornais! É do nosso Artur! Aqui fica o meu testemunho para repor a verdade e ficar para memória futura!
Francisco Costa Duarte
Conheço o Artur, tal como os outros taitianos e afins, há muitos anos (aliás, creio que o taitiano que conheço há menos tempo é a minha filha Mafalda). Então, há muitos, muitos anos, o Artur estudava na Faculdade de Letras e trabalhava na Lusa (creio que, na altura, se chamava ANOP).
O Artur já era, na época, um homem informado e o seu trabalho era, principalmente, traduzir e adaptar pequenas mas importantes notícias, do género “A senhora Margaret Whitehouse, de 83 anos, deixou, por pequeno descuido, cair o seu gato, de nome Pussycat, de 3 anos e meio, do 7º andar da sua habitação, em Shirley, West Midlands. A referida senhora contou ao Daily Mirror que o seu querido gatinho, depois de várias manobras acrobáticas, aterrou na via pública nas suas quatro patas, saindo ileso do triste incidente. A senhora Whitehouse, no entanto, mostrou a sua estranheza por o gato, actualmente, não a deixar aproximar-se a menos de 10 metros, miando ameaçadoramente, arquendo o dorso com o pelo em pé e mostrando as lindas unhas das suas patas, concluindo que isso se deverá a querer repetir a experiência a partir do 12º andar, para mais adrenalina”.
A Lusa, com muito lucro, vendia estas notícias aos jornais para estes taparem os buracos em branco na composição do jornal motivados pelos cortes da Censura.
Já imaginaram o que seria hoje um investigador, ao ler os jornais da época, encontrar buracos em branco na capa do jornal? Concluiria, porque já nem sabe que havia Censura, que se tratava de incúria e incompetência dos jornalistas de então! E isto só não acontece devido ao trabalho abnegado e competente do nosso Artur! Só por isto o Artur merecia um busto no Sindicato dos Jornalistas!
Há imensas injustiças na História da Humanidade. Por exemplo: toda a gente fala do Requiem de Mozart, que não o completou – embora por uma boa razão, morreu antes - tendo sido um seu discípulo que o terminou. No entanto, ninguém sabe, nem eu, o nome desse discípulo!
É essa a razão deste texto e a moral da estória: o mérito de terem um bom aspecto gráfico e estético e darem boa informação, em vez de brancas, não é dos jornais! É do nosso Artur! Aqui fica o meu testemunho para repor a verdade e ficar para memória futura!
Francisco Costa Duarte
Primeiro os cães, depois os carros e ... as pessoas
No reino/república em que vivemos, o governo decidiu primeiro avançar com a ideia de todos termos um único cartão de identificação, juntando num só pedaço de plástico os dados até então existentes em cinco cartões. Só vantagens, só vantagens, disseram os do Governo.
Há semanas, a decisão foi colocar uns "chips" nos cães, para que os fiéis amigos do homem pudessem facilmente ser localizados, caso se perdessem ou caso fossem abandonados.
Como a ideia até colheu uns aplausos, aproveitou-se a época estival para dar mais um passo em frente: dotar os carros de uns "chips" (devem ser os mesmos, para aproveitar sinergias ou a globalização!) para verificar se têm seguro e se foram à inspecção. Mais aplausos, até do ACP (estou a pensar em desistir de sócio!), embora algumas vozes tenham alertado para o perigo (inexistente, claro, para o Governo, e seus defensores) de tal poder ser usado para controlar o movimento dos veículos e das pessoas.
Resolvido o caso dos veículos, pouco faltará para que o passo seguinte seja colocar um "chip" nas pessoas, obviamente para sua protecção e segurança. Talvez a primeira ideia seja colocá-lo nas crianças, logo à nascença, com o argumento de que assim se evitarão os raptos nas maternidades, mas logo virão seguramente defender a extensão da medida ao resto da população.
Mas quem controla o quê? Quem vai ficar a monitorizar o movimento dos cães, dos carros? Não bastam já os certificados de vacina, os registos, os selos, as apólices, as cartas verdes, ou será necessário um mais fácil meio de controlar tudo e todos? Alerta, companheiros! É necessário estar prevenido para as notícias e campanhas que surgem durante o Verão, quando grande parte da população está mais distraída com dietas, praias, fatos de banho, bikinis reduzidos, transferências de futebolistas, viagens reais ou só em sonho....
Demasiados controlos, para o meu gosto. A nossa ilha taitiana não merece, nem precisa de tais modernices. Os "chips", ao contrário dos "ships" que traziam as garinas britânicas, não são bem-vindos!
Há semanas, a decisão foi colocar uns "chips" nos cães, para que os fiéis amigos do homem pudessem facilmente ser localizados, caso se perdessem ou caso fossem abandonados.
Como a ideia até colheu uns aplausos, aproveitou-se a época estival para dar mais um passo em frente: dotar os carros de uns "chips" (devem ser os mesmos, para aproveitar sinergias ou a globalização!) para verificar se têm seguro e se foram à inspecção. Mais aplausos, até do ACP (estou a pensar em desistir de sócio!), embora algumas vozes tenham alertado para o perigo (inexistente, claro, para o Governo, e seus defensores) de tal poder ser usado para controlar o movimento dos veículos e das pessoas.
Resolvido o caso dos veículos, pouco faltará para que o passo seguinte seja colocar um "chip" nas pessoas, obviamente para sua protecção e segurança. Talvez a primeira ideia seja colocá-lo nas crianças, logo à nascença, com o argumento de que assim se evitarão os raptos nas maternidades, mas logo virão seguramente defender a extensão da medida ao resto da população.
Mas quem controla o quê? Quem vai ficar a monitorizar o movimento dos cães, dos carros? Não bastam já os certificados de vacina, os registos, os selos, as apólices, as cartas verdes, ou será necessário um mais fácil meio de controlar tudo e todos? Alerta, companheiros! É necessário estar prevenido para as notícias e campanhas que surgem durante o Verão, quando grande parte da população está mais distraída com dietas, praias, fatos de banho, bikinis reduzidos, transferências de futebolistas, viagens reais ou só em sonho....
Demasiados controlos, para o meu gosto. A nossa ilha taitiana não merece, nem precisa de tais modernices. Os "chips", ao contrário dos "ships" que traziam as garinas britânicas, não são bem-vindos!
quarta-feira, 9 de julho de 2008
A Silly Season Taitiana
O Mário, demonstrando porque é o nosso organizador-mor, veio lembrar-nos a “Silly Season”. E, como é das boas práticas dos manuais, deu-nos, primeiro, a má notícia: em Agosto não há condições para o nosso almoço, só podemos salivar com saudades dos peixinhos da horta! E, depois, a boa notícia: ESTAMOS NAS FÉRIAAAAAAAS!
Para a maioria dos Portugueses, no seu direito adquirido constitucionalmente, a “Silly Season”, até pelo nome, significa “não me chateies que nos últimos meses já aturei o chefe” e “deixa-me estender na espreguiçadeira e faz-me cócegas na planta dos pés”.
Para os Taitianos também, mas não só! Nós, como o Mourinho, somos “special ones”!
Há uns anos, muitos Taitianos, na “Silly Season” da época, editaram um jornal, o Correio de Férias, que até teve direito a uma ou duas edições “Coloniais”, quando alguns de nós foram de “férias” para Angola, Moçambique, Timor, Guiné. Como não havia blogs nem e-mails, dava-se notícias de nós e dos nossos sítios de férias, mandando postais ilustrados e cartas e editava-se o tal jornal colectivo policopiado e clandestino.
E não é que foi um sucesso e o tal jornaleco tinha, entre os Taitianos, mais “share” – é assim que se diz, não é, Artur? – que o Diário de Notícias?
Pois é isto que é exigido hoje a um Taitiano que se preze: que dê notícias de si, que descreva o seu sítio de férias, que o fotografe e informe a malta. Através do nosso blog, obviamente. Vamos fazer o Correio de Férias cibernético, para mostrar que somos uns cotas evoluídos!
Francisco Costa Duarte
Para a maioria dos Portugueses, no seu direito adquirido constitucionalmente, a “Silly Season”, até pelo nome, significa “não me chateies que nos últimos meses já aturei o chefe” e “deixa-me estender na espreguiçadeira e faz-me cócegas na planta dos pés”.
Para os Taitianos também, mas não só! Nós, como o Mourinho, somos “special ones”!
Há uns anos, muitos Taitianos, na “Silly Season” da época, editaram um jornal, o Correio de Férias, que até teve direito a uma ou duas edições “Coloniais”, quando alguns de nós foram de “férias” para Angola, Moçambique, Timor, Guiné. Como não havia blogs nem e-mails, dava-se notícias de nós e dos nossos sítios de férias, mandando postais ilustrados e cartas e editava-se o tal jornal colectivo policopiado e clandestino.
E não é que foi um sucesso e o tal jornaleco tinha, entre os Taitianos, mais “share” – é assim que se diz, não é, Artur? – que o Diário de Notícias?
Pois é isto que é exigido hoje a um Taitiano que se preze: que dê notícias de si, que descreva o seu sítio de férias, que o fotografe e informe a malta. Através do nosso blog, obviamente. Vamos fazer o Correio de Férias cibernético, para mostrar que somos uns cotas evoluídos!
Francisco Costa Duarte
Etiquetas:
Férias; Almoços; Entre Copos
Bom dia, cara (s) e caro (s) amigos Taitianos.
Vem aí a "Silly Season". Vamos a banhos!
Isto quer dizer que corremos o risco de não ter "quorum" para uns "peixinhos da horta" no almoço de Agosto. Assim, vamos voltar a reunir apenas na 1ª sexta-feira de Setembro.
Na altura volto a lembrar-vos, e quero que estejam todos presentes - nada de "baldas", daquele bocado de bom e interessante convívio.
Até lá e um abraço do Mário.
Vem aí a "Silly Season". Vamos a banhos!
Isto quer dizer que corremos o risco de não ter "quorum" para uns "peixinhos da horta" no almoço de Agosto. Assim, vamos voltar a reunir apenas na 1ª sexta-feira de Setembro.
Na altura volto a lembrar-vos, e quero que estejam todos presentes - nada de "baldas", daquele bocado de bom e interessante convívio.
Até lá e um abraço do Mário.
sábado, 5 de julho de 2008
Manual de Instruções do Blog Taitiano
Lena,
Aí vai a "tecnologia" para escreveres os novos textos de que estamos todos à espera.
1 - Vais ao Blog, por exemplo clicando no endereço abaixo;
2 - Na página inicial, em cima à direita, aparece "Iniciar Sessão". Clicas aí e aparece outra página;
3 - Indicas o endereço do teu e-mail - que é gmail, logo reconhecido - e a respectiva password;
4 - escolhes "Nova Mansagem";
4 - Abrem-se as auto-estradas literárias para escreveres e
5 - clicas em "publicar";
Para escrever comentários a posts de outras pessoas, ou teus em resposta a comentários de outros,
1 - vais ao texto que pretendes;
2 - no fim do texto clicas em "comentários" - onde o computador conta os comentários respectivos já existentes;
3 - escreves, no local respectivo, o comentário;
4 - fazes o teste das letrinhas à direita, para o computador confirmar que não bebeste mais do que dois bagaços no fim da refeição;
5 - Indicas o endereço do teu e-mail - que é gmail, logo reconhecido - e a respectiva password ou escolhes "anónimo"; e
6 - clicas em "publicar";
Se nada disto resultar, chamas-me nabo e telefonas ao Mário, que é ele que percebe disto.
Isto tudo só é verdade para todos os Taitianos que tenham gmail, se a Lena não tiver de me chamar nabo e nesse caso telefonem ao Mário. Os outros podem fazer comentários como anónimos e, obviamente, abrir uma conta de gmail que é de graça.
Eu sei que os Taitianos são activos, irreverentes e autênticas forças da Natureza. Eu, por exemplo, sou um autêntico animal selvagem e identifico-me com a Preguiça da Amazónia. Portanto agora não há desculpas para não derramarem o vosso talento, recordações e opiniões. Ponham o blog nos Favoritos e ganhem o hábito de o consultarem diariamente ("já tômou seu Blogui hoje, todo o mundo vaii tomarr"!).
As novas tecnologias permitem-nos deixar a nossa pégada ecológica, social e cultural, para que os nossos tetra-netos possam dizer, com orgulho, "aqueles nossos antepassados eram uns nabos mas uns nabos adoráveis e com piada"!
Vou pôr este texto no blog para servir de Manual de Instruções aos Taitianos que ainda andam pela Diáspora. Procurem-nos!
Francisco Costa Duarte
http://realrepublicataitiana.blogspot.com/
Aí vai a "tecnologia" para escreveres os novos textos de que estamos todos à espera.
1 - Vais ao Blog, por exemplo clicando no endereço abaixo;
2 - Na página inicial, em cima à direita, aparece "Iniciar Sessão". Clicas aí e aparece outra página;
3 - Indicas o endereço do teu e-mail - que é gmail, logo reconhecido - e a respectiva password;
4 - escolhes "Nova Mansagem";
4 - Abrem-se as auto-estradas literárias para escreveres e
5 - clicas em "publicar";
Para escrever comentários a posts de outras pessoas, ou teus em resposta a comentários de outros,
1 - vais ao texto que pretendes;
2 - no fim do texto clicas em "comentários" - onde o computador conta os comentários respectivos já existentes;
3 - escreves, no local respectivo, o comentário;
4 - fazes o teste das letrinhas à direita, para o computador confirmar que não bebeste mais do que dois bagaços no fim da refeição;
5 - Indicas o endereço do teu e-mail - que é gmail, logo reconhecido - e a respectiva password ou escolhes "anónimo"; e
6 - clicas em "publicar";
Se nada disto resultar, chamas-me nabo e telefonas ao Mário, que é ele que percebe disto.
Isto tudo só é verdade para todos os Taitianos que tenham gmail, se a Lena não tiver de me chamar nabo e nesse caso telefonem ao Mário. Os outros podem fazer comentários como anónimos e, obviamente, abrir uma conta de gmail que é de graça.
Eu sei que os Taitianos são activos, irreverentes e autênticas forças da Natureza. Eu, por exemplo, sou um autêntico animal selvagem e identifico-me com a Preguiça da Amazónia. Portanto agora não há desculpas para não derramarem o vosso talento, recordações e opiniões. Ponham o blog nos Favoritos e ganhem o hábito de o consultarem diariamente ("já tômou seu Blogui hoje, todo o mundo vaii tomarr"!).
As novas tecnologias permitem-nos deixar a nossa pégada ecológica, social e cultural, para que os nossos tetra-netos possam dizer, com orgulho, "aqueles nossos antepassados eram uns nabos mas uns nabos adoráveis e com piada"!
Vou pôr este texto no blog para servir de Manual de Instruções aos Taitianos que ainda andam pela Diáspora. Procurem-nos!
Francisco Costa Duarte
http://realrepublicataitiana.blogspot.com/
sexta-feira, 4 de julho de 2008
"Estórias" à Arnaldo
Dando continuidade às “estórias” de taitianos “ilustres” (“ilustres” significa todos os taitianos, sub-grupos de taitianos, Silvas, Abílios, Bispos e Violantes, namorados/as de taitianos, rebentos e afins – segundo as últimas estatísticas de Bruxelas, entre 150 a 250 caramelos), venho hoje com uma “estória” com o Arnaldo.
Como nota introdutória, peço-vos que façam o favor de me travar, com a vossa avisada crítica, nas “estórias” com aquele gajo: é que no pré-alinhamento das minhas memórias – 9 volumes de 500 páginas – este gajo ocupa, pelo menos, 2 volumes e meio e o meu editor já me avisou que, ou ele chega a 1º Ministro – o que eu acho altamente improvável – ou tenho de fazer cortes para não destruir o equilíbrio editorial e de Marketing.
Acontece que num ano já longínquo, eu e família tínhamos uma semana e meia de férias no início de Setembro e resolvemos ir até Vila Nova de Milfontes. O Arnaldo logo se juntou: “porra, só tenho férias na semana seguinte à vossa, mas também me apetece praia”!
Vai daí, arrancámos numa sexta-feira e, em plena noite, em Sines, vemos que o paquete Infante D. Henrique, que então servia de hotel, estava à nossa esquerda em vez de estar à nossa direita! Quem vai para Sul, em Portugal, tem sempre o mar à direita, porra! O que representava que o piloto, o Arnaldo, e o navegador, eu, estavam a andar para Lisboa outra vez. Se o Vasco da Gama fosse tão desorientado, tinha descoberto Cuba e o Fidel de Castro, em vez da Índia. Hoje teríamos descontos nos resorts das Caraíbas, vejam lá os acidentes da História.
Corrigida a situação lá acampámos em Vila Nova de Milfontes e tivemos um excelente dia de praia no Sábado. No dia seguinte, domingo, resolvemos ir até Lagos! 30 km depois de sairmos o piloto Arnaldo, na sua Limusine Renault 4, disse, dramaticamente, que se esquecera dos documentos do carro, da carta, etc. mas que não havia problema, porque se aparecesse a GNR, entregávamos o meu filhote Hugo, então com 3 ou 4 anos, como garantia! Quem não achou piada, com razão, foi o Hugo que, em grande tensão, perguntava, constantemente, se a GNR ía aparecer. Por isso é que estou a ponderar, seriamente, não pagar ao Arnaldo o almoço que lhe devo para pagar ao Hugo os danos morais sofridos.
O Arnaldo voltou para Lisboa – deixando-nos gozar uma calma semana de praia – e voltou no Sábado seguinte para uma bela manhã que era suposto prolongar-se pelos 4 dias seguintes. Mas, pela 11 horas, diz-me, com ar inocente, que tinha de voltar a Lisboa. E lá voltámos, almoçando, de caminho, um bom peixinho em S.Torpes. Às 6 da tarde apanhou o comboio para França, para ir para as vindimas de Bordéus.
Li, depois, que esse ano tinha sido a pior colheita de Bordéus dos últimos anos e ainda hoje penso que houve mãozinha do Arnaldo nisso. Aliás confirmado com o partir de uma garrafa (a garrafa deve ter-se recusado a acompanhar o personagem) na sua mochila que lhe lixou a roupa toda. (Posso garantir a veracidade mas não posso garantir se foi na mesma altura mas depois de Einstein, o tempo e o espaço são relativos e não têm, assim tanta importância para a “estória”).
Moral da “estória”: OS TAITIANOS,
- JUNTAMENTE COM O MANUEL ALEGRE E O SOUSA TAVARES, SÃO OS ULTIMOS REPRESENTANTES DOS HERÓICOS NAVEGADORES PORTUGUESES DE ANTANHO POR AINDA SABEREM ONDE FICA O SUL, O EQUADOR E OS RESORTS DA REPUBLICA DOMINICANA; E
- NÃO POR CONVICÇÃO (DEUS NOS LIVRE) MAS POR SOLIDARIEDADE COM OS RESTANTES PORTUGUESES, AJUDAM, HUMILDE, ORGULHOSAMENTE E CONTRA VONTADE, A BAIXAR AS ESTATÍSTICAS DA UNIÃO EUROPEIA.
Um abraço do
Francisco Costa Duarte
Como nota introdutória, peço-vos que façam o favor de me travar, com a vossa avisada crítica, nas “estórias” com aquele gajo: é que no pré-alinhamento das minhas memórias – 9 volumes de 500 páginas – este gajo ocupa, pelo menos, 2 volumes e meio e o meu editor já me avisou que, ou ele chega a 1º Ministro – o que eu acho altamente improvável – ou tenho de fazer cortes para não destruir o equilíbrio editorial e de Marketing.
Acontece que num ano já longínquo, eu e família tínhamos uma semana e meia de férias no início de Setembro e resolvemos ir até Vila Nova de Milfontes. O Arnaldo logo se juntou: “porra, só tenho férias na semana seguinte à vossa, mas também me apetece praia”!
Vai daí, arrancámos numa sexta-feira e, em plena noite, em Sines, vemos que o paquete Infante D. Henrique, que então servia de hotel, estava à nossa esquerda em vez de estar à nossa direita! Quem vai para Sul, em Portugal, tem sempre o mar à direita, porra! O que representava que o piloto, o Arnaldo, e o navegador, eu, estavam a andar para Lisboa outra vez. Se o Vasco da Gama fosse tão desorientado, tinha descoberto Cuba e o Fidel de Castro, em vez da Índia. Hoje teríamos descontos nos resorts das Caraíbas, vejam lá os acidentes da História.
Corrigida a situação lá acampámos em Vila Nova de Milfontes e tivemos um excelente dia de praia no Sábado. No dia seguinte, domingo, resolvemos ir até Lagos! 30 km depois de sairmos o piloto Arnaldo, na sua Limusine Renault 4, disse, dramaticamente, que se esquecera dos documentos do carro, da carta, etc. mas que não havia problema, porque se aparecesse a GNR, entregávamos o meu filhote Hugo, então com 3 ou 4 anos, como garantia! Quem não achou piada, com razão, foi o Hugo que, em grande tensão, perguntava, constantemente, se a GNR ía aparecer. Por isso é que estou a ponderar, seriamente, não pagar ao Arnaldo o almoço que lhe devo para pagar ao Hugo os danos morais sofridos.
O Arnaldo voltou para Lisboa – deixando-nos gozar uma calma semana de praia – e voltou no Sábado seguinte para uma bela manhã que era suposto prolongar-se pelos 4 dias seguintes. Mas, pela 11 horas, diz-me, com ar inocente, que tinha de voltar a Lisboa. E lá voltámos, almoçando, de caminho, um bom peixinho em S.Torpes. Às 6 da tarde apanhou o comboio para França, para ir para as vindimas de Bordéus.
Li, depois, que esse ano tinha sido a pior colheita de Bordéus dos últimos anos e ainda hoje penso que houve mãozinha do Arnaldo nisso. Aliás confirmado com o partir de uma garrafa (a garrafa deve ter-se recusado a acompanhar o personagem) na sua mochila que lhe lixou a roupa toda. (Posso garantir a veracidade mas não posso garantir se foi na mesma altura mas depois de Einstein, o tempo e o espaço são relativos e não têm, assim tanta importância para a “estória”).
Moral da “estória”: OS TAITIANOS,
- JUNTAMENTE COM O MANUEL ALEGRE E O SOUSA TAVARES, SÃO OS ULTIMOS REPRESENTANTES DOS HERÓICOS NAVEGADORES PORTUGUESES DE ANTANHO POR AINDA SABEREM ONDE FICA O SUL, O EQUADOR E OS RESORTS DA REPUBLICA DOMINICANA; E
- NÃO POR CONVICÇÃO (DEUS NOS LIVRE) MAS POR SOLIDARIEDADE COM OS RESTANTES PORTUGUESES, AJUDAM, HUMILDE, ORGULHOSAMENTE E CONTRA VONTADE, A BAIXAR AS ESTATÍSTICAS DA UNIÃO EUROPEIA.
Um abraço do
Francisco Costa Duarte
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Estórias de taitianos
Por razões várias, não tenho visto o nosso blog da Real Republica Taitiana. E vejo que não é actualizado desde 11 de Junho, quando o Mário (Chico, diz ele! vou cobrar-lhe uma bejeca a título de royalties!). E do que ele se foi lembrar: do Zé Maria, pachachinhas, cozinheira Violante. Entrou directamente na pornografia!
Eu começo de modo mais conservador. É que a pátria da Real Republica Taitiana, digo eu, é a Taiti do Largo do Calvário e não a Língua, como dizem alguns intelectuais que andam por aí. Isso, hoje, tem entendimentos fracturantes. Na nossa Real Republica acho que é cada um por si e vai em frente. Não somos fundamentalistas!
Vou inaugurar uma secção de “estórias” dos Taitianos, com a devida actualização para os tempos actuais. A primeira que me lembro é a seguinte:
Os Taitianos sempre foram um grupo aberto, adepto da descentralização e com um enorme número de sub-grupos ad-hoc. Lembro-me que um desses sub-grupos, para aí em 1968 ou 69, resolveu ir, colectivamente, ver a última novidade dos, então, últimos 40 anos, que era a exibição do filme “Helga”, sobre a maternidade e o parto e para maiores de 21 anos, que a censura não brincava em serviço.
Eu, confesso que estava “à rasca” com os meus 19 anos e vai daí, atrelei à Benilde, bonita, alta e já com idade para aquelas coisas, o meu 1,83 m e passámos sem problemas pelos porteiros por parecermos um casal à espera do 3º filho. O namorado da Benilde, o Zé, com idade para ter juízo mas meia-leca, ciumento e já lixado comigo por lhe ter roubado a namorada, ainda teve de sofrer a humilhação de justificar com o B.I. que tinha idade para aquelas coisas.
O mais engraçado é que a Lena, que também já tinha idade para aquilo e muito mais, gozou que nem uma preta (é força de expressão porque da Lena não posso dizer que gozou como uma loira) com o porteiro: mostrando muito embaraço e demorando meia-hora a descobrir onde tinha o B.I. na mala! Só não foi presa pela PIDE porque até os fascistas compreendiam que uma jovem mulher tem uma mala mais difícil de explorar que a Pirâmide de Keops!
Claro que o filme “Helga” era uma chachada para meninos do 9º ano na Alemanha e para nós, alguns dos quais já formados no Curso Superior de Pornografia em Super8, já não estava ajustado nem para os Visigodos!
Moral da “estória”: JÁ NESSE TEMPO ESTE PAÍS NÃO ESTAVA À ALTURA DOS TAITIANOS!
Entretanto tudo evoluiu e se virmos hoje, há algumas actualizações a fazer: se tivermos mais do que 17 anos e meio (acho que todos temos) é bom estarmos preparados para justificar que:
- já não somos virgens;
- estamos informados sobre a protecção contra doenças venéreas na moda, com declaração do médico de família (em caso de necessidade temos o Vino);
- aguentamos, pelo menos, 3 “shots” e 4 superbocks; donde se conclui que
ESTE PAÍS CONTINUA A NÃO ESTAR À ALTURA DOS TAITIANOS!
Francisco Costa Duarte
Eu começo de modo mais conservador. É que a pátria da Real Republica Taitiana, digo eu, é a Taiti do Largo do Calvário e não a Língua, como dizem alguns intelectuais que andam por aí. Isso, hoje, tem entendimentos fracturantes. Na nossa Real Republica acho que é cada um por si e vai em frente. Não somos fundamentalistas!
Vou inaugurar uma secção de “estórias” dos Taitianos, com a devida actualização para os tempos actuais. A primeira que me lembro é a seguinte:
Os Taitianos sempre foram um grupo aberto, adepto da descentralização e com um enorme número de sub-grupos ad-hoc. Lembro-me que um desses sub-grupos, para aí em 1968 ou 69, resolveu ir, colectivamente, ver a última novidade dos, então, últimos 40 anos, que era a exibição do filme “Helga”, sobre a maternidade e o parto e para maiores de 21 anos, que a censura não brincava em serviço.
Eu, confesso que estava “à rasca” com os meus 19 anos e vai daí, atrelei à Benilde, bonita, alta e já com idade para aquelas coisas, o meu 1,83 m e passámos sem problemas pelos porteiros por parecermos um casal à espera do 3º filho. O namorado da Benilde, o Zé, com idade para ter juízo mas meia-leca, ciumento e já lixado comigo por lhe ter roubado a namorada, ainda teve de sofrer a humilhação de justificar com o B.I. que tinha idade para aquelas coisas.
O mais engraçado é que a Lena, que também já tinha idade para aquilo e muito mais, gozou que nem uma preta (é força de expressão porque da Lena não posso dizer que gozou como uma loira) com o porteiro: mostrando muito embaraço e demorando meia-hora a descobrir onde tinha o B.I. na mala! Só não foi presa pela PIDE porque até os fascistas compreendiam que uma jovem mulher tem uma mala mais difícil de explorar que a Pirâmide de Keops!
Claro que o filme “Helga” era uma chachada para meninos do 9º ano na Alemanha e para nós, alguns dos quais já formados no Curso Superior de Pornografia em Super8, já não estava ajustado nem para os Visigodos!
Moral da “estória”: JÁ NESSE TEMPO ESTE PAÍS NÃO ESTAVA À ALTURA DOS TAITIANOS!
Entretanto tudo evoluiu e se virmos hoje, há algumas actualizações a fazer: se tivermos mais do que 17 anos e meio (acho que todos temos) é bom estarmos preparados para justificar que:
- já não somos virgens;
- estamos informados sobre a protecção contra doenças venéreas na moda, com declaração do médico de família (em caso de necessidade temos o Vino);
- aguentamos, pelo menos, 3 “shots” e 4 superbocks; donde se conclui que
ESTE PAÍS CONTINUA A NÃO ESTAR À ALTURA DOS TAITIANOS!
Francisco Costa Duarte
quarta-feira, 11 de junho de 2008
A minha primeira contribuição (baratinha)
Pois meus caros amigos!
Vamos então iniciar o nosso contacto regular neste nosso espaço com uma ideia que me parece engraçada.
Lembram-se da "quelónia" de férias de Fontanelas? Das várias histórias que lá vivemos? Das banhocas na piscina de mar das Azenhas? E dos mergulhos da prancha da piscina pequena?
Lembram-se do "faquinhas"? E do Zé Maria das "Pachachinhas"? e da cozinheira Violante?
Quem é que tem fotografias?
Façam um esforço de memória e recuperem algumas histórias, vale?
Um abraço a todos e até breve.
Para os que ficarem a pensar porque é que esta colaboração foi publicada por "chico" explico: Era a minha alcunha no mundos dos "andebóis" do Belém!
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Primeiro Post
Aqui vai o primeiro post do nosso blog. Convem dar a conhecer aos nossos leitores o que pretendemos. Escolhi a forma, muito em voga, do FAQ (perguntas mais frequentes).
1 – Se são um grupo de cotas barrigudos vão escrever sobre a vossa saudade de outros tempos?
Não. A nossa juventude foi passada nos tempos da outra senhora e não temos saudades. Por favor poupem-nos!
2 – Então vão comentar a realidade política e social como toda a gente faz?
Não. O nosso grupo é aberto, sem discriminações políticas, sociais, religiosas ou rácicas. Não criticaremos as figuras importantes da nossa praça, excepto e só, os que mereçam “levar na cabeça”. E são tantos, que nem sabemos se temos tempo, engenho e arte!
3 – Real e republica parece contraditório. Porquê?
Porque não somos sectários. Em princípio, como diria o Solnado, não gostamos de nos deitar na marquesa porque somos republicanos. Mas se o rei da Noruega nos der exílio político e as mesmas benesses de um cidadão norueguês, aceitaremos a monarquia sem problemas.
Somos, em princípio, republicanos porque nos perguntam opinião sobre quem deve ser o chefe de estado. E nunca criticaremos quem votámos antes da sua tomada de posse.
4 – Taitiana porquê?
Creio que nenhum de nós alguma vez esteve no Taiti polinésio, excepto, talvez o Arnaldo, que é como o Mário Soares: Deus está em toda a parte, o Arnaldo e o Mário Soares já lá estiveram!
Mas estivemos todos, muito tempo, na Taiti do Largo do Calvário, em Lisboa e gostámos.
5 – Quais são os vossos projectos a curto prazo?
Não fazemos promessas eleitorais. Continuaremos a pensar pelas nossas cabeças, individual e colectivamente e, uma vez por mês, ajudaremos os pensamentos com uns peixinhos da horta, umas imperiais e qualquer coisinha por cima.
6 – Quais são os vossos projectos a longo prazo?
Logo que a um de nós saia o Euromilhões compraremos a Taiti para a tornar útil à sociedade: discussões livres, agora sem “pides” por perto, poremos o Silva a chamar o Sebastião José de Carvalho e Melo e recuperaremos as habilidades do Abílio a partir garrafas, tudo actividades cívicas de combate à depressão colectiva dos portugueses. E:
Formaremos governo, que é um projecto nosso antigo, hoje com mais viabilidade por termos constatado, ao longo dos últimos 35 anos, que dificilmente teríamos feito pior que os governos que andaram por aí.
Francisco Costa Duarte
1 – Se são um grupo de cotas barrigudos vão escrever sobre a vossa saudade de outros tempos?
Não. A nossa juventude foi passada nos tempos da outra senhora e não temos saudades. Por favor poupem-nos!
2 – Então vão comentar a realidade política e social como toda a gente faz?
Não. O nosso grupo é aberto, sem discriminações políticas, sociais, religiosas ou rácicas. Não criticaremos as figuras importantes da nossa praça, excepto e só, os que mereçam “levar na cabeça”. E são tantos, que nem sabemos se temos tempo, engenho e arte!
3 – Real e republica parece contraditório. Porquê?
Porque não somos sectários. Em princípio, como diria o Solnado, não gostamos de nos deitar na marquesa porque somos republicanos. Mas se o rei da Noruega nos der exílio político e as mesmas benesses de um cidadão norueguês, aceitaremos a monarquia sem problemas.
Somos, em princípio, republicanos porque nos perguntam opinião sobre quem deve ser o chefe de estado. E nunca criticaremos quem votámos antes da sua tomada de posse.
4 – Taitiana porquê?
Creio que nenhum de nós alguma vez esteve no Taiti polinésio, excepto, talvez o Arnaldo, que é como o Mário Soares: Deus está em toda a parte, o Arnaldo e o Mário Soares já lá estiveram!
Mas estivemos todos, muito tempo, na Taiti do Largo do Calvário, em Lisboa e gostámos.
5 – Quais são os vossos projectos a curto prazo?
Não fazemos promessas eleitorais. Continuaremos a pensar pelas nossas cabeças, individual e colectivamente e, uma vez por mês, ajudaremos os pensamentos com uns peixinhos da horta, umas imperiais e qualquer coisinha por cima.
6 – Quais são os vossos projectos a longo prazo?
Logo que a um de nós saia o Euromilhões compraremos a Taiti para a tornar útil à sociedade: discussões livres, agora sem “pides” por perto, poremos o Silva a chamar o Sebastião José de Carvalho e Melo e recuperaremos as habilidades do Abílio a partir garrafas, tudo actividades cívicas de combate à depressão colectiva dos portugueses. E:
Formaremos governo, que é um projecto nosso antigo, hoje com mais viabilidade por termos constatado, ao longo dos últimos 35 anos, que dificilmente teríamos feito pior que os governos que andaram por aí.
Francisco Costa Duarte
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